DANIEL CAPÍTULO 11
Apesar de longa [7055 palavras] , postamos esta seleção de comentários pôr a julgarmos de interesse àqueles que gostariam de conhecer mais detalhes deste tão significativo capítulo profético. Bom estudo.
1 Mas eu. Este versículo é uma continuação da declaração do anjo, em Daniel 10:21. A divisão do capítulo neste ponto foi imprópria. Dá a impressão de que uma nova parte do livro começa aqui, quando a narrativa é claramente contínua. Gabriel informa a Daniel que Dario, o medo, foi [no passado] honrado pelo Céu (ver PR, 556). A visão foi dada no terceiro ano de Ciro (Daniel 10:1). O anjo está contando a Daniel sobre o evento ocorrido no primeiro ano de Dario [anterior a Ciro]. Naquele ano, Dario, o medo, foi honrado pelo Céu com uma visita do anjo Gabriel “para o animar e fortalecer” (PR, 556). CBASD – Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, vol. 4, p. 951.
2. A verdade. O conteúdo da quarta grande revelação em Daniel começa com este versículo. Tudo o que antecede, de 10:1 a 11:1, serve de pano de fundo e introdução à visão. CBASD, vol. 4, p. 951.
Três reis se levantarão na Pérsia. Visto que esta visão foi dada a Daniel no terceiro ano de Ciro (Daniel 10:1), a referência é, sem dúvida, aos três reis que sucederam a Ciro no trono da Pérsia: Cambises (530- 522 a.C), o falso Esmérdis (Gaumata, cujo nome babilônico era Bardiya; ver vol. 3, p. 376, 377), um usurpador (522 a.C), e Dario I (522-486 a.C). CBASD, vol. 4, p. 951.
O quarto. Comentaristas em geral concordam que o contexto aponta Xerxes como “o quarto” rei, mas diferem quanto à enumeração dos vários reis referidos neste versículo. … Seja como for, Xerxes é “o quarto”. CBASD, vol. 4, p. 951.
Grandes riquezas mais do que todos. Xerxes é identificado com o Assuero do livro de Ester (ver vol. 3, p. 507; ver também com. de Et 1:1. O registro diz que ele se orgulhava das ‘riquezas da glória do seu reino” (ver Et 1.4.6.7). CBASD, vol. 4, p. 952.
Empregará tudo. Esta passagem pode ser traduzida de duas maneiras. Em geral se interpreta que Xerxes agitaria todas as nações do mundo contra a Grécia. Esse é um fato bem conhecido da história. Na época de Xerxes, a península grega era a única área importante do Mediterrâneo oriental que não estava sob o domínio persa. Em 490 a.C, Dario, o grande, predecessor de Xerxes, enquanto tentava subjugar os gregos, foi vencido na batalha de Maratona. Com a ascensão de Xerxes, foram feitos novos planos para a conquista da Grécia. Heródoto (vii.61 -80) enumera mais de 40 nações que ofereceram tropas para o exército de Xerxes. Do vasto exército, faziam parte soldados de países tão distantes como Índia, Etiópia, Arábia e Armênia. … Por volta de 480 a.C., o vasto império persa estava em guerra contra os gregos. As cidades-estados gregas, que tão frequentemente guerreavam entre si, se uniram para salvar sua liberdade, Em princípio, os gregos enfrentaram uma série de obstáculos. Votam derrotados em Termópilas, e Atenas foi tomada e parcialmente incendiada pelos persas. Depois, a maré virou, A marinha grega, comandada por Temístocles, foi bloqueada por uma esquadra persa superior na bata de Salamina, na costa de Ática, próximo a de Atenas. Pouco depois de a batalha ter começado, os navios versas estavam em uma formação demasiado estreita para uma manobra eletiva. Sob os constantes ataques gregos, muitos foram afundados, e somente uma fração da frota escapou. Com essa vitória grega, as forças marítimas persas foram eliminadas na luta contra a Grécia. No ano seguinte, 479 a.C., os gregos decisivamente derrotaram as tropas persas, em Plateia, e expulsaram de vez do solo grego. … partindo da vasta perspectiva da história mundial, a guerra entre os persas e os gregos constitui um dos decisivos fatos históricos. A história subsequente da Europa e do mundo poderia ter sido bem diferente se o resultado em Salamina e Plateia tivesse sido outro. A civilização ocidental, então limitada quase que exclusivamente à Grécia, salvou-se de ser engolida pelo despotismo persa. CBASD, vol. 4, p. 952.
3. Um rei poderoso. Do heb. melek gibor, “um rei valente [guerreiro]”. Clara referência a Alexandre, o Grande (336-323 a.C). CBASD, vol. 4, p. 955.
Grande domínio. O domínio de Alexandre se estendia desde a Macedônia e a Grécia até o noroeste da índia, desde o Egito ao rio Jaxartes, ao leste do Mar Cáspio – o maior império do mundo até aquela época (ver com. de Daniel 2:39; 7:6). CBASD, vol. 4, p. 955.
4. No auge. Alexandre acabara de atingir o auge de seu poder quando foi quebrado. Em 323 a.C, esse rei, que governou desde o Adriático até o indo, adoeceu repentinamente e, 11 dias depois, estava morto (ver com. de Daniel 7:6). CBASD, vol. 4, p. 955.
Será quebrado. Alexandre não deixou nenhum sucessor de sua família imediata que pudesse manter unidos os territórios que conquistou. … Mas, em menos de 25 anos após a morte de Alexandre, uma coalizão de quatro generais tinha derrotado Antígono, o último aspirante ao controle de todo o império, e o território de Alexandre foi dividido em quatro reinos e, mais tarde, em três. CBASD, vol. 4, p. 955.
Não para a sua posteridade. O filho póstumo de Alexandre [nascido após sua morte] foi chamado de rei, mas foi morto ainda criança, na luta entre os generais pelo domínio do império. Dessa forma, não houve um descendente de Alexandre que pudesse governar. CBASD, vol. 4, p. 955
5. O rei do Sul. Deste versículo em diante, e em grande parte do capítulo, a profecia foca os dois reinos que surgiram do império de Alexandre com os quais os judeus, como povo de Deus, tiveram muito a ver. Esses reinos foram a Síria, governada pelos selêucidas, e o Egito, comandado pelos Ptolomeus. A partir do ponto de vista geográfico da Palestina, o primeiro ficava ao norte, e o último, ao sul. A tradução grega original, de fato, traz “rei do Egito” em vez de “rei do Sul”; o v. 8 também aponta o Egito como rei do Sul. … No momento da história ao qual se refere este versículo, o rei do Egito era Ptolomeu 1 Soter (também chamado Ptolomeu Lago, 305-283 a.C), um dos melhores generais de Alexandre, que estabeleceu a monarquia helenística que mais perdurou. CBASD, vol. 4, p. 955.
Um de seus príncipes. Evidentemente se aplica a Seleuco I Nicator (305-281 a.C), outro general de Alexandre, que se tornou governador da maior parte asiática do império. … Em 316 a.C, Seleuco foi expulso de Babilônia, que ele havia dominado desde 321, por seu rival Antígono (ver com. de Daniel 7:6). Daí em diante, Seleuco se colocou sob o comando de Ptolomeu, a quem ajudou a derrotar Demétrio, filho de Antígono, em Gaza, em 312 a.C. Pouco depois disso, Seleuco conseguiu reconquistar seus territórios na Mesopotâmia. CBASD, vol. 4, p. 955.
Mais forte do que ele. Isto é, Seleuco, que num momento poderia ser considerado 955 um dos “príncipes” de Ptolomeu, se tornou mais forte do que o rei egípcio. Quando Seleuco morreu, em 281 a.C, seu reino se estendia do Helesponto [atual Dardanelos, na Turquia] até o norte da Índia. CBASD, vol. 4, p. 955 e 956.
6. Ao cabo de anos. A visão profética focaliza [agora] uma crise que ocorreu 35 anos após a morte de Seleuco I. CBASD, vol. 4, p. 956.
Eles se aliarão um com o outro. Para solidificar a paz entre os dois reinos, depois de uma guerra longa e custosa, Antíoco II Theos, o divino (261-246 a.C), neto de Seleuco I, se casou com Berenice, filha do rei egípcio, Ptolomeu II Filadelfo. Antíoco também depôs sua primeira esposa e irmã, Laodiceia, de sua posição prioritária e excluiu seus filhos da sucessão do trono. CBASD, vol. 4, p. 956.
Rei do Norte. Este termo é usado pela primeira vez nesta profecia e, neste contexto, se refere aos selêucidas, cujos territórios estavam ao norte da Palestina. O então “rei do Norte” era Seleuco II Calínico (246- 226 a.C), filho de Antíoco II e Laodiceia. CBASD, vol. 4, p. 956.
Não conservará a força. Depois de nascido um filho do novo casamento, houve uma reconciliação entre Antíoco e Laodiceia. CBASD, vol. 4, p. 956.
Ele não permanecerá. Antíoco morreu repentinamente, envenenado por Laodiceia, segundo a opinião popular. CBASD, vol. 4, p. 956.
O seu braço. Devido a uma simples mudança nas vogais hebraicas, muitas versões antigas (Teodócio, Símaco, Vulgata) trazem “sua semente”. Isso se referiria ao filho de Antíoco com Berenice, a quem Laodiceia matou. CBASD, vol. 4, p. 956.
Será entregue. Isto é, Berenice, que junto com seu filho, foi morta pelos partidários de Laodiceia. CBASD, vol. 4, p. 956.
Os que a trouxeram. Muitas das damas de companhia egípcias de Berenice pereceram com ela. CBASD, vol. 4, p. 956.
E seu pai. Uma simples mudança na pontuação vocálica permite ler “seu filho” (ver BJ). Isso, é claro, se referiria ao filho morto por ordem de Laodiceia. CBASD, vol. 4, p. 956.
O que a tomou por sua. Provavelmente Antíoco, marido de Berenice. CBASD, vol. 4, p. 956.
A filha do rei do Sul casará com o rei do Norte … ele não permanecerá. Os reis Ptolomeu Filadelfo, do Egito e Antíoco Theos da Síria intentaram garantir a paz entre seus países mediante o casamento de Antíoco com Berenice, a filha de Ptolomeu. Antíoco [da Síria] já possuía uma esposa, chamada Laodice. Uma parte do tratado entre os dois reis, previa que Antíoco se divorciaria de sua primeira esposa. Desta forma o divórcio foi arranjado, celebrado o novo casamento, e no devido tempo nasceu um garoto do casamento de Antíoco com Berenice, o qual viria futuramente a ser rei. Infelizmente, em breve Antíoco descobriu que não apreciava muito Berenice. Fazia frequentes comparações entre ela e Laodice. Quando faleceu Ptolomeu [do Egito], o pai de Berenice, Antíoco divorciou-se dela e fez de Laodice outra vez a sua esposa. Mas Laodice tornara-se amargurada. Ela temia, igualmente, os próximos passos que seu esposo poderia dar. Portanto utilizando-os seus poderes reais de uma forma que era muito comum naqueles dias, ela tomou providências para que Antíoco, Berenice, o filhinho desta e todas as suas servas fossem assassinadas. … o anjo apresentou toda esta situação ao profeta quase trezentos anos antes que os fatos ocorressem. Maxwell, Uma Nova Era Segundo as Profecias de Daniel, p. 291, 292.
7. De um renovo da linhagem dela. Ptolomeu III Evergetes, filho de Ptolomeu II e irmão de Berenice, sucedeu seu pai em 246 a.C, e invadiu a Síria em vingança pelo assassinato de sua irmã. CBASD.
Prevalecerá. Ptolomeu III [do Egito] deve ter obtido êxito em sua campanha contra Seleuco II [da Síria]. Avançou triunfalmente terra adentro pelo menos até a Mesopotâmia — embora se vangloriasse de ter ido até a Báctria — e estabeleceu o poderio marítimo I do Egito no Mediterrâneo. CBASD, vol. 4, p. 956.
8. Seus deuses. Jerônimo (Commentatiorum in Danielem Liber, cap. XI, in J. Migne, Patrologia Latina, vol. 25, col. 56 declara que Ptolomeu III levou de volta Egito um imenso despojo. … O Decreto de Canopo (239/238 a.C.) declara, em honra a Ptolo-I meu III: “e as imagens sagradas levadas do’ país pelos persas, tendo o rei feito uma campanha estrangeira, recuperou-as ao Egito, e restaurou aos templos o que tinha sido levado de cada um deles” (tradução em J. P. Mahaffy A History of Egypt Under the Ptolemaic Dynasty [Nova York: Charles Scribner’s Sons, 1899], p. 113). CBASD, vol. 4, p. 956.
Egito. Esta única menção (até o v. 42) do verdadeiro nome do país do “rei do Sul” estabelece, sem dúvida, a identidade dessa nação. CBASD, vol. 4, p. 957.
9. Rei do Sul. … depois de Ptolomeu III ter voltado ao Egito, Seleuco reestabeleceu sua autoridade e marchou contra esse país, esperando reaver suas terras e reaver seu prestígio. CBASD, vol. 4, p. 957.
Tornará para a sua terra. Seleuco foi derrotado e forçado a voltar para a Síria de mãos vazias (em cerca de 240 o.C). CBASD, vol. 4, p. 957.
10. Os seus filhos. Isto é, os dois filhos de Seleuco II: Seleuco III Cerauno Soter (226/225-223/222 a.C.), que foi assassinado depois de um curto reinado, e Antíoco III, o Grande (223/222-188/187 a.C.). CBASD, vol. 4, p. 957.
Arrasará tudo e passará adiante. Em 219 a.C., Antíoco III iniciou sua campanha contra o sul da Síria e o Palestino, retomando Selêucia, porto de Antioquia. Depois iniciou uma campanha sistemática para conquistar a Palestina de seu rival, Ptolomeu IV Filopator (222-204 a.C), durante a qual entrou na Transjordânia. CBASD, vol. 4, p. 957.
11. Este se exasperará. Sobre esta expressão, ver com. de Daniel 8:7. Em 217 a.C, Ptolomeu IV encontrou Antíoco em Ráfia, próximo à fronteira da Palestina com o Egito. CBASD, vol. 4, p. 957.
Sua multidão. Políbio, o principal historiador antigo desse período, declara que o exército de Antíoco era constituído de 62 mil soldados de infantaria, 6 mil cavaleiros e 102 elefantes (Histories, v.79). As tropas de Ptolomeu [IV] deviam ser mais ou menos equivalentes em número (comparar com a referência a “miríades”, no v. 12). CBASD, vol. 4, p. 957.
Será entregue nas mãos daquele. A batalha de Ráfia (217 a.C), entre Antíoco III e Ptolomeu IV, resultou numa derrota esmagadora para o primeiro, de quem se diz ter perdido 10 mil soldados e 300 cavaleiros, além de 4 mil prisioneiros. CBASD, vol. 4, p. 957.
12. Não prevalecerá. Indolente e dissoluto, Ptolomeu [IV, do Egito] não soube aproveitar sua vitória em Ráfia. No meio tempo, durante os anos 212-204 a.C. Antíoco III [do Norte] empregou suas energias para recuperar seus territórios orientais e realizou campanhas exitosas até a fronteira da índia. A morte de Ptolomeu IV (205? a.C.) foi ocultada durante algum tempo; então um filho, de quatro ou cinco anos o sucedeu como Ptolomeu V … (204-180 a.C). CBASD, vol. 4, p. 957.
13. O rei do Norte tornará. A ascensão do pequeno Ptolomeu V [Sul] deu a Antíoco III [Norte] a oportunidade de se vingar dos egípcios. Em 201 a.C, ele invadiu outra vez a Palestina. CBASD, vol. 4, p. 957.
Ao cabo de tempos. Literalmente, “no final de tempos, anos”. A referência é, provavelmente, ao período de 16 anos (217-201 a.C) entre a batalha de Ráfia (ver com. do v. 11) e a segunda campanha de Antíoco contra o sul. CBASD, vol. 4, p. 957, 958.
14. Naqueles tempos. A partir deste versículo, as interpretações do restante do capítulo diferem muito. Um grupo de comentaristas considera que os v. 14 a 45 continuam a narrar a história subsequente dos reis selêucidas e ptolomaicos. Outros defendem que, a partir do v. 14, o grande império mundial seguinte, Roma, entra em cena, e que os v. 14 a 35 esboçam o curso desse império e da igreja cristã. Neste ou num ponto posterior do capítulo, muitos comentaristas encontram referências a Antíoco IV (Epifânio), que governou de 175 a 164/163 a.C, e à crise nacional que sua política de helenização acarretou aos judeus. E inegável que a tentativa de Antíoco de forçar os judeus a abandonar sua religião nacional e sua cultura e adotar em lugar delas a religião, cultura e língua dos gregos é o evento mais significativo da história judaica de todo o período intertestamentário. … [Texto omitido sobre Antíoco IV Epifânio, inserido, ao final, como nota] … E possível que Daniel 11 se refira i crise provocada pelas políticas de Antíoco Epifânio, embora existam consideráveis diferenças de opinião quanto a que pane da profecia fala desse rei. Reconhecer que as atividades de Antíoco Epifânio estão mencionadas em Daniel 11 não requer que ele seja considerado o tema da profecia dos cap. 7 e 8, assim como a menção de outros reis selêucidas não requer que sejam considerados tema da profecia desses capítulos. CBASD, vol. 4, p. 958.
Os dados à violência dentre teu povo. … se a expressão for entendida de forma objetiva, a passagem significaria “aqueles que agem com violência contra teu povo’. Nesse sentido, seria uma referência aos romanos, que ao final (63 a.C.) privaram os judeus de sua independência e, mais tarde (em 70 e 135 d.C.), destruíram o templo e a cidade de Jerusalém. Foi, de fato, durante o reinado de Antíoco III (ver com. dos v. 10-13) que os romanos, a fim de proteger os interesses de seus aliados Pérgamo, Rodes, Atenas e Egito, interferiram pela primeira vez nas questões da Síria e do Egito. CBASD, vol. 4, p. 958, 959.
15. Rei do Norte. Após as observações do v. 14, que podem ser um parêntese, este versículo dá continuidade à narrativa iniciada no v. 13 acerca da segunda campanha de Antíoco na Palestina. CBASD, vol. 4, p. 959.
Cidades fortificadas. A referência é, possivelmente, a Gaza, tomada por Antíoco III, em 201 a.C., depois de longo cerco. Alguns comentaristas entendem que esta passagem se refere a Sidom, onde Antíoco cercou um exército egípcio nessa mesma guerra e, depois de um cerco, forçou-o a se render. CBASD, vol. 4, p. 959
16. Terra gloriosa. Isto é, Palestina (ver com, de Daniel 8:9). De acordo com o ponto de vista de que os romanos são referidos no v. 14, acredita-se que a conquista descrita aqui seja a de Pompeu, que em 63 a.C, interveio numa disputa entre os irmãos Hircano e Arístóbulo, rivais na luta pelo trono da Judeia. Os defensores se fecharam atrás dos muros do templo e, por três meses, resistiram aos romanos. Foi nessa ocasião que, de acordo com Josefo (Antiguidades, xiv.4.4), Pompeu levantou o véu e contemplou o santo dos santos, então vazio, pois arca estava escondida desde o exílio (ver com. de Jr 37:10). CBASD, vol. 4, p. 959.
17. Entrará em acordo. … pode haver aqui uma referência ao fato de que, quando morreu, em 51 a.C, Ptolomeu XI Auletes colocou seus dois filhos, Cleópatra e Ptolomeu XII, sob a tutela de Roma. CBASD, vol. 4, p. 959.
Uma filha das mulheres (ARC; ARA: “uma jovem”). Expressão incomum, que possivelmente enfatiza a feminilidade da mulher em questão. Alguns aplicam esta expressão a Cleópatra, filha de Ptolomeu XI. Ela foi posta sob a tutela de Roma, em 51 a.C, e três anos depois se tornou amante de Júlio César, que tinha invadido o Egito. Depois de Júlio César ter sido assassinado, Cleópatra voltou suas afeições para Marco Antônio, rival de Otaviano (mais tarde, Augusto), herdeiro de César, que derrotou as forças aliadas de Cleópatra e Marco Antônio, em Ácio (31 a.C). No ano seguinte, o suicídio de Marco Antônio (planejado por Cleópatra, segundo a opinião de alguns) abriu o caminho para o novo vencedor. Então, Cleópatra se suicidou ao se dar conta de que não poderia conquistar Otaviano. Com Cleópatra, findou a dinastia ptolomaica do Egito e, de 30 a.C. em diante, o Egito foi uma província do império romana A conduta desonesta de Cleópatra se ajusta bem às especificações da última frase deste versículo, pois Cleópatra não era a favor de César, mas de seus próprios interesses políticos. CBASD, vol. 4, p. 959.
18. As terras do mar. Guerras em outras partes do império fizeram com que Júlio César deixasse o Egito. O partido de Pompeu foi logo derrotado nas terras costeiras da África. Na Síria e Ásia Menor [atual Turquia], César teve êxito contra Farnaces, rei de Ponto. CBASD, vol. 4, p. 959.
19. Tropeçará, e cairá. Em 44 a.C, Júlio César foi assassinado em Roma. CBASD, vol. 4, p. 960.
20. Um exator. A passagem se refere a um rei que enviaria opressores ou exatores por todo seu reino. A maioria dos comentaristas entende que a referência é a um cobrador de impostos, que, antigamente, para o homem comum era a própria personificação da opressão real. Lucas 2:1 registra que, “naqueles dias, foi publicado um decreto de César Augusto, convocando toda a população do império para recensear-se [literalmente, “inscrever-se” ou “registrar* se” ver com. de Lucas 2:1]”. Considera-se que Augusto, sucessor de Júlio César, estabeleceu o império romano e, depois de um reinado de mais de 40 anos, morreu em paz em seu leito, em 14 d.C. CBASD, vol. 4, p. 960.
21. Um homem vil. Isto é, alguém desprezado ou pouco estimado. Augusto foi sucedido por Tibério (14-37 d.C.). … existem evidências suficientes que mostram que Tibério era excêntrico, mal compreendido e não amado pelo povo. CBASD, vol. 4, p. 960.
Ao qual não tinham dado. Provavelmente a referência é ao fato de que Tibério não estava originalmente na linha de sucessão ao trono, mas se tornou filho de Augusto por adoção e foi apontado como herdeiro do império apenas quando adulto. CBASD, vol. 4, p. 960.
Caladamente. Quando Augusto morreu, Tibério ascendeu ao trono de forma pacífica. Ele era apenas o filho adotivo de seu predecessor, e sua ascensão deveu-se, em grande parte, às manobras de sua mãe, Lívia. CBASD, vol. 4, p. 960.
22. As forças inundantes. O quadro é de exércitos que se assemelham a uma inundação (ver Daniel 9:26). Tibério teve êxito ao conduzir várias campanhas militares, tanto na Alemanha quanto no Oriente, nas fronteiras da Armênia e Pártia. CBASD, vol. 4, p. 960.
Príncipe da aliança. Identificado com o Príncipe que confirma a aliança em Daniel 9:25 a 27 (ver 8:11). A profecia do cap. 9 deixa claro que se trata do Messias, Jesus Cristo. Foi no reinado de Tibério (14-37 d.C.) e por ordem de seu procurador na Judeia, Pôncio Pilatos, que Jesus foi crucificado, no ano 31 d.C. CBASD, vol. 4, p. 960.
23. Apesar da aliança. [Comentaristas] que defendem a continuidade cronológica da narrativa profética de Daniel 11, encontram uma referência à política romana de obter o que hoje seria chamado de “pacto de assistência mútua”, como, por exemplo, a aliança de auxílio e amizade com os judeus. Nesses tratados, os romanos reconheciam os participantes como “aliados” e tinham o objetivo de, supostamente, proteger e promover interesses mútuos. Assim, Roma parecia amiga e protetora, apenas para astuciosamente fazer valer esses acordos em benefício próprio. Ela com frequência impunha os fardos das conquistas sobre seus “aliados”, mas, em geral, reservava as recompensas para si. Ao finai, esses “aliados” eram absorvidos pelo império romano. CBASD, vol. 4, p. 960, 961.
24. Por certo tempo. Do heb. ‘ad-‘eth, “até um tempo”. Esta expressão indica um [ponto do] tempo quando as artimanhas do poder aqui apresentado seriam eliminadas. … ‘Ad-‘eth parece indicar um tempo indeterminado. O poder maligno agiria até que atingisse o limite especificado por Deus (ver Daniel 11:27; cf. 12:1). Os que acreditam que aqui se indica um tempo profético veem nos eventos narrados uma referência ao período de tempo em que a cidade de Roma permaneceria como sede do império. Considera-se que 31 a.C. foi a data inicial, o ano da batalha de Ácio, quando Augusto triunfou sobre Marco Antônio e Cleópatra. A contar de 31 a.C, 360 anos chegam a 330 d.C., o ano em que a sede do império foi transferida de Roma para Constantinopla. CBASD, vol. 4, p. 961.
25. Suscitará a sua força. … este versículo se refere à luta entre Augusto e Antônio, que culminou com a batalha de Ácio e com a derrota de Antônio. CBASD, vol. 4, p. 961.
26 Os que comerem. Alguns veem nesta frase uma referência aos favoritos da realeza. Desde os dias dos primeiros Césares, intrigas palacianas marcaram a ascensão e a queda dos imperadores romanos. … No antigo Oriente, esperava-se que os que comiam alimento fornecido por outra pessoa se mantivessem leais a ela. CBASD, vol. 4, p. 961.
Arrasado. Quando Cleópatra, temendo pelo estrondo da batalha, se retirou de Ácio. Levando seus 60 navios da marinha egípcia, Marco Antônio a seguiu e, com isso concedeu vitória a Augusto. Os que apoiavam Marco Antônio passaram para o lado de Augusto. Finalmente, Marco Antônio cometeu suicídio. De acordo com os que enfatizam a continuidade cronológica do capítulo (ver com. do v. 23), é predita aqui a situação política instável que marcou os reinados de Nero e Diocleciano. CBASD, vol. 4, p. 961.
27. Estes … se empenharão em fazer o mal. Alguns consideram que esta frase é uma referência a intrigas de Otaviano (mais tarde, Augusto) e Antônio, ambos aspirantes ao controle do império. Outros veem uma referência a luta pelo poder durante os últimos anos do reinado de Diocleciano (284-305 d.C.) e durante os anos entre a morte deste e o tempo em que Constantino, o Grande (306-337), conseguiu unir novamente o império (323 ou 324). CBASD, vol. 4, p. 961.
Tempo determinado. Homens maus e suas maquinações duram apenas até quando Deus permite. A verdadeira filosofia da história se demonstra no livro de Daniel: Segundo a Sua vontade, Ele opera com o exército do Céu e os moradores da terra; não há quem Lhe possa deter a mão” (Daniel 4:35). CBASD, vol. 4, p. 961, 962.
28. Então, o homem vil tornará. Alguns expositores consideram que isto seja uma previsão do cerco e da destruição de Jerusalém por Tito, em 70 d.C. Outros, que defendem a continuidade cronológica da narrativa profética (ver com. do v. 23), veem uma descrição mais ampla da obra de Constantino, o Grande. CBASD, vol. 4, p. 962.
Contra a santa aliança. Fala-se de Cristo como o “príncipe da aliança” (v. 22), e aquele que “fará firme aliança com muitos por uma semana” (Daniel 9:27). Esta aliança é o plano da salvação, traçado na eternidade e confirmado pela morte de Cristo. Então, parece razoável entender o poder aqui mencionado como um que tenazmente se oporia a esse plano e a seu efeito na vida dos seres humanos. Alguns veem uma referência específica à invasão da Judeia pelos romanos e à tomada e destruição de Jerusalém, em 70 d.C. Outros sugerem que Constantino seja o tema da profecia e observam que, embora professasse ter se convertido à fé cristã, Constantino estava na verdade “contra a santa aliança”, sendo que seu objetivo era fazer uso do cristianismo como um instrumento para unir o império e solidificar seu domínio. Ele fez grandes favores à igreja, mas em troca esperava que a igreja apoiasse sua política. CBASD, vol. 4, p. 962.
29. Não será. De acordo com a interpretação de que aqui se esboça a carreira de Constantino, sugere-se o seguinte: a despeito de todas as tentativas de Constantino para reavivar a antiga glória e o poder do império romano, seus esforços tiveram um êxito apenas parcial. CBASD, vol. 4, p. 962.
Na primeira. Alguns creem que a referência seja à mudança da sede do império para Constantinopla. Essa mudança foi apontada como sinal da queda do império. CBASD, vol. 4, p. 962.
Aliança. Ver com. do v. 28. Alguns veem nessa indignação uma referência aos esforços de Roma para destruir a santa aliança por meio da supressão das Sagradas Escrituras e do ataque àqueles que criam nelas. CBASD, vol. 4, p. 963.
31. Profanarão. Do heb. chalal. Palavra hebraica que indica que algo sagrado foi tornado profano. A palavra é empregada para indicar a profanação de um altar de pedra pelo uso de uma ferramenta sobre ele (Êxodo 20:25) e a profanação do sábado (Êxodo 31:14). Também descreve os atos dos que profanaram o nome de Deus ao sacrificarem os filhos a deuses pagãos (Levíticos 20:3; ver com. de Levíticos 18:21). CBASD, vol. 4, p. 963.
O santuário, a fortaleza nossa. Literalmente, “o lugar santo, o refúgio”. Estas palavras estão em aposição. … O santuário terreno em Jerusalém era cercado de fortificações. O santuário celestial, onde Cristo pleiteia Seu sangue em favor de pecadores, é o supremo lugar de refúgio. Sendo assim, entende-se que esta passagem descreve a ação do grande poder apóstata da história cristã que substituiu o verdadeiro sacrifício de Cristo e Sua ministração como sumo sacerdote no santuário celestial por um falso sacrifício e uma falsa ministração. CBASD, vol. 4, p. 963.
Sacrifício diário. Ver com. de Daniel 8:11. CBASD, vol. 4, p. 963.
Abominação desoladora. A obra do papado é aqui predita. Esta é a primeira vez que a expressão ocorre no livro de Daniel … Daniel 8:11 a 13 é uma profecia dupla (similar à de Mateus 24; ver DTN, 628) que se aplica tanto à destruição do templo e de Jerusalém pelos romanos como à obra do papado na era cristã. Deve-se observar também que a referência explícita de Jesus à obra do “abominável da desolação”, como ainda no futuro naquela época, toma claro que Antíoco Epifânio, de fato, não cumpre essa profecia (ver com. de Dn 8:25). CBASD, vol. 4, p. 963, 964.
Lisonjas. Do heb. chalaqqoth “coisas lisas, escorregadias” (ver Daniel 8:25). O método de Satanás consiste em fazer seu caminho parecer mais fácil do que o de Deus. Através da história cristã, o povo de Deus tem se mantido fiel ao “apertado […] caminho que conduz para a vida”, como Cristo o descreveu (Mateus 7:14). CBASD, vol. 4, p. 964.
E ativo. Sem dúvida, esta passagem se refere àqueles que, nas terras sob jurisdição de Roma e fora dela, resistiram às usurpações papais e mantiveram a fé viva, como, por exemplo, os valdenses, os albigenses e outros. A igreja verdadeira se distingue não apenas pelo fato de que o povo de Deus reage ao pecado, resistindo à tentação, mas muito mais por levar adiante um programa positivo de ação em favor da vontade do Altíssimo. O cristianismo não pode ser passivo. Todo, filho de Deus tem uma missão a cumprir. CBASD, vol. 4, p. 964.
33. Ensinarão a muitos. A ordem de Cristo “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações” (Mateus 28:19) é tão imperativa em tempos de perseguição como em períodos de paz e, com frequência, se prova mais eficaz em tempos adversos. CBASD, vol. 4, p. 964.
Cairão. Durante os séculos em que o verdadeiro povo de Deus foi mais duramente perseguido, os corajosos o suficiente para permanecer e testemunhar de suas convicções se; tornaram objetos particulares de perseguição. CBASD, vol. 4, p. 964.
Algum tempo. O período a que se refere aqui é claramente o mesmo dos 1.260 anos (Daniel 7:25; 12:7; Apocalipse 12:6,14; 13:5); tempo durante o qual o poder apóstata blasfemou de Deus da forma mais desafiante, exercendo autoridade usurpadora e perseguindo os que rejeitavam essa autoridade (ver com. de Daniel 7:25). CBASD, vol. 4, p. 964.
34. Pequeno socorro. Embora, em Sua j sabedoria, Deus nem sempre considerasse 1 apropriado livrar Seus santos da morte, todo mártir teve a oportunidade de saber que sua j vida estava “oculta juntamente com Cristo, ’! Em Deus” (Cl 3:3). Durante os amargos dias de apostasia e perseguição, descritos em Daniel 11:33,1 Deus repetidamente enviou a Seu povo oprimido “um pequeno socorro” por meio de líderes que falavam em meia a escuridão, apelando para o retorno aos princípios das Escrituras. Dentre os quais estavam os ministros valdenses do século 12 em diante, John Wycliffe, na Inglaterra, no século 14; e John Huss e Jeronimo de Praga, no século 15. No século 16, a grande agitação na vida política, econômica, social e religiosa da Europa, que em seu alcance espiritual tornou possível a Reforma Protestante acrescentou muitas vozes mais fiéis às ouvidas nas gerações anteriores. CBASD, vol. 4, p. 964, 965.
35 Tempo do fim. Estas passagens das Escrituras apontam para o ano 1798 d.C. como o início do “tempo do fim” (ver DTN, 234; T5, 9, 10; GC, 356). CBASD, vol. 4, p. 965.
Tempo determinado. “O tempo do fim” é um tempo determinado no programa divino dos acontecimentos. CBASD, vol. 4, p. 965.
36. Este rei. Eruditos adventistas do sétimo dia defendem dois pontos de vista com relação à interpretação dos v. 36 a 39. Uma interpretação identifica o poder descrito aqui como a França revolucionária de 11789 e anos seguintes. A outra defende que este é o mesmo poder apóstata, perseguidor descrito nos versículos anteriores. CBASD, vol. 4, p. 965.
E se engrandecerá. De acordo com o ponto de vista de que aqui se descreve a França revolucionária, entende-se que estas palavras descrevem os excessos do ateísmo cometidos por alguns dos líderes mais radicais da Revolução. Como exemplo disso, em 26 de novembro de 1793, a Comuna, ou corpo governante da cidade de Paris, aboliu oficialmente todas as religiões na capital da França. Embora essa ação tenha sido revertida pela Assembleia Nacional poucos dias depois, ela ilustra a influência do ateísmo durante esse período. Aqueles que entendem que estes versículos se aplicam ao grande poder apóstata da história cristã consideram esta passagem paralela a Daniel 8:11, 25:2 Tessalonicenses 2:4 e Apocalipse 13:2, 6; e 18:7. Entendem que a profecia deste versículo se cumpre na pretensão do papa em ser o vicário de Cristo na Terra, no poder reivindicado pelo clero e no “poder das chaves”; a autoridade para abrir e fechar as portas do Céu aos seres humanos. CBASD, vol. 4, p. 965, 966.
Falará coisas incríveis. De acordo com o ponto de vista de que a França é o tema em questão, esta frase se refere às palavras arrogantes dos revolucionários que aboliram a religião e estabeleceram o culto à deusa Razão. Quando, mais tarde, se introduziu o culto ao Ser Supremo, os reacionários tornaram claro que ele não devia ser identificado com o Deus da religião cristã. Sobre o cumprimento desta passagem segundo o ponto de vista de que o papado o tema em questão aqui, ver com. de Daniel 7:11, 25; cf. 2 Tessalonicenses 2:4; e Apocalipse 13:5 e 6. 37. CBASD, vol. 4, p. 966.
Desejo de mulheres. Os que acreditam que a referência é à França veem o cumprimento desta passagem na declaração dos revolucionários de que o casamento era um mero contrato civil, que sem formalidades poderia ser dissolvido pelas partes envolvidas. Já os que acreditam ser ao papado veem uma possível referência à importância que esse poder dá ao celibato e à virgindade. CBASD, vol. 4, p. 966.
Nem a qualquer deus. De acordo com a primeira posição, as palavras se aplicam ao poder ateu francês revolucionário que tentou abolir a religião no país (ver com. do v. 36). Segundo a outra posição, as palavras devem ser entendidas num sentido comparativo, isto é, o poder descrito não é ateu, mas se considera porta-voz de Deus e não dá a Deus a honra devida, Ele busca de forma blasfema se colocar no lugar dEle (Jesus). (ver 2º Tessalonicenses 2:4). CBASD, vol. 4, p. 966.
38. Deus das fortalezas. Alguns interpretam este versículo como uma referência ao culto da Razão instituído em Paris, em 1793. Ao perceberem a necessidade da religião para que a França permanecesse forte a fim de cumprir seu objetivo em difundir a revolução pela Europa, alguns dos líderes em Paris tentaram estabelecer uma nova religião, tendo a razão personificada como deusa. Isso foi seguido, mais tarde, pelo culto ao “Ser Supremo” (a natureza deificada), que pode ser considerado como o “deus das fortalezas” ou forças. Outros entendem que se faz referência aqui às orações dirigidas à virgem Maria; e ainda outros à aliança de Roma com poderes civis e seus esforços premeditados para conseguir que as nações fizessem sua vontade. CBASD, vol. 4, p. 966.
Coisas agradáveis. Uma palavra similar da mesma raiz é empregada em Isaías 44:9 para descrever os custosos ornamentos com os quais os pagãos enfeitavam suas imagens. Alguns veem o cumprimento desta passagem nos presentes valiosos concedidos às imagens da Virgem e dos santos (ver Apocalipse 17:4; 18:16). CBASD, vol. 4, p. 966.
39. Agirá contra as poderosas fortalezas. Alguns veem nesta passagem uma referência ao lugar estratégico que o ateísmo e as ideias racionalistas ocuparam entre os líderes da França durante a Revolução. Outros veem uma descrição do apoio que a igreja romana deu ao culto aos “protetores”, os santos, às I festividades realizadas em várias cidades ao redor do mundo, em honra ao sacrifício da missa e à virgem Maria. CBASD, vol. 4, p. 966,967.
Repartirá a terra. Alguns entendem que estas palavras descrevem a divisão das grandes propriedades da nobreza da França, e à venda dessas propriedades pelo governo a pequenos proprietários. Estima-se que dois terços das propriedades rurais francesas foram confiscados pelo governo durante a Revolução. Outros acreditam que estas palavras têm seu cumprimento no domínio papal sobre governantes temporais e no frequente recebimento de rendas por parte deles. Sugeriu-se que a divisão do Novo Mundo, entre Espanha e Portugal, pelo papa Alexandre VI, em 1493, pode ser considerada um exemplo do cumprimento desta passagem. CBASD, vol. 4, p. 967.
40. Tempo do fim. Aqui o rei do Norte e o rei do Sul são mencionados pela primeira vez desde os v. 14 e 15. Eruditos adventistas do sétimo dia que entendem que o tema dos v. 36 a 39 é a conduta da França durante a Revolução defendem que a Turquia é o rei do Norte dos v. 40 a 45. Os que aplicam os v. 36 a 39 ao papado encontram aqui um quadro profético do clímax de sua carreira. Alguns do último grupo identificam o papado como o rei do Norte, ao passo que outros fazem distinção entre os dois. Alguns consideram que os v. 40 a 45 têm seu cumprimento no colapso do império otomano, em 1922 (ver com. do v. 45). CBASD, vol. 4, p. 967.
45. Chegará ao seu fim. Em geral, os adventistas do sétimo dia defendem que o cumprimento do v. 45 ainda está no futuro. As palavras prudentes ditas pelo pioneiro adventista Tiago White, em 1877, com respeito à cautela na interpretação de profecias ainda não cumpridas, são um conselho válido ainda hoje: “Ao interpretar profecias não cumpridas, sobre as quais a história não está escrita, o estudioso deve apresentar suas suposições sem exagerado dogmatismo, do contrário poderá se encontrar extraviado no terreno da fantasia. “Existem pessoas que se preocupam mais com a verdade futura do que com a presente. Veem pouca luz no caminho por onde andam, mas pensam que há grande luz adiante deles. “Posições tomadas sobre a questão do Oriente se baseiam em profecias que ainda não se cumpriram. Nesse caso, deveríamos andar com cautela e tomar posições cuidadosas, do contrário poderemos estar removendo os marcos estabelecidos firmemente no movimento adventista. Pode-se dizer que há um acordo geral sobre esse tema, e que todas as atenções estão voltadas para a presente guerra entre a Turquia e a Rússia como o cumprimento dessa parte da profecia que dará grande confirmação da fé no breve alto clamor e na conclusão de nossa mensagem. Mas é inquietante pensar qual será o resultado desse dogmatismo quanto às profecias não cumpridas se as coisas não ocorrerem como se espera tão confiadamente” (Tiago White, RH, 29 de novembro de 1877). CBASD, vol. 4, p. 967.
Nota [CBASD] sobre 11:14, Antíoco Epifânio [CBASD]:
A ameaça de Antíoco Epifânio confrontou os judeus com uma crise comparável às crises causadas pelo faraó, por Senaqueríbe, Nabucodonosor, Hamã e Tito. Durante seu breve reinado de 12 anos, Antíoco quase exterminou a religião e a cultura dos judeus. Ele tirou todos os tesouros do santuário, saqueou Jerusalém, deixou a cidade e seus muros em ruínas, matou milhares de judeus e exilou outros como escravos. Um edito real ordenava-lhes que abandonassem os rituais de sua religião e vivessem como pagãos. Eles foram forçados a erigir altares pagãos em todas as cidades da Judeia, a oferecer neles carne de porco e a entregar todas as cópias das Escrituras para serem rasgadas e queimadas. Antíoco ofereceu carne de porco diante de um ídolo pagão no templo judaico. A interrupção dos sacrifícios (em 168-165 ou 167-164 a.C, de acordo com dois métodos de computar o tempo na era selêucida; ver nota de rodapé, no vol. 5, p. 25, paginação lateral) ameaçou a sobrevivência da religião judaica e a identidade dos judeus como povo. Finalmente, os judeus se rebelaram e expulsaram da Judeia as forças de Anita. Eles tiveram êxito em repelir um exército enviado por Antíoco com o propósito específico de exterminá-los como nação, Livres, mais uma vez do opressor, restauraram o templo, fizeram um novo altar e ofereceram sacrifícios novamente (1 Macabeus 4:36-54). Ao fazer aliança com Roma, poucos anos depois (161 a.C), os judeus desfrutaram, por quase um século, de relativa independência e prosperidade sob a proteção romana, até a Judeia se tornar uma província romana, em 63 a.C. Os que afirmam que Antíoco Epifânio é mencionado nos v. 14 e 15 consideram que os “dados à violência” são os judeus que se tornaram traidores de seus próprios conterrâneos e ajudaram Antíoco na execução de seus decretos e políticas cruéis e blasfemos (para um relato detalhado das amargas experiências dos judeus durante esse tempo, ver 1 Macabeus 1 e 2; Josefo. Antiguidades, xii.6, 7; Guerra dos Judeus, i.1). CBASD, vol. 4, p. 958.
Daniel recebeu várias visões sobre a sucessão das potências mundiais, cada uma agregando mais informações que a anterior (caps. 2,7,8,9,10-12). Os capítulos 10 a 12 formam uma unidade e, em 11:1, Gabriel continua sua fala, iniciada em 10:19, informando que um ou dois anos antes, no primeiro ano de Dario, o havia apoiado pessoalmente. Quem sabe não foi Gabriel quem acalmou os leões, em seu trabalho para garantir a vitória de Daniel contra seus acusadores?
Gabriel, olhando agora para o futuro, descreve (v. 2) os próximos 4 reis da Pérsia, ressaltando o poder e ambição do quarto. Este não foi ninguém menos que Xerxes (a pronúncia grega de Ashuerosh, ou Assuero, 486 a 465 a.C.), a quem conhecemos como o marido de Ester. A grande festa de Ester 1 mostra o esforço de Assuero em conseguir apoio militar para sua campanha contra a Grécia. Sua derrota nas batalhas de Salamina (480 a.C.) e Plateia (479 a.C.) enfraqueceu a Pérsia e fortaleceu as cidades-estados gregas que, mais tarde, sob o domínio de Alexandre, expandiriam o domínio helênico até o Egito e ao ocidente da Índia (v. 3) [1, Maxwell, p. 298].
Nos versos 4 a 14, Gabriel descreve os embates políticos e militares entre dois dos quatro reinos resultantes da divisão do império de Alexandre pelos seus quatro principais generais: Cassandro (Grécia e Macedônia), Lisímaco (Trácia e norte da Turquia), Seleuco (sul da Turquia, Síria, Babilônia, Pérsia, até à Índia) e Ptolomeu (Egito, Líbia e Palestina). Estes dois últimos, ao norte – o Selêucida – e ao sul da Palestina – Ptolemaico-, que alternaram entre si a posse da Terra Santa no período que conhecemos como intertestamentário, são o foco destes versos.
Já a partir do verso 15 pode-se identificar a ascenção e domínio de Roma, o novo império que chegaria a partir do Norte, onde podem- se identificar as referências a Cleópatra (v, 17), Júlio César (v. 17-19), Augusto (v. 20), e a morte de Jesus, o Príncipe da Aliança, (v. 22).
Do verso 21 até o verso 39, podemos ver a progressiva atuação espiritual de Roma, com clara identificação com a atividade do chifre pequeno das visões dos cap. 7 e 8 [2, Andrews]. Destaque ao ataque ao Santuário, e o seu serviço, símbolos da intercessão de Jesus, e a introdução de um sistema de salvação baseado em obras e intercessão humanas, a “abominação desoladora”.
Nos emociona ver Gabriel contar a Daniel sobre um “povo que conhece ao seu Deus … forte e ativo” (v. 32), que mesmo sob cruéis ditaduras ensinaram “a muitos” (v. 33), perseguidos “até o tempo do fim” (v. 34). Valdenses, lolardos, hussitas, luteranos, anabatistas, huguenotes e católicos romanos sinceros que “preferiram morrer afogados ou enforcados ou queimados na estaca ou torturados ou aprisionados, a abdicar de sua fé” em resistência ao “espírito de tirania medieval”. A reforma protestante foi o “pequeno socorro” do verso 34. [3, CBASD].
É interessante notar que nestes versos, foram revelados a Daniel os aspectos históricos do poder opositor a Deus durante a Idade Média e do remanescente de Deus, enquanto João, em Apocalipse 13, destaca os aspectos religiosos, estendendo este período até o fim.
É oportuno dizer que a Igreja Adventista não tem uma interpretação oficial quanto aos versos 36-45, em especial aos versos 40-45, que são claramente profecias a serem cumpridas. É mera especulação dizer que o verso 45 mostra que os EUA, enquanto segunda besta de Apocalipse. 14, instalará a sede de seu domínio em Jerusalém (Monte Santo), entre os mares (Mediterrâneo e Morto)
Cabe aqui, com muita propriedade, o comentário da Bíblia de Andrews [2]: “Este texto destaca as tentativas, nos últimos tempos, do inimigo de Deus em estabelecer um controle duradouro sobre todo o mundo. Os precisos eventos na Terra são agora conhecidos apenas por Deus. Predições proféticas são dadas na Bíblia não para que se façam especulações a respeito do futuro, mas para a construção da fé após eles terem passado (ver as palavras de Jesus em João 14:29) ”.
Querido Deus,
Ao vermos o fiel cumprimento dos eventos preditos na profecia, nossa fé é fortalecida. No entanto, diante da demora e da incerteza acerca dos eventos futuros pedimos que mantenhas viva a nossa fé e a certeza de que em breve Tu, ó Deus, triunfarás e haveremos de desfrutar da eterna herança contigo. Amém.
Referências:
1. Uma Nova Era Segundo as Profecias de Daniel. C. Mervyn Maxwell. Casa.
2. Comentários da Andrews Study Bible. Andrews University Press.
3. CBASD – Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, vol. 4. Casa.