O Arrebatamento Secreto não é uma
Doutrina Bíblica
É
grande o número de cristãos sinceros que acreditam que Jesus virá, num primeiro
momento, de maneira secreta, para arrebatar os Seus filhos, aqueles que O
aceitaram como Salvador e a Ele se mantêm fiéis. Esta primeira vinda é
comumente chamada de arrebatamento ou rapto da Igreja. É necessário que todos
os que assim creem atentem mais detidamente para os textos bíblicos que deram
origem a esta doutrina, para que não haja nenhuma dúvida com respeito à tão
importante assunto.
Este
pensamento é relativamente recente e somente começou a serem ensinados e cridos
poucos anos atrás, depois da publicação do livro “A Agonia do Planeta Terra”,
baseado em teorias do século XIX, copiadas de um autor jesuíta, que defendia e
ensinava o arrebatamento secreto da igreja. Segundo este pensamento, a volta de
Jesus se dará em duas etapas: a primeira será secreta e arrebatará a igreja e
todos os que se mantiverem fiéis e obedientes ao Evangelho. A segunda vinda
será a revelação, quando Jesus virá com todos os salvos, após a festa das bodas
do Cordeiro, no Céu.
Na
realidade, Jesus virá duas vezes a esta Terra, mas nenhuma delas será secreta.
A Palavra de Deus em momento algum autoriza este pensamento, que traz em si, um
grave erro que pode se revelar fatal para muitos. Por este pensamento admite-se
uma segunda oportunidade para os que não tiverem sido arrebatados secretamente,
da primeira vez.
Portanto,
este assunto reveste-se de uma importância tamanha, que somente a eternidade
irá revelar. Muitos poderão perder a salvação, embalados pela falsa esperança
desta segunda oportunidade. É necessário que se compreenda perfeitamente onde
se originou este erro, e qual é o propósito de Deus, ao revelar este
acontecimento, através de Seus profetas. De uma coisa não pode haver dúvida:
não podem existir na Palavra de Deus duas verdades sobre um mesmo assunto. Qual
será, então, a versão correta?
Primeiramente
é necessário que se esclareça um fato que tem sido um dos fundamentos da doutrina
do arrebatamento secreto. Esta doutrina tem como base a afirmação de que Deus
divide a raça humana em três grupos de povos: judeus, gentios e igreja.
De
acordo com este ensinamento, para os judeus Jesus virá como seu Messias,
Salvador e Libertador, para introduzi-los no Milênio. Para os gentios, Jesus
virá como Juiz, Senhor dos Senhores e Deus Forte; para a Igreja Jesus virá como
seu Noivo Celestial, a fim de levá-la para Sua glória.
Este
pensamento não é verdadeiro, no que diz respeito à divisão da raça humana, por
Deus. A Bíblia Sagrada é clara, redundante e não admite contestação ao fato de
que Deus não faz acepção de pessoas. Em circunstância alguma o Juiz de Toda a
Terra (Gênesis 18:25) poderia cometer algum ato de injustiça ou,
mesmo, de preferência por pessoas, grupos ou o que quer que fosse, em
detrimento de outros, não importa a sua qualificação.
O
que a Bíblia diz claramente é que Deus é o Pai e Criador de toda a carne. A
positiva afirmação das Escrituras é de que Ele ama a todos, indistintamente,
com um amor infinito, incompreensível para mentes humanas. Ele deseja que todos
se salvem e que ninguém se perca. Não tem Ele prazer na morte do ímpio, como
afirma por Sua Palavra: “Porque não tomo
prazer na morte do que morre, diz o Senhor Jeová; convertei-vos, pois, e vivei.
Vivo Eu, diz o Senhor Jeová, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que
o ímpio se converta do seu caminho e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos
vossos maus caminhos; pois por que razão morrereis?…” (Ezequiel 18:32 e 33:11).
Ele
anseia que todos se arrependam e recebam a vida eterna, que oferece de graça.
Esta condição foi por Ele conquistada com o sacrifício da cruz. Somente os que
não quiserem é que não serão salvos, esgotados todos os meios que o Senhor lhes
proveu para a concessão da vida eterna. Estes, então, serão destruídos, a fim
de que seja preservada a harmonia do Universo, depois de concluído o plano da
redenção, quando não mais existirá o pecado e a sua consequência, a morte.
Este
ato de destruição do ímpio é chamado pela Bíblia de estranha obra do Deus de
misericórdia e amor (Isaías 28:21). Em nenhuma circunstância tem Deus prazer com o
sofrimento de qualquer ser humano. Sua Palavra revela: “Pois, ainda que entristeça a alguém, usará de compaixão segundo a
grandeza das Suas misericórdias. Porque não aflige de bom grado aos filhos dos
homens” (Lamentações 3:32-33).
Os
judeus rejeitaram o seu Messias e Salvador, há mais de dois mil anos. As
consequências dessa rejeição eles a colhem até hoje. Não são mais eles, hoje,
um povo especial. Cada judeu poderá, entretanto, como qualquer outro ser
humano, de qualquer raça ou povo, receber a salvação, individualmente, pela
aceitação do sacrifício de Jesus. Quando Ele vier, não virá para grupos
especiais, mas para toda a humanidade, para a raça humana redimida.
Os
judeus foram um povo escolhido, no passado, para anunciar as verdades do
Evangelho Eterno. Este privilégio, que recusaram, foi transferido para o que
podemos chamar hoje de Igreja. Esta consiste no ajuntamento de todas as pessoas
que receberam as verdades do Evangelho Eterno e que se dispõe a aceitar a comissão
que Jesus lhes imputou. Esta comissão é semelhante à que os judeus tinham no
passado, de revelar a Deus para o mundo. A igreja, que é o ajuntamento dos
discípulos de Jesus, em todas as épocas e todos os lugares, tem como incumbência
pregar este Evangelho a toda a criatura, em todo o mundo.
A
palavra IGREJA não especifica, segundo a Bíblia Sagrada, nenhuma instituição
construída ou constituída por homens, com regras divergentes e preceitos ou
preconceitos discriminatórios, que se arroguem condições especiais de
favorecimento divino. DEUS NÃO FAZ
ACEPÇÃO DE PESSOAS, MAS LHE É AGRADÁVEL AQUELE QUE, EM QUALQUER NAÇÃO, O TEME E
OBRA O QUE É JUSTO (Atos 10:34-35). Nenhuma pessoa é
mais favorecida do que outra, diante de Deus, por pertencer à determinada
instituição ou denominação religiosa.
A
palavra igreja, repetimos, abrange o ajuntamento de todos aqueles que aceitaram
a Jesus Cristo como seu Salvador pessoal e aguardam a salvação pela graça, por
ocasião da vinda de Jesus. Estes, unicamente por amor a Deus, são obedientes
aos Seus mandamentos. Assim fazendo, estão honrando ao seu Pai celestial.
No
futuro próximo, antes da vinda de Jesus, haverá apenas dois grupos de pessoas:
os que amam a Jesus e guardam os Seus mandamentos (Apocalipse 14:12) e
serão assinalados com o Seu sinal, e os que aborrecem ao Senhor e aos Seus
filhos, que perseguirão cruelmente. Os seguidores da besta romana receberão a
sua marca e sofrerão as últimas pragas, sendo depois destruídos pelo esplendor
e o fogo consumidor que é a presença de Jesus, no dia de Sua vinda (Apocalipse
14:9-10).
A
crença de que a primeira vinda de Jesus será secreta e arrebatará secretamente
a igreja, se dá principalmente pela má compreensão de alguns textos bíblicos
que são indevidamente interpretados. O pensamento ocasionado por esta má
compreensão poderá se revelar fatal para muitos que nele obstinarem. É
necessário que se compreenda a perfeita harmonia revelada através da Palavra de
Deus, que mostra a sequência exata de todos os acontecimentos que precedem a
volta de Jesus e o estabelecimento de Seu reino eterno.
Analisaremos
cada texto que deu origem à doutrina do arrebatamento secreto. Em seguida,
procuraremos detalhar cada etapa revelada pela Bíblia Sagrada na sequência dos
acontecimentos futuros.
Eis
os textos cuja má compreensão deu origem à ideia do arrebatamento secreto: “Porém daquele dia e hora ninguém sabe, nem
os anjos do céu, nem o Filho, mas unicamente o Pai” (Mateus 24:36). Na sequência, Jesus relata o caráter de surpresa e
não de segredo da destruição do dilúvio e a necessidade de preparo, para não
serem as pessoas surpreendidas, como quando da visita de um ladrão. Ou seja, o propósito
de Jesus, ao referir-Se ao dia de Sua volta, era anunciar o caráter secreto da
ocasião deste evento. Ninguém, a não ser Deus, sabe o dia e a hora do mesmo. A
forma de Sua vinda nada tem de secreto, como ensina a Bíblia Sagrada.
Em
seguida Jesus afirma que pessoas estarão convivendo juntas até ao fim e serão,
então, separadas. Uns serão levados e outros serão deixados. Ora, isto está
perfeitamente em harmonia com o Seu ensinamento de que o joio e o trigo
crescerão juntos até à ceifa, quando então serão separados (Mateus 13:24-30).
O
contexto da passagem bíblica ensina que pessoas de uma mesma família conviverão
juntas até ao fim. Então, serão separadas irremediavelmente, para destinos
diferentes. Esposos, pais e filhos, irmãos, amigos, que conviveram a vida toda,
serão separadas, uns para a salvação, transformados e arrebatados para o
encontro com Jesus. Outros, fulminados e mortos pelo esplendor de Sua presença
espantosa.
Enfim,
estarão separados para sempre. De maneira nenhuma a Palavra de Deus sanciona o
pensamento de que uns serão tirados secretamente e outros continuarão a viver,
para uma possível segunda oportunidade. Este pensamento pode ser fatal para
muitos, que repousam numa falsa esperança.
O
propósito de Jesus não era de afirmar qualquer natureza secreta relacionada com
Sua volta, mas a necessidade de preparo espiritual e vigilância, para aquela
ocasião: “Vigiai, pois, porque não sabeis
a que hora há de vir o Vosso Senhor; mas considerai isto: se o pai de família
soubesse a que vigília da noite havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria
minar a sua casa. Por isso, estai apercebidos também; porque o Filho do homem
há de vir à hora em que não penseis” (Mateus 24:42-44).
Os
que defendem a crença da volta secreta de Jesus e do arrebatamento, mencionam
um texto das Escrituras como prova da rapidez e mesmo da instantaneidade deste
acontecimento: “Eis aqui vos digo um
mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados,
num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta: porque a
trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos
transformados” (1Coríntios 15:51-52).
Ora,
este texto afirma que a transformação será instantânea, rápida, num abrir e
fechar de olhos. Em momento algum ele afirma que esta transformação será
secreta. Pelo contrário, o apóstolo menciona o soar da trombeta, que todos ouvirão.
E,
mais, falando do mesmo assunto e da mesma ocasião, ele completa, ensinando: “Não quero, porém irmãos, que sejais
ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais, como os demais,
que não têm esperança. Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim
também aos que em Jesus dormem, Deus os tornará a trazer com Ele (na ressurreição).
Dizemos-vos, pois, isto pela Palavra do Senhor: que nós os que ficarmos vivos
para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem. Porque o mesmo Senhor
descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e
os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos
vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor
nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor” (I Tessalonicenses 4:13-17).
Ora,
os textos que os defensores da doutrina do arrebatamento secreto apresentam
para justificar a sua crença são os mesmos que mostram que a vinda do Senhor
será visível, extraordinária, maravilhosa, um espetáculo que todo o mundo
assistirá e de que todos participarão. Alarido, voz de arcanjo e trombeta de
Deus em momento algum sugerem silêncio, segredo ou ocultamento. Pelo contrário,
indica grande estrondo, sepulturas se abrindo, extraordinária agitação, comoção
mundial.
Na
sequência, o apóstolo traz à lembrança as mesmas advertências de Jesus, que
alguns teimam em utilizar como se as mesmas indicassem o caráter secreto de Sua
vinda. Diz o apóstolo: “Mas, irmãos,
acerca dos tempos e das estações, não necessitais de que se vos escreva: porque
vós mesmos sabeis muito bem que o dia do Senhor virá como o ladrão de noite,
pois que, quando disserem: Há paz e segurança, então lhes sobrevirá repentina destruição,
como as dores de parto àquela que está grávida; e de modo nenhum escaparão. Mas
vós, irmãos, já não estais em trevas, para que aquele dia vos surpreenda como
um ladrão; não durmamos, pois, como os demais, mas vigiemos, e sejamos sóbrios”
(I
Tessalonicenses 5:1-4 e 6).
O
mesmo conselho e advertência são dados por outro apóstolo, referindo-se ao
mesmo extraordinário acontecimento e suas consequências: “Mas o dia do Senhor virá como o ladrão de noite, no qual os céus
passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra,
e as obras que nela há, se queimarão” (II Pedro 3:10).
O
dia que virá como o ladrão não representa o caráter secreto, mas o elemento
surpresa para os que estiverem desprevenidos. Ora, pode-se imaginar o terrível
espetáculo que será os céus passarem com grande estrondo e a terra e as obras
que nela há se queimarem e seus elementos se desfizerem. Eis a repetição dos
conselhos e advertências, que são os mesmos de Jesus e de outros apóstolos e
profetas: “Havendo, pois, de perecer
todas estas coisas, que pessoas vos convém ser em santo trato e piedade,
aguardando, e apressando-vos para a vinda do dia de Deus, em que os céus, em
fogo se desfarão, e os elementos, ardendo se fundirão”? (versos
11 e 12).
Podemos,
portanto, concluir sem dúvida, que haverá o arrebatamento, mas este será visível
e não secreto. Os resgatados de Jesus irão encontrar-se com Ele nas nuvens do
céu e este será o espetáculo mais deslumbrante que a humanidade jamais terá
presenciado ao longo de toda sua história. Então todos os salvos os mortos
ressuscitados e os vivos transformados partirão com Jesus para o Céu, iniciando
o período de mil anos, já revestidos da imortalidade.
A
morte estará, já nesta ocasião, definitivamente vencida e não terá mais poder
sobre os filhos de Deus. Ao final desse milênio, quando todos os ímpios ressuscitarem,
ela, a morte se manifestará pela última vez. Estes, juntamente com Satanás e
todos os seus anjos, serão destruídos no lago de fogo, que é a segunda morte.
Desta morte, definitiva e eterna, não haverá mais ressurreição.
O
Arrebatamento Secreto é verdade?
Quando
Jesus prometeu aos Seus discípulos: “Eu voltarei” (João 14:3), Ele criou uma
esperança que têm ardido no coração de quase todos os cristãos por 2.000 anos.
E, raras vezes desde o primeiro século depois de Cristo tem esta esperança queimado
mais intensamente nos corações dos cristãos do que hoje.
Esta
esperança é escurecida, no entanto, por uma sombra. Segundo a Bíblia, um
momento terrível de angústia, muitas vezes chamado de “tribulação” – terá lugar
na Terra pouco antes da segunda vinda de Cristo. Por quase 1.800 anos, os
cristãos acreditavam que todo o povo de Deus iria passar por essa tribulação.
No entanto, cerca de 200 anos atrás, uma nova teoria foi proposta, que Deus
levará os verdadeiros cristãos para fora do mundo e os transportará para o céu
antes da Tribulação. Aqueles que ficarem para trás passarão pela Tribulação,
durante a qual milhões de judeus serão convertidos ao cristianismo. A segunda
vinda de Cristo ocorrerá no final da Tribulação.
A
deportação dos santos para o céu antes da Tribulação é chamada de
“arrebatamento”. Segundo os que defendem essa teoria, o arrebatamento será
secreto no sentido de que, num primeiro momento, ninguém vai saber que ele
ocorreu. Aqueles que são deixados para trás na terra só irão perceber que isso
aconteceu quando eles se tornam conscientes de que muitas pessoas desapareceram
de repente, sem qualquer razão. Uma série de filmes religiosos tentou retratar
este arrebatamento nos últimos anos. Estes filmes mostram tipicamente pessoas
espantadas perguntando o que aconteceu com seus amigos e entes queridos. Outra
cena comum é a de carros desgovernados e aviões caindo, porque seus motoristas
e pilotos foram “arrebatados”.
Em
certo sentido, esta visão do fim do mundo poderia ser chamada de uma teoria
dupla da segunda vinda, porque divide o retorno de Cristo para o nosso planeta
em duas partes, o arrebatamento antes da Tribulação e a Segunda Vinda na sua
conclusão. Neste artigo, examinaremos a evidência bíblica sobre o fim do mundo
e a segunda vinda de Cristo.
Quatro
razões para rejeitar a ideia de um arrebatamento secreto. Um estudo cuidadoso
da Bíblia sugere pelo menos quatro razões principais para rejeitar o ponto de
vista de uma segunda vinda de Cristo em duas fases:
1.
O vocabulário do Segundo Advento não oferece respaldo para tal ponto de vista.
Nenhuma
das três palavras gregas usadas no Novo Testamento para descrever o retorno de
Cristo ou seja, parousia-vinda, apokalypsis-revelação, e
epiphaneia-aparecimento, sugere um arrebatamento secreto antes da tribulação
(muitas vezes chamado de “arrebatamento pré-tribulacionista”) como objeto da
esperança cristã no Advento.
Os
pré-tribulacionistas alegam que em 1ª Tessalonicenses 4:15, Paulo usou
a palavra parousia-vinda para descrever o arrebatamento secreto. Mas em 1ª
Tessalonicenses 3:13, ele usou a mesma palavra para descrever “a vinda
de nosso Senhor Jesus com todos os seus santos” (NVI) – uma descrição, de
acordo com os pré-tribulacionistas, da segunda fase da volta de Cristo. Em 2ª
Tessalonicenses 2:8, Paulo de novo emprega o termo parousia para se
referir à vinda de Cristo que causará a destruição do anticristo – um evento
que, de acordo com os pré-tribulacionistas, supostamente ocorrerá na segunda
fase da vinda de Cristo (ver também Mateus 24:27, 38, 39). Da mesma forma, as
palavras apokalypsis-revelação e epiphaneia-aparecimento, são utilizadas para
descrever tanto o que os pré-tribulacionistas chamam de arrebatamento (1 Cor
1:7; 1 Tim 6:14) como o que chamam de Retorno, ou segunda fase da Vinda de
Cristo (2 Tess 1:7-8, 2:8). Assim, o vocabulário da Bendita Esperança não
propicia base alguma para uma distinção da volta de Cristo em duas fases. Seus
termos são utilizados para descreverem um único, indivisível, pós-tribulacional
Advento de Cristo que vai trazer salvação aos crentes e retribuição aos
descrentes.
2.
O Novo Testamento não contém traços de um secreto e invisível arrebatamento
instantâneo da Igreja.
Na
verdade, 1ª Tessalonicenses 4:15-17, que dá a descrição mais notória do
Segundo Advento, sugere exatamente o oposto. Ela fala que o Senhor desce do céu
“dada a Sua palavra de ordem, ouvida a
voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus” [...] “os mortos em Cristo
ressuscitarão primeiro; depois nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados
juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares”.
“(versículos 16, 17).
A
“palavra de ordem”, “a trombeta”, e o grande ajuntamento dos vivos e santos
ressurretos dificilmente sugeriria um evento secreto, invisível e instantâneo.
Pelo contrário, como tem sido frequentemente apontado, essa talvez seja a
passagem mais barulhenta da Bíblia. As referências a uma trombeta ressoando em
paralelo com as passagens de Mateus 24:31 e 1ª Coríntios 15:52 corroboram a natureza
pública do Segundo Advento. Nenhum traço de um arrebatamento secreto pode ser
encontrado em qualquer uma destas passagens.
3.
As Passagens bíblicas sobre a Tribulação não oferecem suporte para um
arrebatamento pré-tribulacional da Igreja.
Em
seu discurso no Monte das Oliveiras, Jesus falou da grande tribulação que irá
preceder imediatamente a Sua vinda, prometendo que “por causa dos escolhidos
tais dias serão abreviados” (Mateus 24:22). Argumentar que “os
eleitos” são apenas os crentes judeus e não membros da igreja é ignorar o fato
de que Cristo estava se dirigindo a Seus apóstolos que representavam não só o
Israel nacional, mas também a igreja em geral. Isto é confirmado pelo fato de
que tanto Marcos como Lucas, que escreveram seus evangelhos para a Igreja
gentílica, relatam o mesmo discurso (Marcos 13:20, Lucas 21).
Notável
também é a semelhança entre a descrição de Cristo da Sua segunda vinda em Mateus
24:30, 31 e a de Paulo em 1ª Tessalonicenses 4:16, 17. Ambos
os textos mencionam a descida do Senhor, a trombeta que soa, os anjos
acompanhantes e a reunião do povo de Deus. No entanto, os pré-tribulacionistas
dizem que a passagem de 1ª Tessalonicenses descreve o arrebatamento antes da
Tribulação, mas a passagem de Mateus descreve a segunda vinda de Cristo após a
tribulação. O paralelismo entre as duas passagens indica claramente que o
arrebatamento da Igreja não precede, mas, pelo contrário, segue-se à grande
tribulação.
4.
Por fim, Paulo e o livro do Apocalipse negam a noção de um arrebatamento
secreto pré-tribulacional.
Em
2ª Tessalonicenses 2, Paulo refutou um equívoco que era predominante entre os
cristãos de Tessalônica. Aparentemente, eles acreditavam que o dia do Senhor já
tinha chegado. Para refutar esse equívoco, Paulo citou dois grandes eventos que
devem ocorrer antes da vinda do Senhor, ou seja, a rebelião e o aparecimento do
“homem da iniquidade” que perseguirá o povo de Deus (2ª Tessalonicenses 2:3).
Se Paulo esperasse que a Igreja fosse arrebatada deste mundo antes da
tribulação causada pelo aparecimento do anticristo, ele dificilmente teria
ensinado que os crentes veriam tal evento antes da vinda do Senhor.
O
livro de Apocalipse trata dos eventos associados com a grande tribulação em
maior detalhe do que qualquer outro livro do Novo Testamento, eventos tais como
o aparecimento de uma besta que persegue os santos de Deus e o derramamento das
sete últimas pragas (Apocalipse 8-16).
Embora
João descreva estes eventos tribulacionais em grande detalhe, ele nunca
menciona ou sugere um Advento de Cristo secreto e pré-tribulacional para levar
embora a Igreja. Isto é tanto mais surpreendente tendo em conta o expresso
propósito de João de instruir as igrejas a respeito dos eventos finais. Na
verdade, João explicitamente menciona uma incontável multidão de crentes que
passarão pela grande tribulação: “Estes
são os que vieram da grande tribulação, e lavaram as suas vestes e as
branquearam no sangue do Cordeiro” (Apocalipse 7:14).
Os
pré-tribulacionistas argumentam que esses crentes são todos da raça judaica,
supostamente porque, durante os eventos descritos em Apocalipse 4 à19, a igreja
não está mais na terra mas no céu. Este raciocínio é desacreditado, em primeiro
lugar, pelo fato que em nenhum lugar João faz uma distinção entre os santos
judeus e gentios, na Tribulação. Ao contrário, João afirma explicitamente que
os crentes vitoriosos da Tribulação vêm “de toda nação, tribo, povo e língua (Apocalipse
7:9). Esta frase ocorre repetidamente no Apocalipse para designar não
exclusivamente os judeus, mas inclusivamente muitos membros da família humana,
independentemente da sua origem étnica ou nacional (Apocalipse 5:9; 10:11, 13:07,
14:6). Obviamente, Cristo não resgatou somente judeus, mas pessoas de
todas as raças.
Em
Apocalipse
22:16 Jesus reivindica ter enviado o Seu anjo a João “para testificar
estas cousas à Igreja”. É difícil ver como as mensagens dadas pelo anjo a João
poderiam ser um testemunho para as Igrejas se a Igreja não está diretamente
envolvida nos eventos descritos nos capítulos 4 à 19, em outras palavras na
maior parte do livro.
O
fato é que o Apocalipse descreve a Igreja como sofrendo perseguição por poderes
satânicos durante a tribulação final, mas não como sofrendo a ira divina. Como
os antigos israelitas desfrutaram da proteção de Deus durante as dez pragas (Êxodo
11:7), assim o povo de Deus será protegido quando Sua ira divina cair
sobre os ímpios. O Apocalipse representa essa divina proteção através de um
anjo que sela os servos de Deus em suas testas (Apocalipse 7:3) para que
sejam protegidos quando a ira de Deus sobrevir sobre os impenitentes (Apocalipse
9:4). Por fim, o povo de Deus será resgatado pelo glorioso Retorno de Cristo
(Apocalipse
16:15; 19:11-21). O apocalipse então, não retrata um arrebatamento
pré-tribulacional da Igreja, mas um Retorno pós-tribulacional de Cristo.
Em
face das razões aqui discutidas, concluímos que o ensino popular de uma Vinda
Secreta de Cristo para arrebatar a Igreja antes da tribulação final é
desprovida de qualquer apoio bíblico. Tal crença torna a Deus culpado de dar
tratamento preferencial à Igreja removendo-a da terra, deixando os crentes
judeus a sofrer a tribulação final. As Escrituras ensinam que a Segunda Vinda
de Cristo é um evento único que ocorre após a grande tribulação e será
experimentada pelos crentes de todas as eras e de todas as raças. Esta é a
Bendita Esperança que une “toda nação, e tribo, e língua e povo” (Apocalipse
14:6).
Arrebatamento
Atrasado
Quanto
tempo se espera que levará para o desaparecimento maciço dos verdadeiros
cristãos de todas as nações? Muitos acreditam que esse evento está iminente
porque sua principal pré-condição, ou seja, o restabelecimento do Estado de
Israel e a posse da antiga Jerusalém, já tiveram lugar.
De
acordo com cálculos iniciais de Hal Lindsey, em seu livro “The Late Great
Planet Earth”, esse arrebatamento secreto da Igreja já passou do prazo. Em 1970
ele predisse que “em quarenta anos desde 1948 [ano da formação do Estado de
Israel], ou por volta disso, tudo isso poderia ter lugar. Lindsey calcula os
“quarenta anos” da duração bíblica de uma geração e alega, com base na parábola
da Figueira (Mateus 24:32-33) que a formação do Estado de Israel em 1948
assinala o início da última “geração” (Mateus 24:34) que verá
primeiramente o arrebatamento, daí os sete anos de tribulação, e finalmente o
Retorno de Cristo em glória. Sendo que o arrebatamento, de acordo com Lindsey e
a maioria dos dispensacionalistas, ocorre sete anos (Daniel 9:27) antes do
Retorno visível de Cristo em glória, já deveria ter ocorrido em 1981 ou 1982. O
que isso significa é que o tempo já se esgotou para essas predições
sensacionais, porém sem sentido.
O
SENHOR te abençoe e te guarde;
O
SENHOR faça resplandecer o seu rosto sobre ti, e tenha misericórdia de ti;
O
SENHOR sobre ti levante o seu rosto e te dê a paz.
(Números
6:24-26)