O
SÁBADO – CRENÇA 20 NISTO CREMOS
O gracioso Criador, após
os seis dias da criação, descansou no sétimo dia e instituiu o sábado para
todas as pessoas como memorial da criação. O quarto mandamento da imutável lei
de Deus requer a observância deste sábado do sétimo dia como dia de descanso,
adoração e ministério, em harmonia com o ensino e prática de Jesus, o Senhor do
sábado.
O sábado é um dia de
deleitosa comunhão com Deus e uns com os outros. É um símbolo de nossa redenção
em Cristo, um sinal de nossa santificação, uma prova de nossa lealdade e um
antegozo de nosso futuro eterno no reino de Deus.
O sábado é o sinal
perpétuo do eterno concerto de Deus com seu povo. A prazerosa observância deste
tempo sagrado de uma tarde a outra tarde, do pôr do sol ao pôr do sol, é uma
celebração dos atos criadores e redentores de Deus. Junto com Deus, Adão e Eva
exploraram seu lar no paraíso. O cenário era empolgante, além de qualquer
descrição. À medida que o Sol declinava lentamente na sexta-feira, e as
estrelas começavam a aparecer, “viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era
muito bom” (Gênesis 1:31). Assim Deus concluiu a sua criação dos “céus e a
Terra, e todo o seu exército” (Gênesis 2:1).
Contudo, por mais belo
que fosse o mundo recém-concluído, o maior dom que o Criador poderia conceder
ao jovem par era o privilégio de manter relacionamento pessoal com Ele. Assim
Ele lhes concedeu o sábado, dia de bênçãos, companheirismo e comunhão especiais
com o Criador.
O
Sábado ao longo da Bíblia
O sábado ocupa lugar
central em nossa adoração a Deus. Sendo o memorial da criação, revela as razões
pelas quais Deus deve ser adorado: Ele é
o Criador, e nós suas criaturas. “O
sábado, portanto, representa a própria base da adoração divina, pois ensina
essa grande verdade do modo mais impressionante, como nenhuma outra instituição
o faz. A verdadeira base de toda adoração a Deus, não apenas aquela praticada
no sétimo dia, senão toda a adoração, encontra-se na distinção entre o Criador
e suas criaturas. Esse grandioso fato jamais se poderá tornar obsoleto, nem
deve jamais ser esquecido”.
Foi para conservar essa
verdade para sempre diante da raça humana que Deus instituiu o sábado. O sábado
na criação. O sábado teve sua origem em um mundo sem pecado. É um dom especial
de Deus, que habilita a raça humana a experimentar aqui na Terra a realidade do
Céu. Três atos divinos distintos
estabeleceram o sábado:
1º Ato: Deus descansou no sábado. No sétimo
dia, Deus “descansou, e tomou alento” (Êxodo 31:17), embora não houvesse
repousado face à necessidade de fazê-lo (Isaías 40:28). O verbo descansar,
shabbath, significa literalmente “cessar
os labores ou atividades” (Gênesis 8:22). “O descanso de Deus não foi resultado nem de exaustão nem de fadiga,
mas uma cessação de sua ocupação prévia”.
2ºAto: Deus descansou porque era sua intenção que
o homem descansasse; Ele deixou um exemplo que deveria ser observado pelos
seres humanos (Êxodo 20:11). Se Deus finalizou sua obra no sexto dia (Gênesis
2:1), o que querem dizer as Escrituras ao afirmar que Ele “findou a sua obra”
no sétimo dia (Gênesis 2:2)? Ele havia terminado a criação dos céus e da Terra
nos seis primeiros dias, mas ainda tinha de criar o sábado. Foi ao descansar
durante esse dia que Deus o estabeleceu. O sábado representou o toque final de
sua obra criadora.
3º Ato: Deus abençoou o sábado. Deus não apenas
fez o sábado, como também o abençoou. “A
bênção sobre o sétimo dia subentendia que, dessa forma, ele era declarado como
objeto especial do favor divino e um dia que traria bênçãos a suas criaturas”.
4º Ato: Deus santificou o sábado. Santificar
significa tornar algo sagrado ou santo, separado como algo santo e destinado a
uso sagrado; consagrado. Pessoas, lugares (tais como um santuário, templo ou
igreja) e tempo (dias santos) podem ser santificados. O fato de que Deus
santificou o sétimo dia significa que esse dia é santo, que Ele o separou para
o amorável propósito de enriquecer o relacionamento divino-humano. Deus
abençoou e santificou o sétimo dia pelo fato de haver nesse dia cessado todas
as suas obras. Ele o abençoou e santificou para a humanidade, não para si
próprio. É a sua presença pessoal que traz bênção e santificação ao sábado.
O
sábado no Sinai.
Os eventos que se
seguiram à saída dos israelitas do Egito, mostram que eles haviam, em grande
medida, perdido de vista o sábado. As rigorosas exigências da escravidão devem
ter tornado muito difícil a observância do sábado. Pouco tempo depois que
adquiriram a liberdade, Deus lhes fez recordar incisivamente, por meio do
milagre do maná e da proclamação dos dez mandamentos, sua obrigação quanto à
observância do sábado do sétimo dia.
O sábado e o maná. Um mês
antes de proclamar sua lei no Sinai, Deus prometeu ao povo proteção contra as
enfermidades, se dedicassem atenção diligente “aos seus mandamentos, e [...] os
seus estatutos” (Êxodo 15:26; Gênesis 26:5). Logo depois de fazer essa
promessa, Deus relembrou aos israelitas a santidade do sábado. Por meio do
milagre do maná, lhes ensinou em termos concretos quão importante era a sua
vista o descanso no sétimo dia.
Durante todos os dias da
semana, Deus enviava aos israelitas uma quantidade de maná suficiente para
atender às necessidades cotidianas. Não deveriam tentar armazenar nenhuma
quantidade do produto para o dia seguinte, pois estragaria se o fizessem (Êxodo
16:4, 16-19). No sexto dia, porém, deveriam eles colher em dobro, de modo que
houvesse o suficiente para atender as suas necessidades naquele dia e no
seguinte, o sábado. Ensinando assim que o sexto dia era um dia de preparação, e
também sobre a forma de observar o sábado, Deus disse: “Amanhã é repouso, o
santo sábado do SENHOR; o que quiserdes cozer no forno, cozei-o, e o que
quiserdes cozer em água cozei-o em água; e tudo o que sobrar separai, guardando
para a manhã seguinte” (Êxodo 16:23).
Somente para o sétimo dia
poderia o maná ser guardado sem se deteriorar (Êxodo 16:24). Em linguagem
similar àquela do quarto mandamento, Moisés disse: “Seis dias o colherás, mas o sétimo dia é o sábado; nele, não haverá”
(Êxodo 16:26). Durante quarenta anos, ou mais de dois mil sábados consecutivos
em que os israelitas estiveram no deserto, o milagre do maná os fez recordar
esse esquema de seis dias de trabalho e um de descanso.
O
sábado e a lei. Deus posicionou o mandamento do sábado
no centro do decálogo. Eis o texto do mandamento: “Lembra-te do dia de sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás
e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR, teu Deus; não
farás nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu
servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o forasteiro das tuas portas para
dentro; porque, em seis dias, fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo o
que neles há e, ao sétimo dia descansou; por isso, o SENHOR abençoou o dia de
sábado e o santificou” (Êxodo 20:8-11).
Todos os mandamentos do
decálogo são vitais, e nenhum deles deve ser negligenciado (Tiago 2:10), mas
ainda assim Deus distinguiu o mandamento do sábado dentre todos os demais. Com
relação a ele, Deus ordenou: “Lembra-te”,
alertando a humanidade para o perigo de se perder de vista a sua importância.
As palavras com as quais o mandamento começa – “Lembra-te do dia de sábado para o santificar” – mostram que o
sábado não foi instituído pela primeira vez no Sinai. Essas palavras indicam que
ele fora estabelecido antes, efetivamente, o foi na criação, conforme o próprio
mandamento revela. Deus tencionava que observássemos o sábado como o seu
memorial da criação.
O mandamento define o
tempo de repouso e adoração, dirigindo-nos à contemplação de Deus e de suas
obras. Como memorial da criação, a observância do sábado representa um antídoto
contra a idolatria. Ao lembrar-nos que Deus criou os céus e a terra,
transparece claramente a distinção entre Deus e todos os falsos deuses. A
guarda do sábado torna-se, pois, um sinal de nossa fidelidade ao verdadeiro
Criador – um sinal de que reconhecemos sua soberania como criador e rei.
O
mandamento do sábado funciona como o selo da lei de Deus.
Em geral, o selo contém estes três elementos: o nome do dono do selo, seu
título e a jurisdição de seus domínios. Selos oficiais são utilizados para
validar documentos de grande importância. O documento assume a autoridade do
oficial a quem pertence o selo utilizado. O selo implica que o próprio oficial
aprovou a legislação e que toda a autoridade de seu cargo se encontra por
detrás do documento.
Entre os dez mandamentos,
é o mandamento do sábado que contém os elementos vitais do selo. É o único
dentre os dez que identifica o Deus verdadeiro ao declarar o seu nome: “o
SENHOR, teu Deus”; o Seu título: “Aquele que fez, o Criador”; e seu território:
“os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há” (Êxodo 20:10, 11).
Uma vez que apenas o
quarto mandamento mostra sob a autoridade de quem foram concedidos os dez
mandamentos, é esse mandamento aquele que contém o “selo final de Deus”,
colocado sobre a sua lei como evidência de sua autenticidade e vigência da
mesma.
Efetivamente, Deus fez do
sábado “uma lembrança ou sinal de seu poder e autoridade em um mundo não
poluído pelo pecado e pela rebelião. Deveria constituir uma instituição de
perpétua obrigação pessoal, imposta pela admoestação: Lembra-te do dia de
sábado para o santificar (Êxodo 20:8)”.
Esse mandamento divide a
semana em duas partes. Deus concedeu à humanidade seis dias para “trabalhar e
fazer toda a tua obra”, mas o sétimo dia deveria ser mantido livre de “qualquer
trabalho” (Êxodo 20:9, 10). “Seis dias”,
diz o mandamento, “são dias de trabalho, mas o sétimo dia é dia de descanso. O
fato de o sétimo dia ser unicamente o dia de descanso de Deus está evidente nas
palavras introdutórias do mandamento: Lembra-te do dia de sábado [descanso],
para o santificar”
Embora os seres humanos
requeiram descanso físico para restaurar o corpo, Deus baseia sua exigência de
que descansemos durante o sábado, em seu próprio exemplo. Assim como Ele
descansou de suas atividades executadas na primeira semana deste mundo, assim devemos
nós repousar.
O sábado e o concerto.
Assim como a lei de Deus ocupava posição central no concerto (Êxodo 34:27),
assim o sábado, posicionado no próprio coração da lei, ocupa lugar proeminente
em seu concerto. Deus declarou que o sábado seria um “sinal entre mim e eles,
para que soubessem que Eu sou o SENHOR que os santifica” (Ezequiel 20:12; Ezequiel
20:20; Êxodo 31:17). Portanto, disse Ele, a guarda do sábado é um “concerto
perpétuo” (Êx 31:16). “Da mesma forma como o concerto está baseado no amor de
Deus por seu povo (Deuteronômio 7:7, 8), assim o sábado, como sinal do
concerto, representa um símbolo do amor divino.”
Os sábados anuais. Em
adição aos sábados semanais (Levíticos 23:3), existiam sete sábados anuais,
cerimoniais, distribuídos ao longo do calendário religioso israelita. Esses
sábados da antiguidade não se achavam diretamente vinculados ao sábado do
sétimo dia ou ao ciclo semanal. Tais sábados, “além dos sábados do SENHOR”
(Levíticos 23:38), eram o primeiro e o último dia da Festa dos Pães Asmos, o
Dia de Pentecostes, a Festa das Trombetas, o Dia da Expiação, e o primeiro e
último dia da Festa dos Tabernáculos (Levíticos 23:7, 8, 21, 24, 25, 27, 28,
35, 36).
Pelo fato de a contagem
desses sábados depender do início do ano religioso, que por sua vez se baseava
no calendário lunar, eles podiam corresponder a qualquer dia da semana. Quando
coincidiam com o sábado semanal, eram chamados de “grandes dias” (João 19:31). “Ao passo que o sábado semanal fora
instituído no final da semana da criação para toda a humanidade, os sábados
anuais constituíam parte integral do sistema judaico de ritos e cerimônias,
instituído no monte Sinai [...] os quais apontavam para a futura vinda do
Messias, e cuja observância terminou com a sua morte na cruz”.
O sábado e Cristo. As
Escrituras revelam que, tão verdadeiramente quanto o Pai, Cristo foi o Criador
(1º Coríntios 8:6; Hebreus 1:1, 2; João 1:3). Assim, foi Ele quem separou o
sétimo dia para o descanso da humanidade. Jesus associou o sábado com sua obra
redentora, assim como o fizera com sua obra criadora. Na qualidade de grande EU
SOU (João 8:58; Êxodo 3:14), Ele incorporou o sábado ao decálogo para enfatizar
a lembrança do encontro semanal de adoração com o Criador. E Ele acrescentou
outra razão para a observância do sábado: a redenção de seu povo (Deuteronômio
5:14, 15).
Desse modo, o sábado
assinala aqueles que aceitaram a Jesus como criador e salvador. O duplo papel
de Cristo, como criador e redentor, torna óbvia a razão pela qual Ele
reivindicou, como Filho do homem, ser também o “Senhor do sábado” (Marcos 2:28). Com tal autoridade, Ele poderia
ter descartado o sábado se quisesse fazê-lo, mas não foi isso que aconteceu. Ao
contrário, aplicou o dia sagrado a toda a humanidade, dizendo: “O
sábado foi estabelecido por causa do homem” (v. 27). Durante todo o seu ministério terrestre, Jesus exemplificou
diante de nós a fiel observância do sábado. Era “seu costume” adorar no
sábado (Lucas 4:16). Sua participação nos serviços sabáticos revela o endosso
que Ele ofereceu a esse dia como dia de adoração. Tão grande era a preocupação
de Cristo no tocante à santidade do sábado, que ao falar a respeito da
perseguição que ocorreria após sua ascensão, aconselhou os discípulos a esse
respeito. Disse: “Orai para que a vossa
fuga não se dê no inverno, nem no sábado” (Mateus 24:20). Isso implicava
claramente, conforme observou Jonathan Edwards, “que mesmo então os cristãos
ainda estariam sob a obrigação da estrita observância do sábado”.
Quando Cristo completou
sua obra de criação – seu primeiro grande ato na história deste mundo –
descansou no sétimo dia. Esse descanso significou acabamento e realização. Ele
fez praticamente o mesmo no final de seu ministério terrestre, quando
empreendeu seu segundo grande ato na história do mundo. Na tarde de
sexta-feira, o sexto dia da semana, Cristo encerrou sua obra redentiva sobre a
terra. Suas últimas palavras foram: “Está
consumado!” (João 19:30). As Escrituras enfatizam que ao Ele morrer, “era o
dia da preparação, e começava o sábado” (Lucas 23:54). Em seguida a sua morte,
repousou no túmulo, simbolizando isto que Ele havia consumado a obra de
redenção da raça humana.
Então, o sábado testifica
tanto da obra criadora quanto da obra redentora de Cristo. Observando-o, seus
seguidores se regozijam com Ele em virtude de suas realizações em favor da
humanidade.
O sábado e os apóstolos.
Os discípulos respeitavam grandemente o sábado. Isso se tornou evidente por
ocasião da morte de Cristo. Ao chegar o dia de sábado, interromperam os
preparativos do sepultamento e “no sábado, descansaram, segundo o
mandamento”, pretendendo prosseguir com seus afazeres no domingo, o
“primeiro dia da semana” (Lucas 23:56; 24:1). Assim como Cristo fizera, os
discípulos adoraram no sábado do sétimo dia. Em suas viagens evangelísticas,
Paulo frequentava as sinagogas no dia de sábado e pregava a Cristo (Atos 13:14;
17:1, 2; 18:4).
Mesmo os gentios o
convidavam para pregar a palavra de Deus no sábado (Atos 13:42, 44). Nas
localidades em que não havia sinagoga, ele procurava um lugar adequado para a
adoração sabática (Atos 16:13). Assim como a participação de Cristo nos
serviços sabáticos indicou a sua aceitação do sétimo dia como dia especial de
adoração, ocorreu também com Paulo. A fiel observância desse apóstolo, dos
sábados semanais, estava em marcante contraste com sua atitude firme contra os
sábados cerimoniais. Ele tornou claro que os cristãos não se achavam sob a
obrigação de guardar esses primitivos dias de descanso pelo fato de haver
Cristo pregado na cruz as leis cerimoniais (ver capítulo 19 deste livro).
Ele disse: “Ninguém,
pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou
sábados, porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o
corpo é de Cristo” (Colossenses 2:16, 17). Uma vez que “o contexto [desta
passagem] trata de assuntos rituais, os sábados aqui mencionados são os sábados
cerimoniais das festas anuais judaicas, os quais ‘eram uma sombra’, ou tipo,
cujo cumprimento ocorreu em Cristo”.
De modo semelhante,
escrevendo aos gálatas, Paulo insurgiu-se contra a observância dos requisitos
da lei cerimonial, dizendo: “Guardais dias, e meses, e tempos, e anos. Receio
de vós tenha eu trabalhado em vão para convosco” (Gálatas 4:10, 11). Muitos têm
a impressão de que João se referia ao domingo ao declarar “achei-me em Espírito no dia do
Senhor” (Apocalipse 1:10). Na Bíblia, entretanto, o único dia mencionado como dia
especial do Senhor é o sábado.
Cristo declarou: “O
sétimo dia é o sábado do SENHOR, teu Deus” (Êxodo 20:10); mais tarde,
Ele o identificou como “Santo dia do SENHOR” (Isaías 58:13). E o próprio Cristo
se identificou como o “Senhor também do
sábado” (Marcos 2:28). Assim, uma vez que nas Escrituras o único dia
apresentado como dia do Senhor é o sábado, parece lógico concluir que João se
referia ao sábado. Certamente não existe precedente bíblico que permita
empregar o termo em relação ao primeiro dia da semana, o domingo.
Em parte alguma a Bíblia
nos ordena a observância de qualquer outro dia da semana, exceto o sábado.
Nenhum outro dia é declarado santo ou abençoado. Tampouco indica o Novo
Testamento que Deus tenha mudado o dia de repouso para qualquer outro dia da
semana. Ao contrário, as Escrituras revelam que era plano de Deus que seu povo
observasse o sábado por toda a eternidade: “Porque,
como os novos céus e a nova Terra, que hei de fazer, estarão diante de mim, diz
o SENHOR, assim há de estar a vossa posteridade e o vosso nome. E será que, de
uma festa da lua nova à outra e de um sábado a outro, virá toda a carne a
adorar perante mim, diz o SENHOR” (Isaías 66:22, 23).
O
significado do sábado.
O sábado possui amplo
significado e está cheio de profunda e rica espiritualidade. Memorial perpétuo
da criação. Conforme vimos, o significado fundamental dos dez mandamentos,
vinculado ao sábado, é que ele constitui um memorial da criação do mundo (Êxodo
20:11, 12). O mandamento que pede a observância do sábado está “inseparavelmente vinculado ao ato da
criação, sendo que a instituição do sábado e o mandamento quanto a observá-lo
representam uma consequência direta do ato de criação. Adicionalmente, toda a
família humana deve sua existência ao divino ato criativo; e, de acordo com
isso, a obrigação de aceitar o mandamento do sábado como memorial do poder
criador de Deus repousa sobre toda a humanidade”.
Aqueles que o observam
como memorial da criação, estarão assim reconhecendo, com gratidão, “que Deus [é] seu criador e legítimo
soberano [...] que eles [são] a obra de suas mãos, e súditos de sua autoridade.
Assim, a instituição era inteiramente comemorativa, e foi dada a toda a
humanidade. Nada havia nela prefigurativo, ou de aplicação restrita a qualquer
povo”. Uma vez que adoramos a Deus porque Ele é nosso criador, o sábado
funciona como sinal e memória da criação.
Símbolo de redenção.
Quando Deus libertou os israelitas da escravidão egípcia, o sábado – que já
funcionava como memorial da criação – se tornou também um memorial da
libertação (Deuteronômio 5:15). “O Senhor
pretendia que o repouso do sábado semanal, se corretamente observado, representasse
constantemente libertação da escravidão do Egito, não limitada a um país ou a
determinado século, pois abrangeria todos os países e todas as eras. Hoje,
ainda necessita o homem escapar da escravidão que resulta da ganância, do lucro
e do poder, das desigualdades sociais e do pecado e egoísmo”. É quando
contemplamos a cruz que o descanso sabático se nos apresenta como símbolo
especial de redenção. “Ele é o memorial do êxodo da escravidão do pecado, sob a
liderança de Emanuel. O maior fardo que podemos carregar, é a culpa de nossa
desobediência.
O descanso sabático, pelo fato de apontar em
direção ao passado, ao descanso de Cristo na sepultura, o repouso da vitória
sobre o pecado, oferece aos cristãos a oportunidade tangível de aceitar e
experimentar o perdão, a paz e o descanso de Cristo”.
Sinal
de santificação.
O sábado é um sinal do
poder transformador de Deus, um sinal de santidade ou santificação. O Senhor
declara: “Certamente, guardareis os meus sábados; pois é sinal entre mim e vós
nas vossas gerações; para que saibais que Eu sou o SENHOR, que vos santifica”
(Êxodo 31:13; Ezequiel20:20). O sábado constitui, portanto, um sinal de Deus
como santificador. Da mesma forma como as pessoas são santificadas pelo sangue
de Cristo (Hebreus 13:12), o sábado é também um sinal da aceitação, por parte
do crente, de seu sangue para o perdão dos pecados.
Assim como Deus colocou o
sábado à parte para um santo propósito, Ele separa o seu povo para um propósito
santo – para que sejam suas testemunhas especiais. A comunhão do povo com Ele
nesse dia conduz à santidade; eles aprendem a não depender de seus próprios
recursos, mas do Deus que os santifica. “O poder que criou todas as coisas é o
poder que recria a alma à sua própria semelhança. Para aqueles que guardam o santo
sábado é ele um sinal de santificação. Verdadeira santificação é
harmonia com Deus, unidade em caráter com Ele. Esta é recebida por meio de
obediência àqueles princípios que são uma transcrição de seu caráter. E o
sábado é o sinal de obediência. Aquele que de coração obedece ao quarto
mandamento, obedecerá toda a lei. Ele é santificado por meio da obediência. ”
Sinal
de lealdade.
Do mesmo modo como a
lealdade de Adão e Eva foi provada por meio da árvore do conhecimento do bem e
do mal que estava no meio do jardim do Éden, assim a lealdade de cada ser
humano a Deus será provada pelo mandamento do sábado, colocado no meio do
decálogo. As Escrituras revelam que, antes do segundo advento, o mundo inteiro
será dividido em duas classes: aqueles que são leais e “guardam os mandamentos
de Deus e a fé em Jesus” e aqueles que adoram “a besta e a sua imagem” (Apocalipse 14:12, 9). Naquela
oportunidade, a verdade de Deus será exaltada diante do mundo e se tornará bem
clara a todos que a observância fiel do sétimo dia da semana – o sábado das
Escrituras – significará evidência de lealdade ao Criador.
Ocasião
de companheirismo.
Deus criou os animais
para que fizessem companhia ao homem (Gênesis 1:24, 25). Para um nível mais
elevado de companheirismo; Deus deu o homem e a mulher um ao outro (Gênesis
2:18-25). Por meio do sábado, porém, Deus deu à humanidade um presente que
oferece a mais elevada forma de companheirismo – a comunhão com Ele. Seres
humanos não foram criados apenas para se associarem aos animais, e nem mesmo
para se associarem apenas aos outros seres humanos. Foram feitos para Deus.
É no sábado que podemos
experimentar de forma especial a presença de Deus em nosso meio. Sem o sábado,
tudo seria labor e suor sem fim. Todos os dias seriam iguais, devotados aos
afazeres seculares. A chegada do sábado, entretanto, traz consigo esperança,
alegria, significado e estímulo. Ela provê o tempo para a comunhão com Deus
através da adoração, cânticos, oração, estudo e meditação da Palavra e por
compartilhar o evangelho com os outros. O sábado é a nossa oportunidade de
vivenciar a presença de Deus.
Sinal
de justificação pela fé.
Os cristãos reconhecem
que por meio da orientação de uma consciência iluminada, os não cristãos que
honestamente buscam a verdade, podem ser conduzidos pelo Espírito Santo a uma
compreensão dos princípios gerais da lei de Deus (Romanos 2:14-16). Isso
explica porque os outros nove mandamentos – excetuando-se o do sábado – têm
sido, em maior ou menor grau, praticados fora das fileiras do cristianismo. Mas
esse não é o caso do quarto mandamento.
Muitas pessoas conseguem
compreender a necessidade de um dia semanal de descanso, mas frequentemente
revelam muita dificuldade em compreender por que o trabalho que – efetuado em
qualquer outro dia da semana – seria considerado digno e elogiável, se
praticado no dia de sábado, constitui pecado. A natureza não oferece qualquer
justificativa para que se guarde o sábado. Os planetas movem-se em suas
respectivas órbitas, a vegetação cresce, chuva e sol se alternam e os animais
se comportam como em qualquer outro dia. Por que, então, deveria o ser humano
guardar o sábado do sétimo dia? “Para o cristão existe apenas uma razão, e
nenhuma outra; mas esta razão é suficiente: Deus ordenou”.
É apenas com base na
revelação especial de Deus que as pessoas conseguem entender a racionalidade da
observância do sétimo dia. Portanto, aqueles que guardam o sétimo dia o fazem
pela fé e implícita confiança em Cristo, que ordenou a sua observância. Ao observar
o sábado, os crentes revelam disposição de aceitar a vontade de Deus para sua
vida, em vez de confiarem em seu próprio julgamento. Ao guardarem o sétimo dia,
os crentes não estão tentando se tornar justos por si mesmos. Ao contrário,
observam o sábado como resultado de seu relacionamento com Cristo, seu criador
e redentor.
A guarda do sábado é o
produto da justiça de Cristo no processo de justificação e santificação,
significando que eles foram libertados da escravidão do pecado e receberam sua
perfeita justiça. “Uma macieira não se torna macieira pelo fato de produzir
maçãs. Antes de poder fazê-lo, ela deve ser macieira. Nesse caso, as maçãs
brotam dessa árvore como frutos naturais. Assim, o verdadeiro cristão não
guarda o sábado ou os outros nove preceitos para se tornar justo. Em vez disso,
a obediência é o fruto natural da justiça que Cristo compartilha com ele. Quem
observa o sábado dessa forma não é legalista, uma vez que a observância externa
do sétimo dia corresponde a uma experiência íntima do crente em termos de
justificação e santificação. Portanto, o verdadeiro observador do sábado não se
omite de atos proibidos para esse dia tendo em vista obter o favor de Deus, mas
o faz porque ama a Deus e deseja aproveitar o sábado para manter mais íntimo
relacionamento com Cristo.”
A observância do sábado
revela que desistimos de confiar em nossas próprias obras, compreendendo que
somente Cristo, o Criador, pode nos salvar. Efetivamente, “o espírito da
verdadeira observância do sábado revela supremo amor por Jesus Cristo, o
criador e salvador, que nos está transformando em novas criaturas. Ela torna a
guarda do dia correto, da forma correta, um sinal de justificação pela fé”.
Símbolo
de descanso em Cristo.
O sábado – símbolo da
libertação divinamente orientada do povo de Israel da escravidão do Egito para
o descanso da Canaã terrestre – distinguiu os redimidos daqueles dias em
relação a todas as nações circunvizinhas. De modo similar é o sábado um sinal
de libertação do pecado e passagem para o descanso de Deus, o que separa os
redimidos do restante do mundo. “Porque aquele que entrou no descanso de Deus,
também ele mesmo descansou de suas obras, como Deus das suas” (Hebreus 4:10). “Este é um repouso espiritual, um descanso
de ‘nossas obras’, o término das obras de pecado. É para esse repouso que Deus
chama seu povo, e é deste descanso que tanto o sábado quanto Canaã são símbolos”.
Quando Deus completou sua
obra de criação e descansou no sétimo dia, ofereceu a Adão e Eva, no dia de
sábado, a oportunidade de descansarem com Ele. Embora tenham fracassado, o
propósito original de Deus, de oferecer o descanso à humanidade, permanece
inalterado. Após a queda, o sábado continuou sendo um sinal de descanso. “Portanto, a observância do sábado do sétimo
dia testifica da fé em Deus como criador de todas as coisas, bem como da fé em
seu poder de transformar a vida e preparar pessoas para aquele ‘descanso’
eterno, inicialmente planejado para os habitantes deste mundo”.
Deus prometera esse
descanso espiritual ao Israel literal. A despeito do fracasso desse povo em
entrar no descanso, o convite divino ainda permanece: “Portanto, resta um repouso para
o povo de Deus” (Hebreus 4:9). Todos os que desejarem ingressar nesse
repouso “devem primeiramente, entrar,
pela fé no descanso espiritual do pecado e de seus próprios esforços para a
salvação”.
O Novo Testamento apela
no sentido de os cristãos não esperarem para gozar deste descanso de graça e
fé, pois “hoje” é o tempo oportuno para nele ingressar (Hebreus 4:7; 3:13). Todos
os que entraram neste descanso – a redentora graça recebida pela fé em Jesus
Cristo – desistiram de qualquer esforço para alcançar a justificação por suas
próprias obras. Dessa maneira, a observância do sábado do sétimo dia representa
um símbolo da entrada do crente no descanso do evangelho.
Tentativas para alterar o
dia de adoração Uma vez que o sábado desempenha papel vital na adoração a Deus
como criador e redentor, não deveria constituir surpresa o fato de que Satanás
tem levado adiante uma guerra sem tréguas na tentativa de subverter essa
sagrada instituição. Em parte alguma a Bíblia autoriza a mudança do dia de
adoração que Deus instituiu no Éden e reafirmou no Sinai.
Outros cristãos, eles
próprios observadores do domingo, reconhecem isso. O cardeal católico James
Gibbons escreveu em certa oportunidade: “Você
poderá ler a Bíblia do Gênesis ao Apocalipse e não encontrará uma única linha
autorizando a santificação do domingo. As Escrituras ordenam a observância religiosa
do sábado”.
A. T. Lincoln, um
protestante, admite que “não se pode
argumentar que o Novo Testamento, por si mesmo, provê apoio para a crença de
que desde a ressurreição Deus indicou o primeiro dia da semana para ser
observado como sábado”. Ele reconhece: “Tornar-se observador do sábado do
sétimo dia é o único curso de ação consistente para qualquer pessoa que
sustente possuir todo o decálogo, a força de lei moral.”
Se não existem evidências
bíblicas de que Cristo ou os discípulos mudaram o dia de adoração do sábado
para o domingo, por que tantos cristãos aceitam hoje este último dia? O
surgimento da observância do domingo. A mudança do sábado para o domingo, como
dia de adoração, ocorreu gradualmente. Não existem evidências de santificação
semanal do domingo por parte dos cristãos antes do segundo século, mas as
evidências indicam que por volta da metade desse século alguns cristãos
observavam voluntariamente o domingo como dia de adoração, não como dia de
repouso.
A igreja de Roma,
composta em grande medida de crentes gentios (Romanos 11:13), liderou a
tendência no tocante à adoração dominical. Em Roma, a capital do Império,
existiam fortes sentimentos antijudaicos, os quais se tornaram ainda mais
fortes com o passar do tempo. Reagindo a tais sentimentos, os cristãos da
cidade procuraram mostrar que eram diferentes dos judeus. Abandonaram algumas
práticas que tinham em comum com os judeus e iniciaram a tendência de afastar-se
da adoração no sábado, caminhando gradualmente para a adoração exclusiva no
domingo.
Do segundo ao quinto
séculos, à medida que crescia a influência do domingo, os cristãos prosseguiram
observando o sábado em praticamente todos os lugares do Império Romano.
Sócrates, historiador do quinto século, escreveu: “Praticamente todas as igrejas do mundo celebram os sagrados mistérios
no sábado, todas as semanas, embora as igrejas cristãs de Alexandria e Roma,
por conta de algumas tradições antigas, tenham deixado de fazê-lo”. No
quarto e quinto séculos, muitos cristãos adoravam tanto no sábado quanto no
domingo.
Sozomen, outro
historiador desse período, escreveu: “O
povo de Constantinopla, e praticamente de todos os demais lugares, reúne-se no
sábado, bem como no primeiro dia da semana, costume este nunca observado em
Roma ou Alexandria”.
Essas referências indicam
a liderança de Roma no processo de abandono do sábado como dia de guarda. Por
que razão aqueles que estavam abandonando o sábado como dia de adoração
escolheram o domingo, e não qualquer outro dia da semana? A razão principal é
que Jesus havia ressuscitado no domingo; de fato, alegava-se que Ele autorizara
a adoração dominical. “Mas, estranho como
possa parecer, nenhum autor do segundo e terceiro séculos jamais citou um único
texto bíblico como prova da autorização de se observar o domingo em lugar do
sábado. Nem Barnabé, nem Inácio, nem Justino, nem Irineu, nem Tertuliano, nem
Clemente de Roma, nem Clemente de Alexandria, nem Orígenes, nem Cipriano, nem
Vitorino, nem qualquer outro autor que tenha vivido próximo ao período em que
Jesus vivera, conhecia qualquer instrução a esse respeito, deixada por Jesus ou
por qualquer texto bíblico”.
A popularidade e
influência que a veneração do Sol por parte dos pagãos do império trazia
consigo indubitavelmente contribuiu para tornar crescente a aceitação do
domingo como dia de adoração. A adoração do Sol ocupava lugar importante no
mundo antigo. Representava “um dos mais
antigos componentes da religião romana”. Em virtude dos cultos orientais ao
Sol, “a partir da porção inicial do segundo século d.C., o culto do Sol
Invictus se tornara dominante em Roma e em outras partes do império”.
Essa religião popular
exerceu impacto sobre a igreja cristã primitiva por meio dos novos conversos. “Conversos cristãos provenientes do
paganismo sentiam-se constantemente atraídos em direção à veneração do Sol.
Isto é indicado não apenas pela frequente condenação da prática por parte dos
pais da igreja, como também pelos significativos reflexos da adoração do Sol na
liturgia cristã”.
O quarto século
testemunhou a introdução de leis dominicais. Em primeiro lugar, foram impostas
leis dominicais de caráter civil, depois vieram as leis dominicais de caráter
religioso. O imperador Constantino o
Grande estabeleceu o primeiro decreto dominical civil em 7 de março de 321 d.C. Em vista da popularidade do domingo entre
os adoradores pagãos do Sol e da estima que muitos cristãos lhe dedicavam,
Constantino tinha a esperança de que, tornando o domingo um dia santo, obteria
ele o apoio das duas correntes em favor de seu governo.
O decreto dominical de
Constantino refletia suas próprias origens como adorador do Sol. Diz o texto: “No venerável Dia do Sol [venerabili die
Solis] devem os magistrados e as pessoas que residem nas cidades descansar, e
devem fechar todas as casas de comércio. No campo, entretanto, as pessoas
envolvidas na agricultura podem livre e legalmente continuar com suas tarefas”.
Várias décadas mais
tarde, a igreja seguiu o seu exemplo. O
Concílio de Laodiceia (encerrado em 364 d.C.), o qual não foi um concílio
universal, e sim apenas católico romano, emitiu a primeira lei dominical
eclesiástica. No cânone 29, a igreja estabeleceu que os cristãos deveriam
honrar o domingo e, “se possível, não trabalhar neste dia”, ao mesmo tempo em
que se denunciava o repouso no sábado, instruindo os cristãos a não ficarem
“inativos no sábado [grego sabbaton, ‘sábado’], pois deveriam trabalhar neste
dia”.
Em 538 d.C., o ano que
marcou o início do período profético de 1.260 anos, o Terceiro Concílio de
Orleans da Igreja Católica Romana emitiu uma lei ainda mais severa que a de
Constantino. O cânone 28 desse concílio diz que no domingo “mesmo a agricultura
deve cessar seus labores, de modo que as pessoas não sejam privadas de
frequentar a igreja”.
Profetizada a mudança. A
Bíblia revela que a observância do domingo como instituição cristã tem sua
origem no “mistério da iniquidade” (2Tessalonisenses 2:7), o qual já se
encontrava em operação nos dias de Paulo Por meio da profecia de Daniel 7, Deus
revelara seu conhecimento antecipado quanto à mudança do dia de adoração. A
visão de Daniel retrata um ataque contra a lei de Deus e contra seu povo. O
poder atacante, representado por um chifre pequeno (e por uma besta em
Apocalipse 13:1-10), traz consigo a grande apostasia no seio da igreja cristã.
Surgindo a partir da
quarta besta e se tornando um grande poder perseguidor depois da queda de Roma
(ver capítulo 19), o chifre pequeno efetua tentativas no sentido de “mudar os
tempos e a lei” (Daniel 7:25). O poder apóstata obtém grande sucesso em enganar
a maior parte do mundo, mas, no final, o julgamento será pronunciado contra ele
(Daniel 7:11, 22, 26). Durante a tribulação final, Deus intervirá em favor de
seu povo e o livrará (Daniel 12:1-3). Essa profecia corresponde a apenas um
poder dentro do cristianismo. Existe apenas uma organização religiosa que
pretende possuir as prerrogativas para modificar leis divinas.
Observe o que as
autoridades católico-romanas têm reivindicado ao longo da história: Por volta
de 1400 d.C., Pedro de Ancarano afirmou que “o
papa pode modificar a lei divina, uma vez que seu poder não provém do homem,
mas de Deus, e ele age em lugar de Deus sobre a Terra, com pleno poder para comprometer
ou liberar suas ovelhas”. O impacto dessa surpreendente assertiva foi
sentido durante a Reforma. Lutero dizia que as Sagradas Escrituras, e não a
tradição da igreja, representavam o guia de sua vida. Seu lema foi sola
scriptura – “a Bíblia e a Bíblia somente”.
John Eck, um dos mais
destacados defensores da fé católica romana, atacou Lutero neste ponto,
reivindicando que a autoridade da igreja se encontrava acima da das Escrituras.
Ele desafiou Lutero no tocante à observância do domingo em lugar do sábado.
Disse Eck: “As Escrituras ensinam: ‘Lembra-te do dia de sábado para o
santificar; seis dias trabalharás e farás toda a tua obra, mas o sétimo dia é o
sábado do Senhor teu Deus’, etc. Entretanto, a igreja mudou o sábado para o
domingo com base em sua própria autoridade, e para isto você [Lutero] não tem
Escritura”.
Por ocasião do Concílio
de Trento (1545 a 1563), convocado pelo papa com a finalidade de conter o
protestantismo, Gaspare de Fosso, arcebispo de Reggio, trouxe outra vez o
assunto à baila, dizendo: “A autoridade da igreja é, pois, ilustrada mais
claramente pelas Escrituras; pois ao passo que de um lado ela [a igreja] as
recomenda, declara-as como divinas [e] as oferece para serem lidas, [...] por
outro lado, os preceitos legais das Escrituras, ensinados pelo Senhor, cessaram
em virtude da mesma autoridade [da igreja].
O sábado, o mais glorioso
dia da lei, foi modificado para o Dia do Senhor. [...] Esses e outros assuntos
similares não cessaram em virtude dos ensinamentos de Cristo (pois Ele declarou
que não veio para destruir a lei e sim para cumpri-la), mas foram modificados
pela autoridade da igreja”. Porventura mantém a igreja ainda essa posição? Na
edição de 1977 do The Convert’s Catechism of Catholic Doctrine aparece esta
série de perguntas e respostas: “P. Qual é o sábado? “R. O sábado é o sétimo
dia. “P. Por que observamos o domingo em lugar do sábado? “R. Observamos o
domingo em lugar do sábado porque a Igreja Católica transferiu a solenidade do
sábado para o domingo”.
Em seu best-seller The
Faith of Millions (1974), o erudito católico romano John A. O’Brien chegou a
esta constrangedora conclusão: “Uma vez
que o sábado, e não o domingo, é especificado na Bíblia, não é curioso que os
não católicos que professam obter sua religião diretamente da Bíblia e não da
igreja observem o domingo em lugar do sábado? Sim, efetivamente, isto é
incoerente”. O costume da observância do domingo, diz ele, “repousa sobre a autoridade da Igreja
Católica, e não sobre um texto explícito da Bíblia. Essa observância permanece
como uma lembrança da igreja-mãe, da qual as seitas não católicas se originaram
– tal como um garoto que foge de casa, mas ainda carrega em seu bolso uma
fotografia da mãe ou uma mecha de seus cabelos”. A pretensão de possuir
semelhantes prerrogativas cumpre a profecia e contribui para a identificação do
poder representado pelo chifre pequeno.
A
restauração do sábado.
Em Isaías 56 e 58, Deus
convida Israel para a reforma do sábado. Revelando as glórias da futura reunião
dos gentios em seu rebanho (Isaías 56:8), Ele associa o sucesso dessa missão
salvadora com a santificação do sábado (Isaías 56:1, 2, 6, 7). Ele esboça
cuidadosamente a obra específica de seu povo. Embora sua missão seja de
extensão mundial, ela se dirige especialmente para uma classe de pessoas que
professam ser crentes mas que em realidade se apartaram de seus preceitos (Isaías
58:1, 2). Ele expressa a sua missão para esses professos crentes nos seguintes
termos: “Os teus filhos edificarão as
antigas ruínas; levantarás os fundamentos de muitas gerações e serás chamado
reparador de brechas e restaurador de veredas para que o país se torne
habitável. Se desviares o pé de profanar o sábado e de cuidar dos teus próprios
interesses no meu santo dia; se chamares ao sábado deleitoso e santo dia do
SENHOR, digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, não
pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falando palavras vãs, então, te
deleitarás no SENHOR” (Isaías 58:12-14).
A missão do Israel
espiritual constitui um paralelo da que pertencia ao Israel antigo. A lei de
Deus foi quebrada quando o poder do chifre pequeno modificou o sábado. Da mesma
forma como o sábado, desconsiderado e pisado, deveria ser restaurado em Israel,
assim nos tempos modernos a divina instituição sabática deve ser restaurada e a
brecha na lei de Deus deve ser reparada.
É a proclamação da
mensagem de Apocalipse 14:6 a 12, em conexão com o evangelho eterno, que haverá
de cumprir essa obra de restauração e exaltação da Lei. E é a proclamação dessa
mensagem que representa a missão da igreja de Deus nos dias que antecedem o
segundo advento (ver capítulo 13 deste livro). Essa mensagem deve circundar o
mundo, convidando todas as pessoas a que se preparem para a hora do julgamento.
As palavras que exortam à
adoração do Criador, “Aquele que fez o
céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas” (Apocalipsse 14:7),
constituem uma referência direta ao quarto mandamento da eterna lei de Deus.
Sua inclusão nesta advertência final confirma o interesse especial de Deus em
ter seu sábado, tão amplamente esquecido, restaurado antes do segundo advento.
A apresentação dessa mensagem precipitará um conflito que envolverá o mundo
inteiro. A questão central será a obediência à lei de Deus e a observância do sábado.
Em face a este conflito, todas as pessoas terão de decidir se guardarão os
mandamentos de Deus ou os dos homens. Essa mensagem produzirá um povo que
guardará os mandamentos de Deus e a fé de Jesus. Aqueles que a rejeitarem
acabarão recebendo a marca da besta (Apocalipse 14:9, 12).
O bom desempenho da
missão de glorificar a Lei de Deus e honrar o seu negligenciado sábado,
dependerá, por parte do povo de Deus, da observância consistente e amorável do
sagrado dia de sábado. A observância do sábado Para nos “lembrar” do dia de
sábado e o conservarmos santo (Êxodo 20:8), necessitamos pensar nele durante
toda a semana, efetuando os preparativos necessários para que possamos
observá-lo de maneira que agrade a Deus.
Deveríamos ser cuidadosos
em não exaurir nossas energias durante a semana, a tal ponto que no sábado não
nos sintamos em condição de participar da adoração sabática. Pelo fato de ser o
sábado um dia de comunhão especial com Deus, no qual somos convidados a
celebrar sua graciosa atividade como criador e redentor, é importante que
afastemos de nós tudo que possa contribuir para reduzir sua sagrada atmosfera.
A Bíblia especifica que
durante o sábado devemos cessar nossas atividades seculares (Êxodo 20:10),
evitando todo trabalho realizado para ganhar a vida, e todas as transações
comerciais (Neemias 13:15-22). Devemos honrar a Deus não seguindo os nossos
próprios caminhos, não pretendendo fazer a nossa vontade, nem falando palavras
vãs (Isaías 58:13). Se devotarmos esse dia ao nosso próprio agrado, se nos
envolvermos em conversas seculares ou em seculares interesses e pensamentos, ou
se nos envolvermos em esportes, nos afastaremos da comunhão com o nosso Criador
e violaremos a santidade do sábado.
Nossa preocupação com o
mandamento do sábado deveria se estender a todos os que se acham sob a nossa
jurisdição – nossos filhos, aqueles que nos prestam serviço e mesmo as nossas
visitas e os nossos animais (Êxodo 20:10) – de modo que também eles possam
desfrutar as bênçãos do sábado. O sábado se inicia no pôr do sol da sexta-feira
e finaliza-se no pôr do sol do sábado (Gênesis 1:5; Marcos 1:32).
As Escrituras consideram
o dia que antecede o sábado (sexta-feira) como o dia de preparação (Marcos
15:42), um dia em que nós devemos preparar para o sábado, de tal modo que nada
venha a deteriorar a sua santidade. Nesse dia, aqueles que têm o dever de
preparar a alimentação da família deveriam preparar a comida para o sábado, de
modo que durante as horas sagradas eles possam também repousar de seus labores
(Êxodo 16:23; Números 11:8).
Ao se aproximarem as
sagradas horas do sábado, é bom que os membros da família ou grupos de crentes
se reúnam, pouco antes do pôr do sol, para juntos cantar, orar e estudar a
Palavra de Deus, convidando desse modo o Espírito Santo como hóspede bem-vindo.
Da mesma forma, deveriam assinalar o término do dia sagrado com o mesmo tipo de
reunião, suplicando a presença e orientação de Deus ao longo da semana que está
começando.
O Senhor estimula eu povo
a converter o dia de sábado em dia deleitoso (Isaías 58:13). Como podem eles
obter essa experiência? Somente se seguirem o exemplo de Cristo, o Senhor do
sábado, é possível conservar a esperança de experimentar real satisfação e a
alegria que Deus tem preparado para este dia. Cristo adorava regularmente aos
sábados, participando de cerimônias e instruindo as pessoas em assuntos
religiosos (Marcos 1:21; 3:1-4; Lucas 4:16-27; 13:10). Mas Ele fazia mais do
que simplesmente prestar culto. Desfrutava de comunhão com outros (Marcos
1:29-31; Lucas 14:1), gastava parte do tempo fora de casa (Marcos 2:23) e
praticava sagrados atos de misericórdia. Sempre que possível, curava os
enfermos e aflitos (Marcos 1:21-31; 3:1-5; Lucas 13:10-17; 14:2- 4; João
5:1-15; 9:1-14).
Quando criticado face a
suas obras de alívio ao sofrimento, Jesus replicou: “É lícito, nos sábados, fazer o
bem” (Mateus 12:12). Suas atividades curadoras não transgrediram o
sábado, muito menos o aboliram. Mas elas significaram o fim do pesado fardo de
regulamentos humanos que haviam conduzido à distorção do significado do sábado
como instrumento divino de refrigério e deleite espirituais. Deus pretendia que
o sábado servisse para o enriquecimento espiritual da humanidade. Atividades
que estimulem a comunicação com Deus são apropriadas; aquelas que nos desviam
do propósito de conservar santo esse dia são inapropriadas.
O Senhor do sábado
convida a todos a que sigam o seu exemplo. Aqueles que atendem seu chamado
desfrutam do sábado como dia de deleite e festa espiritual – um antegozo do
Céu. Descobrem que “o sábado foi
designado por Deus para prevenir o desencorajamento espiritual. Semana após
semana, o sétimo dia conforta a nossa consciência, assegurando-nos que, a
despeito de nossos caracteres imperfeitos, somos completos em Cristo. Suas realizações
no Calvário servem como nossa expiação. Ingressamos em seu repouso”. Os
puritanos consideram o domingo como sendo o sábado cristão.
Interessante observar que
foi em um “grande dia” que Jesus repousou no sepulcro – pois aquele sábado era
tanto o sétimo dia da semana quanto o primeiro dia da Semana dos Pães Asmos.
Que dia extraordinário para que ali culminasse a redenção! O “está muito bom”
da criação fundiu-se com o “está feito” da redenção, uma vez que o Autor e
Consumador uma vez mais repousou diante de sua obra completa.
O legalismo pode ser
definido como “tentativa de obter a salvação por meio de esforços individuais.
Ele se conforma com a lei e certas observâncias como meios de justificação
perante Deus. Isso é um equívoco, pois ‘pelas
obras da lei nenhuma carne será justificada à sua vista’ (Romanos 3:20)”.
Shuler prossegue:
“Aqueles que denunciam a observância do sábado como legalismo necessitam
considerar o seguinte: se um cristão que experimentou o novo nascimento se
restringe da adoração a falsos deuses e mantém reverência, segundo é ordenado
pelo primeiro e terceiro mandamentos, está ele se opondo à salvação pela graça?
São a pureza, a honestidade e a verdade, conforme advogadas pelo sétimo, oitavo
e nono mandamentos, opostas à livre graça de Deus? A resposta é NÃO face a
ambas as questões. Sendo assim, a guarda do sétimo dia por uma pessoa renovada
não constitui legalismo, tampouco é ela contrária à salvação pela graça
somente. Efetivamente, o mandamento do sábado é o único preceito da Lei que foi
estabelecido como sinal de libertação do pecado e santificação exclusivamente
pela graça”
Por que os
adventistas guardam o sábado?
Quando
guardamos o sábado estamos lembrando de que há um Deus Criador, e que não
estamos no mundo por acaso; dizemos ao mundo que cremos no Eterno e que
admiramos os Seus feitos na criação e na salvação do ser humano. Prof. Leandro S. Quadros
Nós,
Adventistas do Sétimo Dia, temos como princípio a observância do Sábado porque
Deus, ao terminar o mundo em seis dias, estabeleceu um dia, o sábado, para que o ser humano parasse
com suas atividades e repousasse em Sua companhia: “Assim, pois, foram acabados os céus e a terra e todo o seu exército.
E, havendo Deus terminado no dia sétimo a sua obra, que fizera, descansou nesse
dia de toda a sua obra que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo e o
santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, fizera”
(Gênesis 2:1-3).
Deus
estabeleceu o sábado para que fosse um “memorial do Criador” e um “memorial da
Criação”. É também um “memorial da redenção”, de nossa libertação do pecado
(Deuteronômio 5:15). Quando guardamos o sábado estamos lembrando de que há um
Deus Criador, e que não estamos no mundo por acaso; dizemos ao mundo que cremos
no Eterno e que admiramos os Seus feitos na criação e na salvação do ser
humano.
Jesus Cristo
guardou o Sábado e tal costume se propagou entre os apóstolos:
Ø
“Indo para Nazaré,
onde fora criado, entrou, num sábado, na sinagoga, segundo o seu costume, e
levantou-se para ler”
(Lucas 4:16).
Ø
“No sábado, saímos
da cidade para junto do rio, onde nos pareceu haver um lugar de oração; e,
assentando-nos, falamos às mulheres que para ali tinham concorrido” (Atos 16:13).
Ø
“Paulo, segundo o
seu costume, foi procurá-los e, por três sábados, arrazoou com eles acerca das
Escrituras”
(Atos 17:2).
Ø
“E, posto que eram
do mesmo ofício, passou a morar com eles e ali trabalhava, pois, a profissão
deles era fazer tendas. E todos os sábados discorria na sinagoga, persuadindo
tanto judeus como gregos” (Atos 18:3-4).
Ø
“E ali permaneceu
um ano e seis meses, ensinando entre eles a palavra de Deus” (Atos 18:11).
Por
esses textos podemos perceber que o Senhor Jesus tinha como costume ir à igreja
todos os sábados, ao invés de trabalhar na carpintaria (Marcos 6:3). O apóstolo
Paulo também tinha o costume de ir à igreja aos sábados. Só na cidade de
Corinto, onde ele permaneceu um ano e seis meses (Atos 18:11), ele guardou
cerca de 78 sábados! Quando Paulo esteve na cidade de Filipos, não havia uma
sinagoga e muito menos uma igreja cristã. Então, no dia de sábado ele encontrou
um lugar apropriado para a oração e culto junto à natureza (Atos 16:13).
Os
primitivos cristãos, inclusive Maria, após a morte de Cristo, também observavam
o sétimo dia: “Era o dia da preparação, e
começava o sábado. As mulheres que tinham vindo da Galileia com Jesus,
seguindo, viram o túmulo e como o corpo fora ali depositado. Então, se
retiraram para preparar aromas e bálsamos. E, no sábado, descansaram, segundo o
mandamento” (Lucas 23:54-56). O sábado é um momento em que podemos ter um
lindo encontro com o Senhor Jesus Cristo. A cada final de semana, podemos
desfrutar desse maravilhoso companheirismo com o Salvador, Deus o Pai, e com o
Espírito Santo. É um dia em que podemos também estar por mais tempo na
companhia da família e das pessoas que amamos. Durante a semana, pouco falamos
com nosso cônjuge ou filhos, e o sábado é uma oportunidade para restabelecermos
os laços familiares.
A
Bíblia diz que o sábado será também observado na Nova Terra: “Porque, como os novos céus e a nova terra,
que hei de fazer, estarão diante de mim, diz o SENHOR, assim há de estar a
vossa posteridade e o vosso nome. E será que, de uma Festa da Lua Nova à outra
e de um sábado a outro, virá toda a carne a adorar perante mim, diz o SENHOR”
(Isaías 66:22-23). Na Nova Terra iremos guardar o sábado como um sinal do
eterno reconhecimento de que Cristo criou o paraíso do Éden e criou os novos
céus e a nova terra de justiça e santidade. Portanto, o ideal é nos
acostumarmos a santificar o sétimo dia aqui, nesta vida.
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Mais
que um dia de guarda, o Sábado é um sinal de fidelidade a Deus. No livro do
Apocalipse temos a descrição de como serão os últimos eventos da história de
nosso mundo. Somos informados de que há uma batalha entre o bem e o mal
(Apocalipse 12:7-9) e que o desfecho se dará na adoração. Deus faz um chamado
em Apocalipse 14 para que todos adoremos a Ele e não ao poder político e
religioso apóstata. E o modo que Deus escolheu para demonstrarmos que O
adoramos é a guarda do sábado. Veja: “…
Temei a Deus e dai-lhe glória, pois é chegada a hora do seu juízo; e adorai
aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas”
(Apocalipse 14:7).
A
seguir, compare esse convite de Apocalipse com o texto de Êxodo 20:11 para que
perceba a plenitude da mensagem de Apocalipse 14:7: “… porque, em seis dias, fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo o
que neles há e, ao sétimo dia, descansou; por isso, o SENHOR abençoou o dia de
sábado e o santificou” (Êxodo 20:11).
Veja
que a semelhança entre Apocalipse 14:7 e Êxodo 20:11 nos dá a razão para
observamos o Sábado! O texto de Apocalipse está parafraseando o 4º mandamento!
É um convite para que adoremos a Deus no sábado. Veja também que essa mensagem
é para os últimos dias e tem um caráter urgente! Portanto, Deus está chamando
um povo para que O adore com fidelidade. A adoração sempre foi e sempre será
(até Jesus voltar) o ponto de controvérsia entre o bem e o mal. De um lado,
está Deus, pedindo que O adoremos; de outro, um poder exigindo adoração para si
mesmo, pedindo que os cristãos guardem outro dia.
A quem iremos
servir? A quem vamos obedecer? Que possam ser nossas as palavras do
apóstolo Pedro e dos demais apóstolos: “Então,
Pedro e os demais apóstolos afirmaram: Antes, importa obedecer a Deus do que
aos homens” (Atos 5:29).
E,
lembre-se: nossa maior motivação em guardar o sábado deve ser o amor ao Senhor
Jesus: “Se me amais, guardareis os meus
mandamentos” (João 14:15). Esse amor é desenvolvido pela comunhão com Ele.
Por essas e outras razões, nós, Adventistas do Sétimo Dia, guardamos o sábado.
É um memorial eterno do Criador e Redentor. Nos últimos dias Deus está nos
chamando para que O honremos por meio da adoração e o dia que Ele escolheu para
que guardássemos é o sábado, observado por Jesus, os primitivos cristãos, Maria
e os apóstolos. Um forte abraço! Equipe
Biblia.com.br
Textos bíblicos
fundamentam a teologia do sábado. Estudaremos apenas dois ligados à Criação.
O primeiro é Gênesis
2:1-3. “Assim, pois, foram
acabados os céus e a terra e todo o seu exército. E, havendo Deus terminado no
dia sétimo a sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a sua obra que
tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou
de toda a obra que, como Criador, fizera”.
Embora
neste texto não apareça o substantivo hebraico shabbath (sábado), que significa
descanso, por duas vezes ocorre o verbo hebraico shabath, descansou. A etimologia aponta somente o dia de sábado histórico
como o sétimo dia da semana da Criação, Deus pôs tríplice distinção: Ele descansou, abençoou e santificou.
(a)
Ao descansar no sétimo dia: Deus
providenciou um modelo oficial ao homem. O Novo Testamento confirma que Ele fez
o sábado para o homem (Marcos 2:27). Conforme Hasel, “Deus
estabeleceu o modelo para Sua criação”. Parece evidente que o homem, feito à
imagem de Deus, também deveria descansar no dia de descanso do seu Criador (Gênesis
1:27). Em acordo, LaRondelle afirma que a imago Dei (imagem de Deus)
sugere a imitatio Dei (imitação de Deus).
(b)
Aquele que descansou no sétimo dia foi o
próprio Filho de Deus. Foi a segunda Pessoa da eterna Divindade, o Criador
mencionado em Gênesis 2:1-3 que estabeleceu o sábado original (João
1:1-3, 14; 1Coríntios 8:6; Colossenses 1:16, 17; Hebreus 1:1-2) . Logo,
o Criador é o mesmo Senhor do sábado (Marcos
2:28; Apocalipse 1:10).
(c)
Ao descansar no sábado, Deus
estabeleceu-o como perpétuo dia da alegria pela Criação concluída. Mas seu
repouso não foi de “exaustão”, pois o Criador “não se cansa nem se fatiga” (Isaías
40:28). Não foi restaurativo, porém conclusivo, e de “satisfação” pela Sua
obra criada, pois “viu Deus tudo quanto
fizera, e eis que era muito bom” (Gênesis 1:31). A propósito, Adão e
Eva não estavam cansados ao participar do repouso e alegria do Criador. Em sua
perfeição, e inocentes atividades do Éden, eles não conheciam nosso peculiar
cansaço e estresse (Gênesis 2:15). Depois, porém, da queda do homem, (o sétimo dia)
proporcionou também o necessário repouso físico (Gênesis 3:17-19). Ao
descansarmos no sábado podemos usufruir refrigério físico e mental, e mais que
isso: podemos nos alegrar na criação de Deus, e por atuarmos como Seus mordomos
responsáveis sobre a criação (Gênesis 1:27-28).
(d)
Deus abençoou exclusivamente o sétimo
dia para um propósito superior (Gênesis 2:3). A palavra abençoou é
tradução do termo hebraico bamkh, usado em Gênesis 1:22 e 28, sobre os animais
e a humanidade, a fim de se multiplicarem. Implica em uma bênção divina, ativa
e permanente. Mas, ao abençoar o sétimo dia, Deus tinha um propósito
espiritual. O homem necessitava permanentemente do sábado para manter comunhão
e adorar o Criador (Apocalipse 14:7), para que pudesse de maneira mais ampla
contemplar as obras de Deus, e meditar em seu poder e bondade.
(e)
O ato do Criador de abençoar o sétimo
dia implica na sua instituição como memorial da Criação e em bênçãos
reservadas aos que o guardam fielmente (Isaías 56:2-7). Ele repousou no sétimo
dia, abençoou-o como o dia do Seu repouso e o deu aos seres que criou, para que
eles pudessem lembrar-se dEle como o Deus vivo e verdadeiro.
(f)
Deus apartou o sábado exclusivamente
para uso santo (Isaías 58:13-14). Este é o terceiro aspecto distintivo do
sétimo dia. O significado mais básico do termo hebraico qadash (santificar) é
separação. O sábado foi santificado para culto e adoração, assim como foi o
costume do Filho de Deus (Lucas 4:16). Mas por que Deus abençoou
e santificou somente o sábado do sétimo dia? É uma questão inteiramente da
autoridade divina, e da diferença mais básica entre Deus e os homens. Ele é o
Criador e nós Suas criaturas.
(g)
A instituição do sábado precede a
entrada do pecado no mundo. Portanto, o sábado nada tem de prefigurativo,
ou de aplicação restrita a qualquer povo. Adão e Eva não eram judeus (Lucas
3:38), os quais vieram a existir somente milhares de anos depois. A
instituição do sábado do sétimo dia como dia santo de repouso é tratado em
Gênesis como assunto universal, e nunca nacional.
(h)
Ao descansar no sétimo dia, abençoá-lo e
santificá-lo, Deus tinha o propósito de entrar em aliança de amor com Adão
e seus descendentes (Isaías 56:4-7). Para Karl Barth “a história da aliança foi
realmente estabelecida no evento do sétimo dia”.
O segundo texto essencial
para fundamentar a teologia do sábado é Êxodo 20:8-11: “Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás,
e farás todo o teu trabalho; mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus.
Nesse dia não farás trabalho algum, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o
teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o estrangeiro que está dentro
das tuas portas. Porque em seis dias fez o Senhor o céu e a terra, o mar e tudo
o que neles há, e ao sétimo dia descansou; por isso o Senhor abençoou o dia do
sábado, e o santificou”. A seguir, alguns aspectos referentes ao quarto
mandamento.
(1)
Deus destacou este mandamento,
colocando o sábado no centro da Sua aliança, os Dez Mandamentos, e depois,
dentro da Arca da Aliança (Deuteronômio 4:13; Êxodo 31:18; 1 Reis 8:9;
2 Crônicas 5:10).
(2)
O quarto mandamento é o único que
identifica o Senhor como Criador do céu e da Terra. A conexão de Êxodo
20:8-11 com Gênesis 2:1-3 também deixa claro que a guarda do santo sábado
não surgiu no Sinai. Lá Deus reafirmou o dever de todo homem (Eclesiastes
12:13; Gênesis 26:5). De fato, os que obedecem a Deus e guardam o
sábado igualmente recebem a bênção do patriarca Jacó (Isaías 58:13-14). Ao
observarmos o sábado, demonstramos reconhecer a Deus como o Deus vivo, Criador
do céu e da Terra. Não é por acaso que o mundo está tomado pela “idolatria, ateísmo e incredulidade”.
(3)
“O sétimo dia é o sábado do Senhor teu
Deus”. Bondosamente, Deus confirmou o óbvio no Sinai. O sétimo dia da
semana, no tempo de Moisés, era o mesmo santo sábado do Senhor desde a Criação.
Como alguém disse, “não existe um sábado fora do sétimo dia, e nenhum sétimo
dia fora do sábado”. Deus relacionou no mandamento aspectos comuns do homem:
teu trabalho, teu filho, tua filha, teu servo, tua serva, teu animal. Porém,
note a declaração: “Mas o sétimo dia é o
sábado do Senhor teu Deus”. Em Isaías 58:13 também foi ordenado ao
homem que retire seu pé do sábado, por ser o “santo dia do Senhor”. O Criador
ainda reivindica ser o Senhor do sábado (Lucas 6:5). Deus santificou o
sétimo dia. Essa porção específica de tempo, separada pelo próprio Deus para
culto religioso, continua hoje tão sagrada como quando pela primeira vez foi santificada
pelo nosso Criador.
(4)
O Senhor ordenou ao homem lembrar e
santificar o sábado do sétimo dia. Isto requer união com Deus, pois a fim
de santificar o sábado, os homens precisam ser eles próprios santos. Devem,
pela fé, tornar-se participantes da justiça de Cristo. Logo, o sábado é um
sinal distintivo de que o Criador nos santifica e que Ele é o nosso Deus (Ezequiel
20:12, 20). Evidentemente que a ordem para lembrar também implica na
óbvia existência do santo sábado antes do Sinai (Êxodo 16:1-36).
Afinal,
como poderia alguém recordar algo que não existia? Outra implicação óbvia
decorrente da ordem divina de lembrar é que o ciclo semanal não fora perdido do
Éden ao Sinai. Caso contrário, ninguém poderia guardar o verdadeiro dia de
descanso. De fato, os dias da semana da Criação foram sete períodos de tempo de
24 horas, literais, históricos, contínuos, e contíguos, assim como na semana
dos dias de Moisés e de Cristo (Lucas 4:16; 23:54-56). Afinal, por
que razão santificar um dia de 24 horas como memorial de uma criação
supostamente ocorrida durante milhões de anos?
(5)
A guarda do quarto mandamento requer
abstinência de atividades seculares nas horas sagradas do dia do sábado. A
ordem: Nesse dia não farás trabalho algum” é igualmente extensiva aos filhos,
empregados, animais e ao “estrangeiro dentro das tuas portas. O motivo é o
mesmo apresentado em Gênesis 2:1-3: “Porque em seis dias fez o Senhor o céu e a terra, o mar e tudo o que
neles há, e ao sétimo dia descansou; por isso o Senhor abençoou o dia do
sábado, e o santificou”.
O
anjo de Apocalipse 14:6 e 7 convida o mundo inteiro para adorar “aquele que fez o Céu, e a Terra, e o mar, e
as fontes das águas”. Deus não esqueceu do seu sábado do sétimo dia. Que
nós façamos o mesmo para Sua glória (verso 6).