quinta-feira, 18 de março de 2021

OS 7 SELOS DO APOCALIPSE

 No capítulo 5 do Apocalipse, João descreve a cena em que Jesus toma o livro selado da mão de Deus sob uma aclamação nunca antes vista no Universo. Neste, vamos vê-Lo abrir os selos, um por um. O capítulo 6 trata dos seis primeiros selos, o sétimo será explorado no capítulo 8 de Apocalipse. Ao invés de palavras ditadas por Jesus, João agora visualiza cenas. Assim, como em outros capítulos, a simbologia é bastante utilizada. É importante citar que a sequência profética e simbólica dos sete selos se relaciona com o mesmo terreno coberto pela profecia das sete igrejas, mas dando ênfase a outros eventos.

 

As profecias do Apocalipse não são sucessivas, mas repetitivas; isto é, elas são reafirmadas cobrindo os mesmos períodos de tempo. Os sete selos, por exemplo, e as sete trombetas cobrem o mesmo período das sete igrejas. O princípio de interpretação profética destacado pelo próprio Senhor Jesus é que somente quando a profecia encontra o seu cumprimento é que pode ser plenamente compreendida. Três vezes Jesus disse isso no cenáculo: “Eis que vos tenho dito antes que aconteça, para que quando acontecer possais crer” (JOÃO 14:29, 13:19 e 16:4).

 

O propósito do cumprimento das profecias é fortalecer nossa fé.

 

Os quatro cavalos e suas diferentes cores – conforme descrito nos quatro primeiros selos – representam as quatro primeiras fases da igreja cristã (Éfeso, Esmirna, Pérgamo e Tiatira).

 

Os quatros cavaleiros do Apocalipse

 

O primeiro selo

 

Apocalipse 6:1: “Vi quando o Cordeiro abriu um dos sete selos, e ouvi um dos quatro seres viventes dizer, como se fosse voz de trovão: Vem!”

 

Apocalipse 6:2: “Olhei, e vi um cavalo branco. O seu cavaleiro tinha um arco, e foi-lhe dada uma coroa, e ele saiu vencendo, e para vencer.”

 

O cavalo branco simboliza pureza e vitória. Cristo é o cavaleiro.

 

Nos dias em que o Apocalipse foi escrito, o cavalo era o meio mais rápido de comunicação (como o e-mail, hoje). Além disso, a cavalaria era a principal arma de guerra. Cavalo, portanto, é símbolo do poder e da rapidez necessários à pregação do evangelho; tarefa incumbida ao povo de Deus. A cor branca era símbolo de vitória sobre o inimigo. A mesma figura é aplicada na profecia que menciona a segunda vinda triunfal de Cristo, que o apresenta vindo à Terra vestido de branco e cavalgando um cavalo branco.

 

O cavalo de cor branca é uma alusão aos triunfos da igreja apostólica, no período de 34 a 100 d.C. A igreja cristã era pura na doutrina porque foi conduzida diretamente por Cristo. O arco que o cavaleiro trazia, nos dias antigos, era uma arma de ataque; um poderoso instrumento de guerra. A grande munição dos exércitos daquele tempo eram as flechas.

 

Ao sair para a batalha, o cavaleiro recebe uma coroa. Enquanto os vencedores deste mundo recebem a coroa somente após a vitória, Cristo, o cavaleiro do primeiro selo, recebe a coroa antecipadamente, como evidência segura de Sua vitória.

 

O segundo selo

 

Apocalipse 6:3: “Quando o Cordeiro abriu o segundo selo, ouvi o segundo ser vivente dizer: Vem!”

 

Apocalipse 6:4: “Então saiu outro cavalo, vermelho. Ao seu cavaleiro foi dado tirar a paz da terra para que os homens se matassem uns aos outros. Também lhe foi dada uma grande espada. ”

 

O cavalo vermelho simboliza sangue, corrupção e pecado. O cavaleiro representa o Império Romano pagão.

 

O segundo selo apresenta a igreja em estado de corrupção. A cor vermelha, em se tratando de vida espiritual, simboliza o pecado. “Ainda que os vossos pecados sejam vermelhos como o carmesim…” (Isaias 1:18). A igreja incorporou doutrinas pagãs e abandonou a pureza da verdade. Este período do segundo selo, de corrupção dos princípios básicos da igreja, estendeu-se do ano 100 ao ano 313 d.C. Milhões morreram quando o Império Romano tentou varrer o cristianismo da face da terra. A perseguição contra cristãos foi seguida de muitas mortes, porém, por causa do sangue de muitos mártires, o cristianismo crescia a cada dia.

 

Os cristãos primitivos não tinham liberdade como nós hoje de ir às igrejas prestar culto a Deus. Ser cristão era um crime punido com a morte. Conta-se que no Concílio de Nicéia, em 325 d.C., quase todas as pessoas presentes apresentavam algum tipo de mutilação, resultado da perseguição. O tempo do cavalo vermelho foi o tempo em que os pagãos perseguiram os cristãos.

 

O terceiro selo

 

Apocalipse 6:5: “Quando o Cordeiro abriu o terceiro selo, ouvi o terceiro ser vivente dizer: Vem! Olhei, e vi um cavalo preto. O seu cavaleiro tinha uma balança na mão. ”

 

Apocalipse 6:6: “E ouvi uma como que voz no meio dos quatro seres viventes, que dizia: Uma medida de trigo por um denário, e três medidas de cevada por um denário, e não danifiques o azeite e o vinho.”

 

O cavalo preto simboliza luto e trevas espirituais. O cavaleiro representa a figura do Imperador Romano.

 

O cristianismo já não era mais ilícito, mas popular. As pessoas eram incentivadas a tornarem-se cristãs. Mas o cristianismo já não era mais puro. Não era mais branco. Era tão corrupto que foi representado por um cavalo preto. As doutrinas pagãs tomaram o lugar das doutrinas verdadeiras e puras da igreja primitiva.

 

Foi durante esse período que a igreja começou a dominar o Estado ou o governo (313 a 538 d.C.). A partir daí não eram mais os pagãos que perseguiam os cristãos. Eram os cristãos que passaram a perseguir os pagãos. A balança é o símbolo da justiça. A utilização desse símbolo demonstra que a Igreja e o Estado estariam unidos para exercer a autoridade judicial. Isso foi verdade entre os imperadores romanos desde Constantino até Justiniano, quando ele entregou a mesma autoridade judicial ao bispo de Roma.

 

Nesta visão, João viu uma balança na mão do cavaleiro. “Uma medida de trigo por um denário; e três medidas de cevada por um denário.” Deus havia ordenado que o pão da vida devia ser de graça. Mas agora estava sendo vendido. A religião tornou-se um negócio.

 

O trigo representa a pura verdade do evangelho de Cristo, enquanto a cevada que não é tão pura assim, as tradições e erros que penetraram na igreja. Em razão de sua escassez, o trigo era vendido por valor maior do que a cevada. Três medidas de cevada eram vendidas pelo mesmo preço de uma medida de trigo. E até hoje esse estado de coisas perdura no chamado cristianismo nominal. Aquele que apresenta ao mundo, evidentemente, mais “cevada” do que “trigo”, ou seja, mais erros tradicionais do que verdades fundamentais.

 

Nas Escrituras Sagradas o azeite é símbolo do Espírito Santo, enquanto o vinho representa o sangue de Cristo. A ordem “Não danifiques o azeite e o vinho” reclama que não se pode invocar o nome de Cristo e do Espírito Santo quando se prega o erro e a “tradição dos homens” em lugar da verdade de Deus.

 

O quarto selo

 

Apocalipse 6:7: “Quando o Cordeiro abriu o quarto selo, ouvi a voz do quarto ser vivente, que dizia: Vem!”

 

Apocalipse 6:8: “Olhei, e vi um cavalo amarelo. O seu cavaleiro chamava-se Morte, e o Inferno o seguia. Foi-lhes dado poder sobre a quarta parte da terra para matar com a espada, com a fome, com a peste e com as feras da terra.”

O cavalo amarelo simboliza a morte. O cavaleiro é representado pelo Papado.

 

Na verdade, a palavra grega que designa a cor deste cavalo é chloros, que é um esverdeado pálido. A cor da morte. Foi durante os 1.260 anos da perseguição que os templos pagãos viraram igrejas cristãs. Mas o povo verdadeiro de Deus teve que fugir para as montanhas a fim de adorar o seu Deus.

 

Não eram mais pagãos perseguindo cristãos. Não eram mais cristãos perseguindo pagãos. Agora eram cristãos perseguindo e matando outros cristãos. A Roma cristã não crucificava pessoas como a Roma pagã fazia. A Roma cristã as queimava vivas. A Roma pagã torturava criminosos por roubarem, mas a Roma cristã torturava cristãos por lerem a Bíblia.

 

No período do quarto selo, que foi de 538 a 1517 d.C., foi dado ao cavaleiro que monta o cavalo amarelo ou tem as rédeas da igreja em suas mãos o nome de “Morte”. É uma prova real da carnificina que foi a Inquisição. O papado efetuou grande chacina e levou multidões à sepultura. Inferno, ou “hades”, designa o lugar dos mortos ou sepultura.

O quinto selo

 

Apocalipse 6:9: “Quando ele abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que deram.”

 

Apocalipse 6:10: “E clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó verdadeiro e santo Soberano, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?”

 

Apocalipse 6:11: “E foram dadas a cada um deles compridas vestes brancas, e foi-lhes dito que repousassem ainda por pouco tempo, até que se completasse o número dos seus conservos e seus irmãos, que haviam de ser mortos, como também eles foram.”

 

O quinto selo é uma sucessão do quarto e estende-se do período que vai do ano 1517 a 1755. No quarto selo vimos os terríveis extermínios do papado contra o povo de Deus. O quinto selo nos mostra o quadro das testemunhas de Deus e de Seus filhos mortos pela espada papal.

 

Para entender o que significam as almas debaixo do altar é preciso considerar quatro questões:

 

1. O que significa o termo “alma”?

 

A palavra “alma”, do nosso texto, vem do grego psyche e é mencionada 103 vezes no Novo Testamento. Psyche é traduzido em inúmeras passagens por “pessoa”. Por exemplo, referindo-se aos convertidos no Pentecostes, é dito que “naquele dia agregaram-se quase três mil almas” [psyche] (At 2:41). Fica claro que João teve a visão das próprias pessoas dos mártires das perseguições papais do quarto selo, e não supostas almas desencarnadas.

 

2. Existe algum altar de sacrifícios no Céu?

 

Por outro lado, no Céu não existe um altar para sacrifícios. Por isso, a declaração de João de que viu “debaixo do altar as almas dos que foram mortos” no período da perseguição papal deve ser entendida como uma afirmativa de que eles estão debaixo da terra, ou em seus sepulcros.

 

3. Pode haver espírito de vingança no Céu?

 

Não podemos imaginar que o espírito de vingança pudesse dominar de tal maneira as mentes das almas no Céu a ponto de fazer com que, a despeito da alegria e da glória do Céu, elas não ficassem satisfeitas enquanto não vissem a vingança praticada contra os seus inimigos. Há lugar para ódio no coração dos habitantes do Céu? Não, nunca. Jamais.

 

 

4. Por que essas almas estariam clamando por vingança?

 

Se a ideia popular que coloca essas almas no Céu fosse verdade, seus perseguidores estariam queimando num suposto inferno. Por que essas almas estariam clamando por vingança? Que vingança maior poderiam querer? O sangue clama por vingança é a mesma expressão usada no livro de Gênesis. O sangue de Abel clama por vingança (Genesis 4:9, 10).

 

O clamor figurado dos milhões e milhões de mártires do quarto selo longe está de afirmar que eles estejam no Céu. É apenas um alerta de que Deus punirá, no tempo certo, os Seus inimigos. O que João viu – numa visão simbólica – foi o clamor de justiça que será satisfeito no devido tempo. “A voz do sangue do teu irmão clama a Mim desde a Terra” (Genesis 4:10). E, por acaso, sangue tem voz? É evidente que se trata de uma linguagem figurada.

 

As vestes brancas comprovam o caráter daqueles que foram covardemente martirizados, não porque fossem criminosos, mas “por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que deram”. A frase “repouso por pouco tempo” é outra evidência de que não poderiam estar no Céu, mas em seus sepulcros onde deveriam permanecer mais um pouco.

 

O sexto selo

 

Apocalipse 6:12: “Olhei enquanto ele abria o sexto selo. Houve um grande terremoto. O sol tornou-se negro como saco de cilício, e a lua tornou-se como sangue.”

 

Apocalipse 6:13: “As estrelas do céu caíram sobre a terra, como quando a figueira, sacudida por um vento forte, deixa cair os seus figos verdes.”

 

Apocalipse 6:14: “O céu recolheu-se como um pergaminho quando se enrola, e todos os montes e ilhas foram removidos dos seus lugares.”

 

Apocalipse 6:15: “Os reis da terra, os grandes, os chefes militares, os ricos, os poderosos e todo escravo e todo livre se esconderam nas cavernas e nos penhascos dos montes,”

 

Apocalipse 6:16: “e diziam aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós, e escondei-nos do rosto daquele que está assentado sobre o trono, e da ira do Cordeiro!”

 

Apocalipse 6:17: “Pois é vindo o grande dia da ira deles, e quem poderá subsistir?”

 

João visualiza a abertura do sexto selo, onde estão descritos os sinais da iminente volta de Jesus. A linguagem que antes era simbólica passa a ser literal. Os escritores do Antigo Testamento, e o próprio Cristo, falaram muitas vezes de grandes sinais no universo físico, no Sol, na Lua, nas estrelas e na Terra. Esses sinais seriam indicações especiais da volta de nosso Senhor.

 

No século 18, em 1º de novembro de 1755, na cidade de Lisboa, Portugal, ocorreu o maior terremoto de toda história. A maior parte da cidade foi destruída em apenas seis minutos. O sismo abalou outras cidades da Europa e da África.

 

O dia escuro ocorreu no dia 19 de maio de 1780, principalmente na cidade de Connecticut.

 

Na noite seguinte ao dia escuro, a Lua se mostrou vermelha como sangue.

 

Na noite de 12 de novembro de 1833, uma tempestade de estrelas cadentes irrompeu sobre a Terra. A América do Norte recebeu o maior impacto desse chuveiro de estrelas.

 

De acordo com a profecia descrita em Apocalipse 6, estamos vivendo entre os versos 13 e 14. Os eventos do verso 13 já ocorreram. Os próximos acontecimentos no programa de Deus estão descritos no verso 14. O Céu se retira como um rolo. Cada montanha e ilha serão removidas.

 

João descreve que haverá um tempo em que as pessoas irão correr e se esconder da ira de Deus. Numa grande reunião irão desejar que montes e vales caiam sobre eles, pois não conseguirão encarar a face do Senhor. Essas pessoas são todos aqueles que, infelizmente, não dedicaram a vida a Deus. Não reconheceram Jesus como Salvador, Senhor e Advogado e recusaram todas as ofertas de salvação. Mas ainda há tempo! É preciso tomar uma decisão – a escolha deve ser imediata.

 

(Texto da jornalista Graciela Érika Rodrigues, inspirado na palestra do advogado Mauro Braga)

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O SABADO AINDA ESTÁ EM VIGOR HOJE?

 O SÁBADO – CRENÇA 20 NISTO CREMOS

O gracioso Criador, após os seis dias da criação, descansou no sétimo dia e instituiu o sábado para todas as pessoas como memorial da criação. O quarto mandamento da imutável lei de Deus requer a observância deste sábado do sétimo dia como dia de descanso, adoração e ministério, em harmonia com o ensino e prática de Jesus, o Senhor do sábado.

O sábado é um dia de deleitosa comunhão com Deus e uns com os outros. É um símbolo de nossa redenção em Cristo, um sinal de nossa santificação, uma prova de nossa lealdade e um antegozo de nosso futuro eterno no reino de Deus.

O sábado é o sinal perpétuo do eterno concerto de Deus com seu povo. A prazerosa observância deste tempo sagrado de uma tarde a outra tarde, do pôr do sol ao pôr do sol, é uma celebração dos atos criadores e redentores de Deus. Junto com Deus, Adão e Eva exploraram seu lar no paraíso. O cenário era empolgante, além de qualquer descrição. À medida que o Sol declinava lentamente na sexta-feira, e as estrelas começavam a aparecer, “viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom” (Gênesis 1:31). Assim Deus concluiu a sua criação dos “céus e a Terra, e todo o seu exército” (Gênesis 2:1).

Contudo, por mais belo que fosse o mundo recém-concluído, o maior dom que o Criador poderia conceder ao jovem par era o privilégio de manter relacionamento pessoal com Ele. Assim Ele lhes concedeu o sábado, dia de bênçãos, companheirismo e comunhão especiais com o Criador.

O Sábado ao longo da Bíblia

O sábado ocupa lugar central em nossa adoração a Deus. Sendo o memorial da criação, revela as razões pelas quais Deus deve ser adorado: Ele é o Criador, e nós suas criaturas. “O sábado, portanto, representa a própria base da adoração divina, pois ensina essa grande verdade do modo mais impressionante, como nenhuma outra instituição o faz. A verdadeira base de toda adoração a Deus, não apenas aquela praticada no sétimo dia, senão toda a adoração, encontra-se na distinção entre o Criador e suas criaturas. Esse grandioso fato jamais se poderá tornar obsoleto, nem deve jamais ser esquecido”.

Foi para conservar essa verdade para sempre diante da raça humana que Deus instituiu o sábado. O sábado na criação. O sábado teve sua origem em um mundo sem pecado. É um dom especial de Deus, que habilita a raça humana a experimentar aqui na Terra a realidade do Céu. Três atos divinos distintos estabeleceram o sábado:

1º Ato: Deus descansou no sábado. No sétimo dia, Deus “descansou, e tomou alento” (Êxodo 31:17), embora não houvesse repousado face à necessidade de fazê-lo (Isaías 40:28). O verbo descansar, shabbath, significa literalmente “cessar os labores ou atividades” (Gênesis 8:22). “O descanso de Deus não foi resultado nem de exaustão nem de fadiga, mas uma cessação de sua ocupação prévia”.

2ºAto: Deus descansou porque era sua intenção que o homem descansasse; Ele deixou um exemplo que deveria ser observado pelos seres humanos (Êxodo 20:11). Se Deus finalizou sua obra no sexto dia (Gênesis 2:1), o que querem dizer as Escrituras ao afirmar que Ele “findou a sua obra” no sétimo dia (Gênesis 2:2)? Ele havia terminado a criação dos céus e da Terra nos seis primeiros dias, mas ainda tinha de criar o sábado. Foi ao descansar durante esse dia que Deus o estabeleceu. O sábado representou o toque final de sua obra criadora.

3º Ato: Deus abençoou o sábado. Deus não apenas fez o sábado, como também o abençoou. “A bênção sobre o sétimo dia subentendia que, dessa forma, ele era declarado como objeto especial do favor divino e um dia que traria bênçãos a suas criaturas”.

4º Ato: Deus santificou o sábado. Santificar significa tornar algo sagrado ou santo, separado como algo santo e destinado a uso sagrado; consagrado. Pessoas, lugares (tais como um santuário, templo ou igreja) e tempo (dias santos) podem ser santificados. O fato de que Deus santificou o sétimo dia significa que esse dia é santo, que Ele o separou para o amorável propósito de enriquecer o relacionamento divino-humano. Deus abençoou e santificou o sétimo dia pelo fato de haver nesse dia cessado todas as suas obras. Ele o abençoou e santificou para a humanidade, não para si próprio. É a sua presença pessoal que traz bênção e santificação ao sábado.

O sábado no Sinai.

Os eventos que se seguiram à saída dos israelitas do Egito, mostram que eles haviam, em grande medida, perdido de vista o sábado. As rigorosas exigências da escravidão devem ter tornado muito difícil a observância do sábado. Pouco tempo depois que adquiriram a liberdade, Deus lhes fez recordar incisivamente, por meio do milagre do maná e da proclamação dos dez mandamentos, sua obrigação quanto à observância do sábado do sétimo dia.

O sábado e o maná. Um mês antes de proclamar sua lei no Sinai, Deus prometeu ao povo proteção contra as enfermidades, se dedicassem atenção diligente “aos seus mandamentos, e [...] os seus estatutos” (Êxodo 15:26; Gênesis 26:5). Logo depois de fazer essa promessa, Deus relembrou aos israelitas a santidade do sábado. Por meio do milagre do maná, lhes ensinou em termos concretos quão importante era a sua vista o descanso no sétimo dia.  

Durante todos os dias da semana, Deus enviava aos israelitas uma quantidade de maná suficiente para atender às necessidades cotidianas. Não deveriam tentar armazenar nenhuma quantidade do produto para o dia seguinte, pois estragaria se o fizessem (Êxodo 16:4, 16-19). No sexto dia, porém, deveriam eles colher em dobro, de modo que houvesse o suficiente para atender as suas necessidades naquele dia e no seguinte, o sábado. Ensinando assim que o sexto dia era um dia de preparação, e também sobre a forma de observar o sábado, Deus disse: “Amanhã é repouso, o santo sábado do SENHOR; o que quiserdes cozer no forno, cozei-o, e o que quiserdes cozer em água cozei-o em água; e tudo o que sobrar separai, guardando para a manhã seguinte” (Êxodo 16:23).

Somente para o sétimo dia poderia o maná ser guardado sem se deteriorar (Êxodo 16:24). Em linguagem similar àquela do quarto mandamento, Moisés disse: “Seis dias o colherás, mas o sétimo dia é o sábado; nele, não haverá” (Êxodo 16:26). Durante quarenta anos, ou mais de dois mil sábados consecutivos em que os israelitas estiveram no deserto, o milagre do maná os fez recordar esse esquema de seis dias de trabalho e um de descanso.

O sábado e a lei. Deus posicionou o mandamento do sábado no centro do decálogo. Eis o texto do mandamento: “Lembra-te do dia de sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR, teu Deus; não farás nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o forasteiro das tuas portas para dentro; porque, em seis dias, fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e, ao sétimo dia descansou; por isso, o SENHOR abençoou o dia de sábado e o santificou” (Êxodo 20:8-11).

Todos os mandamentos do decálogo são vitais, e nenhum deles deve ser negligenciado (Tiago 2:10), mas ainda assim Deus distinguiu o mandamento do sábado dentre todos os demais. Com relação a ele, Deus ordenou: “Lembra-te”, alertando a humanidade para o perigo de se perder de vista a sua importância. As palavras com as quais o mandamento começa – “Lembra-te do dia de sábado para o santificar” – mostram que o sábado não foi instituído pela primeira vez no Sinai. Essas palavras indicam que ele fora estabelecido antes, efetivamente, o foi na criação, conforme o próprio mandamento revela. Deus tencionava que observássemos o sábado como o seu memorial da criação.

O mandamento define o tempo de repouso e adoração, dirigindo-nos à contemplação de Deus e de suas obras. Como memorial da criação, a observância do sábado representa um antídoto contra a idolatria. Ao lembrar-nos que Deus criou os céus e a terra, transparece claramente a distinção entre Deus e todos os falsos deuses. A guarda do sábado torna-se, pois, um sinal de nossa fidelidade ao verdadeiro Criador – um sinal de que reconhecemos sua soberania como criador e rei.

O mandamento do sábado funciona como o selo da lei de Deus. Em geral, o selo contém estes três elementos: o nome do dono do selo, seu título e a jurisdição de seus domínios. Selos oficiais são utilizados para validar documentos de grande importância. O documento assume a autoridade do oficial a quem pertence o selo utilizado. O selo implica que o próprio oficial aprovou a legislação e que toda a autoridade de seu cargo se encontra por detrás do documento.

Entre os dez mandamentos, é o mandamento do sábado que contém os elementos vitais do selo. É o único dentre os dez que identifica o Deus verdadeiro ao declarar o seu nome: “o SENHOR, teu Deus”; o Seu título: “Aquele que fez, o Criador”; e seu território: “os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há” (Êxodo 20:10, 11).

Uma vez que apenas o quarto mandamento mostra sob a autoridade de quem foram concedidos os dez mandamentos, é esse mandamento aquele que contém o “selo final de Deus”, colocado sobre a sua lei como evidência de sua autenticidade e vigência da mesma.

Efetivamente, Deus fez do sábado “uma lembrança ou sinal de seu poder e autoridade em um mundo não poluído pelo pecado e pela rebelião. Deveria constituir uma instituição de perpétua obrigação pessoal, imposta pela admoestação: Lembra-te do dia de sábado para o santificar (Êxodo 20:8)”.

Esse mandamento divide a semana em duas partes. Deus concedeu à humanidade seis dias para “trabalhar e fazer toda a tua obra”, mas o sétimo dia deveria ser mantido livre de “qualquer trabalho” (Êxodo 20:9, 10). “Seis dias”, diz o mandamento, “são dias de trabalho, mas o sétimo dia é dia de descanso. O fato de o sétimo dia ser unicamente o dia de descanso de Deus está evidente nas palavras introdutórias do mandamento: Lembra-te do dia de sábado [descanso], para o santificar”

Embora os seres humanos requeiram descanso físico para restaurar o corpo, Deus baseia sua exigência de que descansemos durante o sábado, em seu próprio exemplo. Assim como Ele descansou de suas atividades executadas na primeira semana deste mundo, assim devemos nós repousar.

O sábado e o concerto. Assim como a lei de Deus ocupava posição central no concerto (Êxodo 34:27), assim o sábado, posicionado no próprio coração da lei, ocupa lugar proeminente em seu concerto. Deus declarou que o sábado seria um “sinal entre mim e eles, para que soubessem que Eu sou o SENHOR que os santifica” (Ezequiel 20:12; Ezequiel 20:20; Êxodo 31:17). Portanto, disse Ele, a guarda do sábado é um “concerto perpétuo” (Êx 31:16). “Da mesma forma como o concerto está baseado no amor de Deus por seu povo (Deuteronômio 7:7, 8), assim o sábado, como sinal do concerto, representa um símbolo do amor divino.”

Os sábados anuais. Em adição aos sábados semanais (Levíticos 23:3), existiam sete sábados anuais, cerimoniais, distribuídos ao longo do calendário religioso israelita. Esses sábados da antiguidade não se achavam diretamente vinculados ao sábado do sétimo dia ou ao ciclo semanal. Tais sábados, “além dos sábados do SENHOR” (Levíticos 23:38), eram o primeiro e o último dia da Festa dos Pães Asmos, o Dia de Pentecostes, a Festa das Trombetas, o Dia da Expiação, e o primeiro e último dia da Festa dos Tabernáculos (Levíticos 23:7, 8, 21, 24, 25, 27, 28, 35, 36).

Pelo fato de a contagem desses sábados depender do início do ano religioso, que por sua vez se baseava no calendário lunar, eles podiam corresponder a qualquer dia da semana. Quando coincidiam com o sábado semanal, eram chamados de “grandes dias” (João 19:31). “Ao passo que o sábado semanal fora instituído no final da semana da criação para toda a humanidade, os sábados anuais constituíam parte integral do sistema judaico de ritos e cerimônias, instituído no monte Sinai [...] os quais apontavam para a futura vinda do Messias, e cuja observância terminou com a sua morte na cruz”.

O sábado e Cristo. As Escrituras revelam que, tão verdadeiramente quanto o Pai, Cristo foi o Criador (1º Coríntios 8:6; Hebreus 1:1, 2; João 1:3). Assim, foi Ele quem separou o sétimo dia para o descanso da humanidade. Jesus associou o sábado com sua obra redentora, assim como o fizera com sua obra criadora. Na qualidade de grande EU SOU (João 8:58; Êxodo 3:14), Ele incorporou o sábado ao decálogo para enfatizar a lembrança do encontro semanal de adoração com o Criador. E Ele acrescentou outra razão para a observância do sábado: a redenção de seu povo (Deuteronômio 5:14, 15).

Desse modo, o sábado assinala aqueles que aceitaram a Jesus como criador e salvador. O duplo papel de Cristo, como criador e redentor, torna óbvia a razão pela qual Ele reivindicou, como Filho do homem, ser também o “Senhor do sábado” (Marcos 2:28). Com tal autoridade, Ele poderia ter descartado o sábado se quisesse fazê-lo, mas não foi isso que aconteceu. Ao contrário, aplicou o dia sagrado a toda a humanidade, dizendo: “O sábado foi estabelecido por causa do homem” (v. 27). Durante todo o seu ministério terrestre, Jesus exemplificou diante de nós a fiel observância do sábado. Era “seu costume” adorar no sábado (Lucas 4:16). Sua participação nos serviços sabáticos revela o endosso que Ele ofereceu a esse dia como dia de adoração. Tão grande era a preocupação de Cristo no tocante à santidade do sábado, que ao falar a respeito da perseguição que ocorreria após sua ascensão, aconselhou os discípulos a esse respeito. Disse: “Orai para que a vossa fuga não se dê no inverno, nem no sábado” (Mateus 24:20). Isso implicava claramente, conforme observou Jonathan Edwards, “que mesmo então os cristãos ainda estariam sob a obrigação da estrita observância do sábado”.

Quando Cristo completou sua obra de criação – seu primeiro grande ato na história deste mundo – descansou no sétimo dia. Esse descanso significou acabamento e realização. Ele fez praticamente o mesmo no final de seu ministério terrestre, quando empreendeu seu segundo grande ato na história do mundo. Na tarde de sexta-feira, o sexto dia da semana, Cristo encerrou sua obra redentiva sobre a terra. Suas últimas palavras foram: “Está consumado!” (João 19:30). As Escrituras enfatizam que ao Ele morrer, “era o dia da preparação, e começava o sábado” (Lucas 23:54). Em seguida a sua morte, repousou no túmulo, simbolizando isto que Ele havia consumado a obra de redenção da raça humana.

Então, o sábado testifica tanto da obra criadora quanto da obra redentora de Cristo. Observando-o, seus seguidores se regozijam com Ele em virtude de suas realizações em favor da humanidade.

O sábado e os apóstolos. Os discípulos respeitavam grandemente o sábado. Isso se tornou evidente por ocasião da morte de Cristo. Ao chegar o dia de sábado, interromperam os preparativos do sepultamento e “no sábado, descansaram, segundo o mandamento”, pretendendo prosseguir com seus afazeres no domingo, o “primeiro dia da semana” (Lucas 23:56; 24:1). Assim como Cristo fizera, os discípulos adoraram no sábado do sétimo dia. Em suas viagens evangelísticas, Paulo frequentava as sinagogas no dia de sábado e pregava a Cristo (Atos 13:14; 17:1, 2; 18:4).

Mesmo os gentios o convidavam para pregar a palavra de Deus no sábado (Atos 13:42, 44). Nas localidades em que não havia sinagoga, ele procurava um lugar adequado para a adoração sabática (Atos 16:13). Assim como a participação de Cristo nos serviços sabáticos indicou a sua aceitação do sétimo dia como dia especial de adoração, ocorreu também com Paulo. A fiel observância desse apóstolo, dos sábados semanais, estava em marcante contraste com sua atitude firme contra os sábados cerimoniais. Ele tornou claro que os cristãos não se achavam sob a obrigação de guardar esses primitivos dias de descanso pelo fato de haver Cristo pregado na cruz as leis cerimoniais (ver capítulo 19 deste livro).

Ele disse: “Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados, porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo” (Colossenses 2:16, 17). Uma vez que “o contexto [desta passagem] trata de assuntos rituais, os sábados aqui mencionados são os sábados cerimoniais das festas anuais judaicas, os quais ‘eram uma sombra’, ou tipo, cujo cumprimento ocorreu em Cristo”.

De modo semelhante, escrevendo aos gálatas, Paulo insurgiu-se contra a observância dos requisitos da lei cerimonial, dizendo: “Guardais dias, e meses, e tempos, e anos. Receio de vós tenha eu trabalhado em vão para convosco” (Gálatas 4:10, 11). Muitos têm a impressão de que João se referia ao domingo ao declarar “achei-me em Espírito no dia do Senhor” (Apocalipse 1:10). Na Bíblia, entretanto, o único dia mencionado como dia especial do Senhor é o sábado.

Cristo declarou: “O sétimo dia é o sábado do SENHOR, teu Deus” (Êxodo 20:10); mais tarde, Ele o identificou como “Santo dia do SENHOR” (Isaías 58:13). E o próprio Cristo se identificou como o “Senhor também do sábado” (Marcos 2:28). Assim, uma vez que nas Escrituras o único dia apresentado como dia do Senhor é o sábado, parece lógico concluir que João se referia ao sábado. Certamente não existe precedente bíblico que permita empregar o termo em relação ao primeiro dia da semana, o domingo.

Em parte alguma a Bíblia nos ordena a observância de qualquer outro dia da semana, exceto o sábado. Nenhum outro dia é declarado santo ou abençoado. Tampouco indica o Novo Testamento que Deus tenha mudado o dia de repouso para qualquer outro dia da semana. Ao contrário, as Escrituras revelam que era plano de Deus que seu povo observasse o sábado por toda a eternidade: “Porque, como os novos céus e a nova Terra, que hei de fazer, estarão diante de mim, diz o SENHOR, assim há de estar a vossa posteridade e o vosso nome. E será que, de uma festa da lua nova à outra e de um sábado a outro, virá toda a carne a adorar perante mim, diz o SENHOR” (Isaías 66:22, 23).

O significado do sábado.

O sábado possui amplo significado e está cheio de profunda e rica espiritualidade. Memorial perpétuo da criação. Conforme vimos, o significado fundamental dos dez mandamentos, vinculado ao sábado, é que ele constitui um memorial da criação do mundo (Êxodo 20:11, 12). O mandamento que pede a observância do sábado está “inseparavelmente vinculado ao ato da criação, sendo que a instituição do sábado e o mandamento quanto a observá-lo representam uma consequência direta do ato de criação. Adicionalmente, toda a família humana deve sua existência ao divino ato criativo; e, de acordo com isso, a obrigação de aceitar o mandamento do sábado como memorial do poder criador de Deus repousa sobre toda a humanidade”.

Aqueles que o observam como memorial da criação, estarão assim reconhecendo, com gratidão, “que Deus [é] seu criador e legítimo soberano [...] que eles [são] a obra de suas mãos, e súditos de sua autoridade. Assim, a instituição era inteiramente comemorativa, e foi dada a toda a humanidade. Nada havia nela prefigurativo, ou de aplicação restrita a qualquer povo”. Uma vez que adoramos a Deus porque Ele é nosso criador, o sábado funciona como sinal e memória da criação.  

Símbolo de redenção. Quando Deus libertou os israelitas da escravidão egípcia, o sábado – que já funcionava como memorial da criação – se tornou também um memorial da libertação (Deuteronômio 5:15). “O Senhor pretendia que o repouso do sábado semanal, se corretamente observado, representasse constantemente libertação da escravidão do Egito, não limitada a um país ou a determinado século, pois abrangeria todos os países e todas as eras. Hoje, ainda necessita o homem escapar da escravidão que resulta da ganância, do lucro e do poder, das desigualdades sociais e do pecado e egoísmo”. É quando contemplamos a cruz que o descanso sabático se nos apresenta como símbolo especial de redenção. “Ele é o memorial do êxodo da escravidão do pecado, sob a liderança de Emanuel. O maior fardo que podemos carregar, é a culpa de nossa desobediência.

 O descanso sabático, pelo fato de apontar em direção ao passado, ao descanso de Cristo na sepultura, o repouso da vitória sobre o pecado, oferece aos cristãos a oportunidade tangível de aceitar e experimentar o perdão, a paz e o descanso de Cristo”.

Sinal de santificação.

O sábado é um sinal do poder transformador de Deus, um sinal de santidade ou santificação. O Senhor declara: “Certamente, guardareis os meus sábados; pois é sinal entre mim e vós nas vossas gerações; para que saibais que Eu sou o SENHOR, que vos santifica” (Êxodo 31:13; Ezequiel20:20). O sábado constitui, portanto, um sinal de Deus como santificador. Da mesma forma como as pessoas são santificadas pelo sangue de Cristo (Hebreus 13:12), o sábado é também um sinal da aceitação, por parte do crente, de seu sangue para o perdão dos pecados.

Assim como Deus colocou o sábado à parte para um santo propósito, Ele separa o seu povo para um propósito santo – para que sejam suas testemunhas especiais. A comunhão do povo com Ele nesse dia conduz à santidade; eles aprendem a não depender de seus próprios recursos, mas do Deus que os santifica. “O poder que criou todas as coisas é o poder que recria a alma à sua própria semelhança. Para aqueles que guardam o santo sábado é ele um sinal de santificação. Verdadeira santificação é harmonia com Deus, unidade em caráter com Ele. Esta é recebida por meio de obediência àqueles princípios que são uma transcrição de seu caráter. E o sábado é o sinal de obediência. Aquele que de coração obedece ao quarto mandamento, obedecerá toda a lei. Ele é santificado por meio da obediência. ”

Sinal de lealdade.

Do mesmo modo como a lealdade de Adão e Eva foi provada por meio da árvore do conhecimento do bem e do mal que estava no meio do jardim do Éden, assim a lealdade de cada ser humano a Deus será provada pelo mandamento do sábado, colocado no meio do decálogo. As Escrituras revelam que, antes do segundo advento, o mundo inteiro será dividido em duas classes: aqueles que são leais e “guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus” e aqueles que adoram “a besta e a sua imagem” (Apocalipse 14:12, 9). Naquela oportunidade, a verdade de Deus será exaltada diante do mundo e se tornará bem clara a todos que a observância fiel do sétimo dia da semana – o sábado das Escrituras – significará evidência de lealdade ao Criador.

Ocasião de companheirismo.

Deus criou os animais para que fizessem companhia ao homem (Gênesis 1:24, 25). Para um nível mais elevado de companheirismo; Deus deu o homem e a mulher um ao outro (Gênesis 2:18-25). Por meio do sábado, porém, Deus deu à humanidade um presente que oferece a mais elevada forma de companheirismo – a comunhão com Ele. Seres humanos não foram criados apenas para se associarem aos animais, e nem mesmo para se associarem apenas aos outros seres humanos. Foram feitos para Deus.

É no sábado que podemos experimentar de forma especial a presença de Deus em nosso meio. Sem o sábado, tudo seria labor e suor sem fim. Todos os dias seriam iguais, devotados aos afazeres seculares. A chegada do sábado, entretanto, traz consigo esperança, alegria, significado e estímulo. Ela provê o tempo para a comunhão com Deus através da adoração, cânticos, oração, estudo e meditação da Palavra e por compartilhar o evangelho com os outros. O sábado é a nossa oportunidade de vivenciar a presença de Deus.

Sinal de justificação pela fé.

Os cristãos reconhecem que por meio da orientação de uma consciência iluminada, os não cristãos que honestamente buscam a verdade, podem ser conduzidos pelo Espírito Santo a uma compreensão dos princípios gerais da lei de Deus (Romanos 2:14-16). Isso explica porque os outros nove mandamentos – excetuando-se o do sábado – têm sido, em maior ou menor grau, praticados fora das fileiras do cristianismo. Mas esse não é o caso do quarto mandamento.

Muitas pessoas conseguem compreender a necessidade de um dia semanal de descanso, mas frequentemente revelam muita dificuldade em compreender por que o trabalho que – efetuado em qualquer outro dia da semana – seria considerado digno e elogiável, se praticado no dia de sábado, constitui pecado. A natureza não oferece qualquer justificativa para que se guarde o sábado. Os planetas movem-se em suas respectivas órbitas, a vegetação cresce, chuva e sol se alternam e os animais se comportam como em qualquer outro dia. Por que, então, deveria o ser humano guardar o sábado do sétimo dia? “Para o cristão existe apenas uma razão, e nenhuma outra; mas esta razão é suficiente: Deus ordenou”.

É apenas com base na revelação especial de Deus que as pessoas conseguem entender a racionalidade da observância do sétimo dia. Portanto, aqueles que guardam o sétimo dia o fazem pela fé e implícita confiança em Cristo, que ordenou a sua observância. Ao observar o sábado, os crentes revelam disposição de aceitar a vontade de Deus para sua vida, em vez de confiarem em seu próprio julgamento. Ao guardarem o sétimo dia, os crentes não estão tentando se tornar justos por si mesmos. Ao contrário, observam o sábado como resultado de seu relacionamento com Cristo, seu criador e redentor.

A guarda do sábado é o produto da justiça de Cristo no processo de justificação e santificação, significando que eles foram libertados da escravidão do pecado e receberam sua perfeita justiça. “Uma macieira não se torna macieira pelo fato de produzir maçãs. Antes de poder fazê-lo, ela deve ser macieira. Nesse caso, as maçãs brotam dessa árvore como frutos naturais. Assim, o verdadeiro cristão não guarda o sábado ou os outros nove preceitos para se tornar justo. Em vez disso, a obediência é o fruto natural da justiça que Cristo compartilha com ele. Quem observa o sábado dessa forma não é legalista, uma vez que a observância externa do sétimo dia corresponde a uma experiência íntima do crente em termos de justificação e santificação. Portanto, o verdadeiro observador do sábado não se omite de atos proibidos para esse dia tendo em vista obter o favor de Deus, mas o faz porque ama a Deus e deseja aproveitar o sábado para manter mais íntimo relacionamento com Cristo.”

A observância do sábado revela que desistimos de confiar em nossas próprias obras, compreendendo que somente Cristo, o Criador, pode nos salvar. Efetivamente, “o espírito da verdadeira observância do sábado revela supremo amor por Jesus Cristo, o criador e salvador, que nos está transformando em novas criaturas. Ela torna a guarda do dia correto, da forma correta, um sinal de justificação pela fé”.

Símbolo de descanso em Cristo.

O sábado – símbolo da libertação divinamente orientada do povo de Israel da escravidão do Egito para o descanso da Canaã terrestre – distinguiu os redimidos daqueles dias em relação a todas as nações circunvizinhas. De modo similar é o sábado um sinal de libertação do pecado e passagem para o descanso de Deus, o que separa os redimidos do restante do mundo. “Porque aquele que entrou no descanso de Deus, também ele mesmo descansou de suas obras, como Deus das suas” (Hebreus 4:10). “Este é um repouso espiritual, um descanso de ‘nossas obras’, o término das obras de pecado. É para esse repouso que Deus chama seu povo, e é deste descanso que tanto o sábado quanto Canaã são símbolos”.

Quando Deus completou sua obra de criação e descansou no sétimo dia, ofereceu a Adão e Eva, no dia de sábado, a oportunidade de descansarem com Ele. Embora tenham fracassado, o propósito original de Deus, de oferecer o descanso à humanidade, permanece inalterado. Após a queda, o sábado continuou sendo um sinal de descanso. “Portanto, a observância do sábado do sétimo dia testifica da fé em Deus como criador de todas as coisas, bem como da fé em seu poder de transformar a vida e preparar pessoas para aquele ‘descanso’ eterno, inicialmente planejado para os habitantes deste mundo”.

Deus prometera esse descanso espiritual ao Israel literal. A despeito do fracasso desse povo em entrar no descanso, o convite divino ainda permanece: “Portanto, resta um repouso para o povo de Deus” (Hebreus 4:9). Todos os que desejarem ingressar nesse repouso “devem primeiramente, entrar, pela fé no descanso espiritual do pecado e de seus próprios esforços para a salvação”.

O Novo Testamento apela no sentido de os cristãos não esperarem para gozar deste descanso de graça e fé, pois “hoje” é o tempo oportuno para nele ingressar (Hebreus 4:7; 3:13). Todos os que entraram neste descanso – a redentora graça recebida pela fé em Jesus Cristo – desistiram de qualquer esforço para alcançar a justificação por suas próprias obras. Dessa maneira, a observância do sábado do sétimo dia representa um símbolo da entrada do crente no descanso do evangelho.

Tentativas para alterar o dia de adoração Uma vez que o sábado desempenha papel vital na adoração a Deus como criador e redentor, não deveria constituir surpresa o fato de que Satanás tem levado adiante uma guerra sem tréguas na tentativa de subverter essa sagrada instituição. Em parte alguma a Bíblia autoriza a mudança do dia de adoração que Deus instituiu no Éden e reafirmou no Sinai.

Outros cristãos, eles próprios observadores do domingo, reconhecem isso. O cardeal católico James Gibbons escreveu em certa oportunidade: “Você poderá ler a Bíblia do Gênesis ao Apocalipse e não encontrará uma única linha autorizando a santificação do domingo. As Escrituras ordenam a observância religiosa do sábado”.

A. T. Lincoln, um protestante, admite que “não se pode argumentar que o Novo Testamento, por si mesmo, provê apoio para a crença de que desde a ressurreição Deus indicou o primeiro dia da semana para ser observado como sábado”. Ele reconhece: “Tornar-se observador do sábado do sétimo dia é o único curso de ação consistente para qualquer pessoa que sustente possuir todo o decálogo, a força de lei moral.”

Se não existem evidências bíblicas de que Cristo ou os discípulos mudaram o dia de adoração do sábado para o domingo, por que tantos cristãos aceitam hoje este último dia? O surgimento da observância do domingo. A mudança do sábado para o domingo, como dia de adoração, ocorreu gradualmente. Não existem evidências de santificação semanal do domingo por parte dos cristãos antes do segundo século, mas as evidências indicam que por volta da metade desse século alguns cristãos observavam voluntariamente o domingo como dia de adoração, não como dia de repouso.

A igreja de Roma, composta em grande medida de crentes gentios (Romanos 11:13), liderou a tendência no tocante à adoração dominical. Em Roma, a capital do Império, existiam fortes sentimentos antijudaicos, os quais se tornaram ainda mais fortes com o passar do tempo. Reagindo a tais sentimentos, os cristãos da cidade procuraram mostrar que eram diferentes dos judeus. Abandonaram algumas práticas que tinham em comum com os judeus e iniciaram a tendência de afastar-se da adoração no sábado, caminhando gradualmente para a adoração exclusiva no domingo.

Do segundo ao quinto séculos, à medida que crescia a influência do domingo, os cristãos prosseguiram observando o sábado em praticamente todos os lugares do Império Romano. Sócrates, historiador do quinto século, escreveu: “Praticamente todas as igrejas do mundo celebram os sagrados mistérios no sábado, todas as semanas, embora as igrejas cristãs de Alexandria e Roma, por conta de algumas tradições antigas, tenham deixado de fazê-lo”. No quarto e quinto séculos, muitos cristãos adoravam tanto no sábado quanto no domingo.

Sozomen, outro historiador desse período, escreveu: “O povo de Constantinopla, e praticamente de todos os demais lugares, reúne-se no sábado, bem como no primeiro dia da semana, costume este nunca observado em Roma ou Alexandria”.

Essas referências indicam a liderança de Roma no processo de abandono do sábado como dia de guarda. Por que razão aqueles que estavam abandonando o sábado como dia de adoração escolheram o domingo, e não qualquer outro dia da semana? A razão principal é que Jesus havia ressuscitado no domingo; de fato, alegava-se que Ele autorizara a adoração dominical. “Mas, estranho como possa parecer, nenhum autor do segundo e terceiro séculos jamais citou um único texto bíblico como prova da autorização de se observar o domingo em lugar do sábado. Nem Barnabé, nem Inácio, nem Justino, nem Irineu, nem Tertuliano, nem Clemente de Roma, nem Clemente de Alexandria, nem Orígenes, nem Cipriano, nem Vitorino, nem qualquer outro autor que tenha vivido próximo ao período em que Jesus vivera, conhecia qualquer instrução a esse respeito, deixada por Jesus ou por qualquer texto bíblico”.

A popularidade e influência que a veneração do Sol por parte dos pagãos do império trazia consigo indubitavelmente contribuiu para tornar crescente a aceitação do domingo como dia de adoração. A adoração do Sol ocupava lugar importante no mundo antigo. Representava “um dos mais antigos componentes da religião romana”. Em virtude dos cultos orientais ao Sol, “a partir da porção inicial do segundo século d.C., o culto do Sol Invictus se tornara dominante em Roma e em outras partes do império”.

Essa religião popular exerceu impacto sobre a igreja cristã primitiva por meio dos novos conversos. “Conversos cristãos provenientes do paganismo sentiam-se constantemente atraídos em direção à veneração do Sol. Isto é indicado não apenas pela frequente condenação da prática por parte dos pais da igreja, como também pelos significativos reflexos da adoração do Sol na liturgia cristã”.

O quarto século testemunhou a introdução de leis dominicais. Em primeiro lugar, foram impostas leis dominicais de caráter civil, depois vieram as leis dominicais de caráter religioso. O imperador Constantino o Grande estabeleceu o primeiro decreto dominical civil em 7 de março de 321 d.C. Em vista da popularidade do domingo entre os adoradores pagãos do Sol e da estima que muitos cristãos lhe dedicavam, Constantino tinha a esperança de que, tornando o domingo um dia santo, obteria ele o apoio das duas correntes em favor de seu governo.

O decreto dominical de Constantino refletia suas próprias origens como adorador do Sol. Diz o texto: “No venerável Dia do Sol [venerabili die Solis] devem os magistrados e as pessoas que residem nas cidades descansar, e devem fechar todas as casas de comércio. No campo, entretanto, as pessoas envolvidas na agricultura podem livre e legalmente continuar com suas tarefas”.

Várias décadas mais tarde, a igreja seguiu o seu exemplo. O Concílio de Laodiceia (encerrado em 364 d.C.), o qual não foi um concílio universal, e sim apenas católico romano, emitiu a primeira lei dominical eclesiástica. No cânone 29, a igreja estabeleceu que os cristãos deveriam honrar o domingo e, “se possível, não trabalhar neste dia”, ao mesmo tempo em que se denunciava o repouso no sábado, instruindo os cristãos a não ficarem “inativos no sábado [grego sabbaton, ‘sábado’], pois deveriam trabalhar neste dia”.

Em 538 d.C., o ano que marcou o início do período profético de 1.260 anos, o Terceiro Concílio de Orleans da Igreja Católica Romana emitiu uma lei ainda mais severa que a de Constantino. O cânone 28 desse concílio diz que no domingo “mesmo a agricultura deve cessar seus labores, de modo que as pessoas não sejam privadas de frequentar a igreja”.

Profetizada a mudança. A Bíblia revela que a observância do domingo como instituição cristã tem sua origem no “mistério da iniquidade” (2Tessalonisenses 2:7), o qual já se encontrava em operação nos dias de Paulo Por meio da profecia de Daniel 7, Deus revelara seu conhecimento antecipado quanto à mudança do dia de adoração. A visão de Daniel retrata um ataque contra a lei de Deus e contra seu povo. O poder atacante, representado por um chifre pequeno (e por uma besta em Apocalipse 13:1-10), traz consigo a grande apostasia no seio da igreja cristã.

Surgindo a partir da quarta besta e se tornando um grande poder perseguidor depois da queda de Roma (ver capítulo 19), o chifre pequeno efetua tentativas no sentido de “mudar os tempos e a lei” (Daniel 7:25). O poder apóstata obtém grande sucesso em enganar a maior parte do mundo, mas, no final, o julgamento será pronunciado contra ele (Daniel 7:11, 22, 26). Durante a tribulação final, Deus intervirá em favor de seu povo e o livrará (Daniel 12:1-3). Essa profecia corresponde a apenas um poder dentro do cristianismo. Existe apenas uma organização religiosa que pretende possuir as prerrogativas para modificar leis divinas.

Observe o que as autoridades católico-romanas têm reivindicado ao longo da história: Por volta de 1400 d.C., Pedro de Ancarano afirmou que “o papa pode modificar a lei divina, uma vez que seu poder não provém do homem, mas de Deus, e ele age em lugar de Deus sobre a Terra, com pleno poder para comprometer ou liberar suas ovelhas”. O impacto dessa surpreendente assertiva foi sentido durante a Reforma. Lutero dizia que as Sagradas Escrituras, e não a tradição da igreja, representavam o guia de sua vida. Seu lema foi sola scriptura – “a Bíblia e a Bíblia somente”.

John Eck, um dos mais destacados defensores da fé católica romana, atacou Lutero neste ponto, reivindicando que a autoridade da igreja se encontrava acima da das Escrituras. Ele desafiou Lutero no tocante à observância do domingo em lugar do sábado. Disse Eck: “As Escrituras ensinam: ‘Lembra-te do dia de sábado para o santificar; seis dias trabalharás e farás toda a tua obra, mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus’, etc. Entretanto, a igreja mudou o sábado para o domingo com base em sua própria autoridade, e para isto você [Lutero] não tem Escritura”.

Por ocasião do Concílio de Trento (1545 a 1563), convocado pelo papa com a finalidade de conter o protestantismo, Gaspare de Fosso, arcebispo de Reggio, trouxe outra vez o assunto à baila, dizendo: “A autoridade da igreja é, pois, ilustrada mais claramente pelas Escrituras; pois ao passo que de um lado ela [a igreja] as recomenda, declara-as como divinas [e] as oferece para serem lidas, [...] por outro lado, os preceitos legais das Escrituras, ensinados pelo Senhor, cessaram em virtude da mesma autoridade [da igreja].

O sábado, o mais glorioso dia da lei, foi modificado para o Dia do Senhor. [...] Esses e outros assuntos similares não cessaram em virtude dos ensinamentos de Cristo (pois Ele declarou que não veio para destruir a lei e sim para cumpri-la), mas foram modificados pela autoridade da igreja”. Porventura mantém a igreja ainda essa posição? Na edição de 1977 do The Convert’s Catechism of Catholic Doctrine aparece esta série de perguntas e respostas: “P. Qual é o sábado? “R. O sábado é o sétimo dia. “P. Por que observamos o domingo em lugar do sábado? “R. Observamos o domingo em lugar do sábado porque a Igreja Católica transferiu a solenidade do sábado para o domingo”.

Em seu best-seller The Faith of Millions (1974), o erudito católico romano John A. O’Brien chegou a esta constrangedora conclusão: “Uma vez que o sábado, e não o domingo, é especificado na Bíblia, não é curioso que os não católicos que professam obter sua religião diretamente da Bíblia e não da igreja observem o domingo em lugar do sábado? Sim, efetivamente, isto é incoerente”. O costume da observância do domingo, diz ele, “repousa sobre a autoridade da Igreja Católica, e não sobre um texto explícito da Bíblia. Essa observância permanece como uma lembrança da igreja-mãe, da qual as seitas não católicas se originaram – tal como um garoto que foge de casa, mas ainda carrega em seu bolso uma fotografia da mãe ou uma mecha de seus cabelos”. A pretensão de possuir semelhantes prerrogativas cumpre a profecia e contribui para a identificação do poder representado pelo chifre pequeno.

A restauração do sábado.

Em Isaías 56 e 58, Deus convida Israel para a reforma do sábado. Revelando as glórias da futura reunião dos gentios em seu rebanho (Isaías 56:8), Ele associa o sucesso dessa missão salvadora com a santificação do sábado (Isaías 56:1, 2, 6, 7). Ele esboça cuidadosamente a obra específica de seu povo. Embora sua missão seja de extensão mundial, ela se dirige especialmente para uma classe de pessoas que professam ser crentes mas que em realidade se apartaram de seus preceitos (Isaías 58:1, 2). Ele expressa a sua missão para esses professos crentes nos seguintes termos: “Os teus filhos edificarão as antigas ruínas; levantarás os fundamentos de muitas gerações e serás chamado reparador de brechas e restaurador de veredas para que o país se torne habitável. Se desviares o pé de profanar o sábado e de cuidar dos teus próprios interesses no meu santo dia; se chamares ao sábado deleitoso e santo dia do SENHOR, digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, não pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falando palavras vãs, então, te deleitarás no SENHOR” (Isaías 58:12-14).

A missão do Israel espiritual constitui um paralelo da que pertencia ao Israel antigo. A lei de Deus foi quebrada quando o poder do chifre pequeno modificou o sábado. Da mesma forma como o sábado, desconsiderado e pisado, deveria ser restaurado em Israel, assim nos tempos modernos a divina instituição sabática deve ser restaurada e a brecha na lei de Deus deve ser reparada.

É a proclamação da mensagem de Apocalipse 14:6 a 12, em conexão com o evangelho eterno, que haverá de cumprir essa obra de restauração e exaltação da Lei. E é a proclamação dessa mensagem que representa a missão da igreja de Deus nos dias que antecedem o segundo advento (ver capítulo 13 deste livro). Essa mensagem deve circundar o mundo, convidando todas as pessoas a que se preparem para a hora do julgamento.

As palavras que exortam à adoração do Criador, “Aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas” (Apocalipsse 14:7), constituem uma referência direta ao quarto mandamento da eterna lei de Deus. Sua inclusão nesta advertência final confirma o interesse especial de Deus em ter seu sábado, tão amplamente esquecido, restaurado antes do segundo advento. A apresentação dessa mensagem precipitará um conflito que envolverá o mundo inteiro. A questão central será a obediência à lei de Deus e a observância do sábado. Em face a este conflito, todas as pessoas terão de decidir se guardarão os mandamentos de Deus ou os dos homens. Essa mensagem produzirá um povo que guardará os mandamentos de Deus e a fé de Jesus. Aqueles que a rejeitarem acabarão recebendo a marca da besta (Apocalipse 14:9, 12).

O bom desempenho da missão de glorificar a Lei de Deus e honrar o seu negligenciado sábado, dependerá, por parte do povo de Deus, da observância consistente e amorável do sagrado dia de sábado. A observância do sábado Para nos “lembrar” do dia de sábado e o conservarmos santo (Êxodo 20:8), necessitamos pensar nele durante toda a semana, efetuando os preparativos necessários para que possamos observá-lo de maneira que agrade a Deus.

Deveríamos ser cuidadosos em não exaurir nossas energias durante a semana, a tal ponto que no sábado não nos sintamos em condição de participar da adoração sabática. Pelo fato de ser o sábado um dia de comunhão especial com Deus, no qual somos convidados a celebrar sua graciosa atividade como criador e redentor, é importante que afastemos de nós tudo que possa contribuir para reduzir sua sagrada atmosfera.

A Bíblia especifica que durante o sábado devemos cessar nossas atividades seculares (Êxodo 20:10), evitando todo trabalho realizado para ganhar a vida, e todas as transações comerciais (Neemias 13:15-22). Devemos honrar a Deus não seguindo os nossos próprios caminhos, não pretendendo fazer a nossa vontade, nem falando palavras vãs (Isaías 58:13). Se devotarmos esse dia ao nosso próprio agrado, se nos envolvermos em conversas seculares ou em seculares interesses e pensamentos, ou se nos envolvermos em esportes, nos afastaremos da comunhão com o nosso Criador e violaremos a santidade do sábado.

Nossa preocupação com o mandamento do sábado deveria se estender a todos os que se acham sob a nossa jurisdição – nossos filhos, aqueles que nos prestam serviço e mesmo as nossas visitas e os nossos animais (Êxodo 20:10) – de modo que também eles possam desfrutar as bênçãos do sábado. O sábado se inicia no pôr do sol da sexta-feira e finaliza-se no pôr do sol do sábado (Gênesis 1:5; Marcos 1:32).

As Escrituras consideram o dia que antecede o sábado (sexta-feira) como o dia de preparação (Marcos 15:42), um dia em que nós devemos preparar para o sábado, de tal modo que nada venha a deteriorar a sua santidade. Nesse dia, aqueles que têm o dever de preparar a alimentação da família deveriam preparar a comida para o sábado, de modo que durante as horas sagradas eles possam também repousar de seus labores (Êxodo 16:23; Números 11:8).

Ao se aproximarem as sagradas horas do sábado, é bom que os membros da família ou grupos de crentes se reúnam, pouco antes do pôr do sol, para juntos cantar, orar e estudar a Palavra de Deus, convidando desse modo o Espírito Santo como hóspede bem-vindo. Da mesma forma, deveriam assinalar o término do dia sagrado com o mesmo tipo de reunião, suplicando a presença e orientação de Deus ao longo da semana que está começando.

O Senhor estimula eu povo a converter o dia de sábado em dia deleitoso (Isaías 58:13). Como podem eles obter essa experiência? Somente se seguirem o exemplo de Cristo, o Senhor do sábado, é possível conservar a esperança de experimentar real satisfação e a alegria que Deus tem preparado para este dia. Cristo adorava regularmente aos sábados, participando de cerimônias e instruindo as pessoas em assuntos religiosos (Marcos 1:21; 3:1-4; Lucas 4:16-27; 13:10). Mas Ele fazia mais do que simplesmente prestar culto. Desfrutava de comunhão com outros (Marcos 1:29-31; Lucas 14:1), gastava parte do tempo fora de casa (Marcos 2:23) e praticava sagrados atos de misericórdia. Sempre que possível, curava os enfermos e aflitos (Marcos 1:21-31; 3:1-5; Lucas 13:10-17; 14:2- 4; João 5:1-15; 9:1-14).

Quando criticado face a suas obras de alívio ao sofrimento, Jesus replicou: “É lícito, nos sábados, fazer o bem” (Mateus 12:12). Suas atividades curadoras não transgrediram o sábado, muito menos o aboliram. Mas elas significaram o fim do pesado fardo de regulamentos humanos que haviam conduzido à distorção do significado do sábado como instrumento divino de refrigério e deleite espirituais. Deus pretendia que o sábado servisse para o enriquecimento espiritual da humanidade. Atividades que estimulem a comunicação com Deus são apropriadas; aquelas que nos desviam do propósito de conservar santo esse dia são inapropriadas.

O Senhor do sábado convida a todos a que sigam o seu exemplo. Aqueles que atendem seu chamado desfrutam do sábado como dia de deleite e festa espiritual – um antegozo do Céu. Descobrem que “o sábado foi designado por Deus para prevenir o desencorajamento espiritual. Semana após semana, o sétimo dia conforta a nossa consciência, assegurando-nos que, a despeito de nossos caracteres imperfeitos, somos completos em Cristo. Suas realizações no Calvário servem como nossa expiação. Ingressamos em seu repouso”. Os puritanos consideram o domingo como sendo o sábado cristão.

Interessante observar que foi em um “grande dia” que Jesus repousou no sepulcro – pois aquele sábado era tanto o sétimo dia da semana quanto o primeiro dia da Semana dos Pães Asmos. Que dia extraordinário para que ali culminasse a redenção! O “está muito bom” da criação fundiu-se com o “está feito” da redenção, uma vez que o Autor e Consumador uma vez mais repousou diante de sua obra completa.

O legalismo pode ser definido como “tentativa de obter a salvação por meio de esforços individuais. Ele se conforma com a lei e certas observâncias como meios de justificação perante Deus. Isso é um equívoco, pois ‘pelas obras da lei nenhuma carne será justificada à sua vista’ (Romanos 3:20)”.

Shuler prossegue: “Aqueles que denunciam a observância do sábado como legalismo necessitam considerar o seguinte: se um cristão que experimentou o novo nascimento se restringe da adoração a falsos deuses e mantém reverência, segundo é ordenado pelo primeiro e terceiro mandamentos, está ele se opondo à salvação pela graça? São a pureza, a honestidade e a verdade, conforme advogadas pelo sétimo, oitavo e nono mandamentos, opostas à livre graça de Deus? A resposta é NÃO face a ambas as questões. Sendo assim, a guarda do sétimo dia por uma pessoa renovada não constitui legalismo, tampouco é ela contrária à salvação pela graça somente. Efetivamente, o mandamento do sábado é o único preceito da Lei que foi estabelecido como sinal de libertação do pecado e santificação exclusivamente pela graça”

 

Por que os adventistas guardam o sábado?

 

Quando guardamos o sábado estamos lembrando de que há um Deus Criador, e que não estamos no mundo por acaso; dizemos ao mundo que cremos no Eterno e que admiramos os Seus feitos na criação e na salvação do ser humano. Prof. Leandro S. Quadros

 

Nós, Adventistas do Sétimo Dia, temos como princípio a observância do Sábado porque Deus, ao terminar o mundo em seis dias, estabeleceu um dia, o sábado, para que o ser humano parasse com suas atividades e repousasse em Sua companhia: “Assim, pois, foram acabados os céus e a terra e todo o seu exército. E, havendo Deus terminado no dia sétimo a sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a sua obra que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, fizera” (Gênesis 2:1-3).

 

Deus estabeleceu o sábado para que fosse um “memorial do Criador” e um “memorial da Criação”. É também um “memorial da redenção”, de nossa libertação do pecado (Deuteronômio 5:15). Quando guardamos o sábado estamos lembrando de que há um Deus Criador, e que não estamos no mundo por acaso; dizemos ao mundo que cremos no Eterno e que admiramos os Seus feitos na criação e na salvação do ser humano.

 

Jesus Cristo guardou o Sábado e tal costume se propagou entre os apóstolos:

 

Ø  “Indo para Nazaré, onde fora criado, entrou, num sábado, na sinagoga, segundo o seu costume, e levantou-se para ler” (Lucas 4:16).

Ø  “No sábado, saímos da cidade para junto do rio, onde nos pareceu haver um lugar de oração; e, assentando-nos, falamos às mulheres que para ali tinham concorrido” (Atos 16:13).

Ø  “Paulo, segundo o seu costume, foi procurá-los e, por três sábados, arrazoou com eles acerca das Escrituras” (Atos 17:2).

Ø  “E, posto que eram do mesmo ofício, passou a morar com eles e ali trabalhava, pois, a profissão deles era fazer tendas. E todos os sábados discorria na sinagoga, persuadindo tanto judeus como gregos” (Atos 18:3-4).

Ø  “E ali permaneceu um ano e seis meses, ensinando entre eles a palavra de Deus” (Atos 18:11).

 

Por esses textos podemos perceber que o Senhor Jesus tinha como costume ir à igreja todos os sábados, ao invés de trabalhar na carpintaria (Marcos 6:3). O apóstolo Paulo também tinha o costume de ir à igreja aos sábados. Só na cidade de Corinto, onde ele permaneceu um ano e seis meses (Atos 18:11), ele guardou cerca de 78 sábados! Quando Paulo esteve na cidade de Filipos, não havia uma sinagoga e muito menos uma igreja cristã. Então, no dia de sábado ele encontrou um lugar apropriado para a oração e culto junto à natureza (Atos 16:13).

 

Os primitivos cristãos, inclusive Maria, após a morte de Cristo, também observavam o sétimo dia: “Era o dia da preparação, e começava o sábado. As mulheres que tinham vindo da Galileia com Jesus, seguindo, viram o túmulo e como o corpo fora ali depositado. Então, se retiraram para preparar aromas e bálsamos. E, no sábado, descansaram, segundo o mandamento” (Lucas 23:54-56). O sábado é um momento em que podemos ter um lindo encontro com o Senhor Jesus Cristo. A cada final de semana, podemos desfrutar desse maravilhoso companheirismo com o Salvador, Deus o Pai, e com o Espírito Santo. É um dia em que podemos também estar por mais tempo na companhia da família e das pessoas que amamos. Durante a semana, pouco falamos com nosso cônjuge ou filhos, e o sábado é uma oportunidade para restabelecermos os laços familiares.

A Bíblia diz que o sábado será também observado na Nova Terra: “Porque, como os novos céus e a nova terra, que hei de fazer, estarão diante de mim, diz o SENHOR, assim há de estar a vossa posteridade e o vosso nome. E será que, de uma Festa da Lua Nova à outra e de um sábado a outro, virá toda a carne a adorar perante mim, diz o SENHOR” (Isaías 66:22-23). Na Nova Terra iremos guardar o sábado como um sinal do eterno reconhecimento de que Cristo criou o paraíso do Éden e criou os novos céus e a nova terra de justiça e santidade. Portanto, o ideal é nos acostumarmos a santificar o sétimo dia aqui, nesta vida.

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Mais que um dia de guarda, o Sábado é um sinal de fidelidade a Deus. No livro do Apocalipse temos a descrição de como serão os últimos eventos da história de nosso mundo. Somos informados de que há uma batalha entre o bem e o mal (Apocalipse 12:7-9) e que o desfecho se dará na adoração. Deus faz um chamado em Apocalipse 14 para que todos adoremos a Ele e não ao poder político e religioso apóstata. E o modo que Deus escolheu para demonstrarmos que O adoramos é a guarda do sábado. Veja: “… Temei a Deus e dai-lhe glória, pois é chegada a hora do seu juízo; e adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas” (Apocalipse 14:7).

 

A seguir, compare esse convite de Apocalipse com o texto de Êxodo 20:11 para que perceba a plenitude da mensagem de Apocalipse 14:7: “… porque, em seis dias, fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e, ao sétimo dia, descansou; por isso, o SENHOR abençoou o dia de sábado e o santificou” (Êxodo 20:11).

 

Veja que a semelhança entre Apocalipse 14:7 e Êxodo 20:11 nos dá a razão para observamos o Sábado! O texto de Apocalipse está parafraseando o 4º mandamento! É um convite para que adoremos a Deus no sábado. Veja também que essa mensagem é para os últimos dias e tem um caráter urgente! Portanto, Deus está chamando um povo para que O adore com fidelidade. A adoração sempre foi e sempre será (até Jesus voltar) o ponto de controvérsia entre o bem e o mal. De um lado, está Deus, pedindo que O adoremos; de outro, um poder exigindo adoração para si mesmo, pedindo que os cristãos guardem outro dia.

 

A quem iremos servir? A quem vamos obedecer? Que possam ser nossas as palavras do apóstolo Pedro e dos demais apóstolos: “Então, Pedro e os demais apóstolos afirmaram: Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens” (Atos 5:29).

 

E, lembre-se: nossa maior motivação em guardar o sábado deve ser o amor ao Senhor Jesus: “Se me amais, guardareis os meus mandamentos” (João 14:15). Esse amor é desenvolvido pela comunhão com Ele. Por essas e outras razões, nós, Adventistas do Sétimo Dia, guardamos o sábado. É um memorial eterno do Criador e Redentor. Nos últimos dias Deus está nos chamando para que O honremos por meio da adoração e o dia que Ele escolheu para que guardássemos é o sábado, observado por Jesus, os primitivos cristãos, Maria e os apóstolos.  Um forte abraço! Equipe Biblia.com.br

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Textos bíblicos fundamentam a teologia do sábado. Estudaremos apenas dois ligados à Criação.

 

O primeiro é Gênesis 2:1-3. “Assim, pois, foram acabados os céus e a terra e todo o seu exército. E, havendo Deus terminado no dia sétimo a sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a sua obra que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, fizera”.

 

Embora neste texto não apareça o substantivo hebraico shabbath (sábado), que significa descanso, por duas vezes ocorre o verbo hebraico shabath, descansou. A etimologia aponta somente o dia de sábado histórico como o sétimo dia da semana da Criação, Deus pôs tríplice distinção: Ele descansou, abençoou e santificou.

 

(a) Ao descansar no sétimo dia: Deus providenciou um modelo oficial ao homem. O Novo Testamento confirma que Ele fez o sábado para o homem (Marcos 2:27). Conforme Hasel, “Deus estabeleceu o modelo para Sua criação”. Parece evidente que o homem, feito à imagem de Deus, também deveria descansar no dia de descanso do seu Criador (Gênesis 1:27). Em acordo, LaRondelle afirma que a imago Dei (imagem de Deus) sugere a imitatio Dei (imitação de Deus).

 

(b) Aquele que descansou no sétimo dia foi o próprio Filho de Deus. Foi a segunda Pessoa da eterna Divindade, o Criador mencionado em Gênesis 2:1-3 que estabeleceu o sábado original (João 1:1-3, 14; 1Coríntios 8:6; Colossenses 1:16, 17; Hebreus 1:1-2) . Logo, o Criador é o mesmo Senhor do sábado (Marcos 2:28; Apocalipse 1:10).

 

(c) Ao descansar no sábado, Deus estabeleceu-o como perpétuo dia da alegria pela Criação concluída. Mas seu repouso não foi de “exaustão”, pois o Criador “não se cansa nem se fatiga” (Isaías 40:28). Não foi restaurativo, porém conclusivo, e de “satisfação” pela Sua obra criada, pois “viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom” (Gênesis 1:31). A propósito, Adão e Eva não estavam cansados ao participar do repouso e alegria do Criador. Em sua perfeição, e inocentes atividades do Éden, eles não conheciam nosso peculiar cansaço e estresse (Gênesis 2:15). Depois, porém, da queda do homem, (o sétimo dia) proporcionou também o necessário repouso físico (Gênesis 3:17-19). Ao descansarmos no sábado podemos usufruir refrigério físico e mental, e mais que isso: podemos nos alegrar na criação de Deus, e por atuarmos como Seus mordomos responsáveis sobre a criação (Gênesis 1:27-28).

 

(d) Deus abençoou exclusivamente o sétimo dia para um propósito superior (Gênesis 2:3). A palavra abençoou é tradução do termo hebraico bamkh, usado em Gênesis 1:22 e 28, sobre os animais e a humanidade, a fim de se multiplicarem. Implica em uma bênção divina, ativa e permanente. Mas, ao abençoar o sétimo dia, Deus tinha um propósito espiritual. O homem necessitava permanentemente do sábado para manter comunhão e adorar o Criador (Apocalipse 14:7), para que pudesse de maneira mais ampla contemplar as obras de Deus, e meditar em seu poder e bondade.

 

(e) O ato do Criador de abençoar o sétimo dia implica na sua instituição como memorial da Criação e em bênçãos reservadas aos que o guardam fielmente (Isaías 56:2-7). Ele repousou no sétimo dia, abençoou-o como o dia do Seu repouso e o deu aos seres que criou, para que eles pudessem lembrar-se dEle como o Deus vivo e verdadeiro.

 

(f) Deus apartou o sábado exclusivamente para uso santo (Isaías 58:13-14). Este é o terceiro aspecto distintivo do sétimo dia. O significado mais básico do termo hebraico qadash (santificar) é separação. O sábado foi santificado para culto e adoração, assim como foi o costume do Filho de Deus (Lucas 4:16). Mas por que Deus abençoou e santificou somente o sábado do sétimo dia? É uma questão inteiramente da autoridade divina, e da diferença mais básica entre Deus e os homens. Ele é o Criador e nós Suas criaturas.

 

(g) A instituição do sábado precede a entrada do pecado no mundo. Portanto, o sábado nada tem de prefigurativo, ou de aplicação restrita a qualquer povo. Adão e Eva não eram judeus (Lucas 3:38), os quais vieram a existir somente milhares de anos depois. A instituição do sábado do sétimo dia como dia santo de repouso é tratado em Gênesis como assunto universal, e nunca nacional.

 

(h) Ao descansar no sétimo dia, abençoá-lo e santificá-lo, Deus tinha o propósito de entrar em aliança de amor com Adão e seus descendentes (Isaías 56:4-7). Para Karl Barth “a história da aliança foi realmente estabelecida no evento do sétimo dia”.

 

O segundo texto essencial para fundamentar a teologia do sábado é Êxodo 20:8-11: “Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás todo o teu trabalho; mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus. Nesse dia não farás trabalho algum, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o estrangeiro que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o Senhor o céu e a terra, o mar e tudo o que neles há, e ao sétimo dia descansou; por isso o Senhor abençoou o dia do sábado, e o santificou”. A seguir, alguns aspectos referentes ao quarto mandamento.

 

(1) Deus destacou este mandamento, colocando o sábado no centro da Sua aliança, os Dez Mandamentos, e depois, dentro da Arca da Aliança (Deuteronômio 4:13; Êxodo 31:18; 1 Reis 8:9; 2 Crônicas 5:10).

 

(2) O quarto mandamento é o único que identifica o Senhor como Criador do céu e da Terra. A conexão de Êxodo 20:8-11 com Gênesis 2:1-3 também deixa claro que a guarda do santo sábado não surgiu no Sinai. Lá Deus reafirmou o dever de todo homem (Eclesiastes 12:13; Gênesis 26:5). De fato, os que obedecem a Deus e guardam o sábado igualmente recebem a bênção do patriarca Jacó (Isaías 58:13-14). Ao observarmos o sábado, demonstramos reconhecer a Deus como o Deus vivo, Criador do céu e da Terra. Não é por acaso que o mundo está tomado pela “idolatria, ateísmo e incredulidade”.

 

(3) “O sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus”. Bondosamente, Deus confirmou o óbvio no Sinai. O sétimo dia da semana, no tempo de Moisés, era o mesmo santo sábado do Senhor desde a Criação. Como alguém disse, “não existe um sábado fora do sétimo dia, e nenhum sétimo dia fora do sábado”. Deus relacionou no mandamento aspectos comuns do homem: teu trabalho, teu filho, tua filha, teu servo, tua serva, teu animal. Porém, note a declaração: “Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus”. Em Isaías 58:13 também foi ordenado ao homem que retire seu pé do sábado, por ser o “santo dia do Senhor”. O Criador ainda reivindica ser o Senhor do sábado (Lucas 6:5). Deus santificou o sétimo dia. Essa porção específica de tempo, separada pelo próprio Deus para culto religioso, continua hoje tão sagrada como quando pela primeira vez foi santificada pelo nosso Criador.

 

(4) O Senhor ordenou ao homem lembrar e santificar o sábado do sétimo dia. Isto requer união com Deus, pois a fim de santificar o sábado, os homens precisam ser eles próprios santos. Devem, pela fé, tornar-se participantes da justiça de Cristo. Logo, o sábado é um sinal distintivo de que o Criador nos santifica e que Ele é o nosso Deus (Ezequiel 20:12, 20). Evidentemente que a ordem para lembrar também implica na óbvia existência do santo sábado antes do Sinai (Êxodo 16:1-36).

 

Afinal, como poderia alguém recordar algo que não existia? Outra implicação óbvia decorrente da ordem divina de lembrar é que o ciclo semanal não fora perdido do Éden ao Sinai. Caso contrário, ninguém poderia guardar o verdadeiro dia de descanso. De fato, os dias da semana da Criação foram sete períodos de tempo de 24 horas, literais, históricos, contínuos, e contíguos, assim como na semana dos dias de Moisés e de Cristo (Lucas 4:16; 23:54-56). Afinal, por que razão santificar um dia de 24 horas como memorial de uma criação supostamente ocorrida durante milhões de anos?

 

(5) A guarda do quarto mandamento requer abstinência de atividades seculares nas horas sagradas do dia do sábado. A ordem: Nesse dia não farás trabalho algum” é igualmente extensiva aos filhos, empregados, animais e ao “estrangeiro dentro das tuas portas. O motivo é o mesmo apresentado em Gênesis 2:1-3: “Porque em seis dias fez o Senhor o céu e a terra, o mar e tudo o que neles há, e ao sétimo dia descansou; por isso o Senhor abençoou o dia do sábado, e o santificou”.

 

O anjo de Apocalipse 14:6 e 7 convida o mundo inteiro para adorar “aquele que fez o Céu, e a Terra, e o mar, e as fontes das águas”. Deus não esqueceu do seu sábado do sétimo dia. Que nós façamos o mesmo para Sua glória (verso 6).