3º Marcos
2:23-28 e Mateus 12:3-8.
“Ora,
aconteceu atravessar Jesus, em dia de sábado, as searas, e os discípulos, ao
passarem, colhiam espigas. Advertiram-no
os fariseus: Vê! Por que fazem o que não é lícito aos sábados? Mas ele lhes respondeu: Nunca lestes o que
fez Davi, quando se viu em necessidade e teve fome, ele e os seus companheiros? Como entrou na Casa de Deus, no tempo do sumo
sacerdote Abiatar, e comeu os pães da proposição, os quais não é lícito comer,
senão aos sacerdotes, e deu também aos que estavam com ele? E acrescentou: O sábado foi estabelecido por
causa do homem, e não o homem por causa do sábado; de sorte que o Filho do Homem é senhor também
do sábado”. (Marcos 2:23-28).
“Mas
Jesus lhes disse: Não lestes o que fez Davi quando ele e seus companheiros
tiveram fome? Como entrou na Casa de
Deus, e comeram os pães da proposição, os quais não lhes era lícito comer, nem
a ele nem aos que com ele estavam, mas exclusivamente aos sacerdotes? Ou não lestes na Lei que, aos sábados, os
sacerdotes no templo violam o sábado e ficam sem culpa? Pois eu vos digo: aqui está quem é maior que o templo. Mas, se vós soubésseis o que significa:
Misericórdia quero e não holocaustos, não teríeis condenado inocentes. Porque o Filho do Homem é senhor do sábado”.
(Mateus 12:3-8).
O
sábado Bíblico remonta da criação do mundo. Ao Deus terminar sua obra criadora,
Ele estabeleceu o sábado, o qual abençoou e santificou (Gênesis 2:1-3). Isto
mostra-nos o quando Deus tornou o sábado um dia santo, ou seja, “separado” para
uso santo.
O
Eterno Deus estabeleceu o sábado como memorial da criação, como o objetivo de
conservar na mente de seus filhos o verdadeiro motivo pelo qual Ele deve ser
adorado – Porque Ele é o Criador, e nós as suas criaturas. O estabelecimento do
sábado foi para manter na mente humana a lembrança de que há um Deus Criador e
que não estamos no mundo por acaso. É uma proteção contra o ateísmo e
idolatria.
O
sábado (hebraico Shabbath) foi criado por Deus para que pudéssemos desfrutar um
dia inteiro de comunhão com o Ele e nossa família; Deus viu que iríamos
precisar santificar um dia, pois durante a semana não temos tempo integral (só
poucas horas) para adorar a Deus e estar com a família. O sábado é meio divino
de nos colocar em maior comunhão com Deus e com a família e um remédio contra o
estresse, devido á possibilidade de descanso total das obras rotineiras.
Sendo
que a guarda do sábado é tão importante, como harmonizar isto com alguns textos
Bíblicos que falam que Jesus curou no sábado e permitiu que os discípulos
colhessem espigas neste dia?
Vejamos:
Porque
Jesus curou nos sábados e permitiu que os discípulos colhessem espigas?
Os
fariseus tinham fanatizado a guarda do Sábado. Nas leis deles, era proibido
caminhar mais que um quilômetro aos sábados; se uma pessoa deixasse cair um
lenço, não poderia juntá-lo por que era Sábado; tinha-se aproximadamente
trezentas regras em relação ao dia de guarda.
Ao
permitir que os discípulos colhessem espigas no Sábado, ao curar as pessoas
neste dia, Cristo não estava abolindo o mandamento. Ele estava ensinando-os a
guardarem o sábado do modo correto. O próprio Jesus disse que “é lícito fazer o
bem aos sábados” (Mateus 12:12). O Sábado é um dia próprio para fazermos obras
de caridade, auxiliar os enfermos, visitar orfanatos e asilos, dar estudos
Bíblicos.
Notemos
que o Senhor disse “é lícito fazer o bem”, e não trabalhar, pois desviaria
nossa atenção de Deus. Deus nos deu seis dias da semana para fazermos o que
quisermos; Ele exige apenas um dos dias integrais da semana para dedicarmos em
comunhão contínua com Ele.
Jesus
guardou a lei: “Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor;
assim como também eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e no seu amor
permaneço”. (João 15:10).
Durante
a semana trabalhava na carpintaria, mas no sábado ia á igreja, “segundo seu
costume”: “Indo para Nazaré, onde fora criado, entrou, num sábado, na sinagoga,
segundo o seu costume, e levantou-se para ler”. (Lucas 4:16).
“Aquele
que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como ele andou”. (1
João 2:6 ). Eu quero seguir o exemplo de Jesus e andar como ele andou.
Portanto,
o simples ato de colher espigas no sábado não foi um pecado, pois eles não
estavam fazendo uma “colheita” (o que as escrituras não aprovam – ver Êxodo
34:21), mas apenas colhendo para “comer”, assim como se faz ao comer uma
“fruta”. Não é pecado apanhar uma fruta para comer no Sábado. Jesus com esta
lição queria ensinar isto ao povo da época.
[7]“Os
sacerdotes...violam o sábado”. – O raciocínio do Senhor neste passo é muito
claro: se seus discípulos estavam profanando o sábado por colherem espigas para
come-las a seguir (o que era perfeitamente legal), então os atos dos sacerdotes
ao cumprirem sua função religiosa no templo (e faziam sacrifícios em dobro
nesse dia, cf. Números 28:9) seriam também transgressão.
Caso,
por suas palavras, Cristo estivesse afirmando que os sacerdotes desrespeitavam
o mandamento, então realmente se poderá concluir que Deus deu ao povo uma lei
santa ordenando a santificação do sábado, para depois transmitir a Moisés outra
lei eclesiástica que resultaria em violação semanal do sábado ...
É
evidente, que o isso da palavra “violam” deve aqui ser compreendido no contexto
daquela controvérsia, e a referência de Cristo aos sacerdotes foi simplesmente
como ilustração da declaração que pouco depois faria: “Logo, é lícito fazer
bem, aos sábados”. (v.12).
4º Marcos 2:27.
“E
acrescentou: O sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por
causa do sábado” (Marcos 2:27).
Um
verso que nos ajudará a entender esta declaração de Jesus é o seguinte:
“Porque
também o homem não foi criado por causa da mulher, e sim a mulher, por causa do
homem”. (1 Coríntios 11:9).
Se
a afirmação de Jesus que “o sábado foi estabelecido por causa do homem e não o
homem por causa do sábado” abole o mandamento, temos de supor que a afirmação
de Paulo de que “o homem não foi criado por causa da mulher, e sim a mulher,
por causa do homem” quer dizer que Deus “aboliu a mulher e sua importância”, o
que seria absurdo.
Um
dos ensinos de Paulo neste verso é que a mulher foi criada para beneficiar o
homem (pois este estava só); o mesmo se dá com o sábado.
Ao
dizer que “o Sábado foi estabelecido por causa do homem e não o homem por causa
do Sábado”, Jesus está afirmando que o dia de guarda foi santificado para
“beneficiar” o homem, e não o homem beneficiar o Sábado. O Sábado foi
estabelecido para que o homem pudesse descansar de suas obras diárias e dedicar
este tempo somente ao criador, para refletir em seu amor e no seu poder criativo.
Os judeus achavam o contrário.
Raciocinemos:
Se o sábado foi feito para o benefício do homem, quando que o ser humano se
beneficiará dele? Guardando-o! Não podemos nos beneficiar com suas bênçãos sem
observá-lo.
Vejamos
um estudo extraído do livro “Sutilezas do Erro” acera deste assunto:
“Vejamos
o que o Mestre quis dizer com estas palavras. Há aí duas proposições: uma do
sábado servir ao homem; outra, do homem sujeitar-se ao sábado. Consideremos a
primeira. É de clareza meridiana. O sábado foi instituído e oferecido ao homem
como algo muito precioso, como um bem, um favor divino. Figueiredo traduz: “O
sábado foi feito em contemplação do homem”. O sentido evidente é que o sábado
foi instituído para o bem estar físico, moral e espiritual das criaturas
humanas. O sábado é assim uma instituição a favor do homem, em seu benefício,
uma bênção grandiosa. Só uma perversa distorção do texto poderia levar à
conclusão de que o sábado deva ser considerado contrário ao homem...
“A
segunda proposição contida no texto diz: e não o homem por causa do sábado”.
Simples demais para ser entendida. Deus não criou o homem porque Ele tivesse um
sábado necessitando ser guardado por alguém. Ao contrário, criara primeiro
homem, e depois o sábado para atender-lhe às necessidades de repouso e
recreação espiritual. Assim o sábado lhe seria uma bênção e não uma carga. O
farisaísmo dos dias de Cristo obscurecera o verdadeiro caráter do sábado. Os
rabinos o acumularam de exigências esdrúxulas que o tornaram um fardo quase insuportável.
A atitude de Cristo para com o sábado foi a de escoima-lo desses acréscimos,
devolvendo-o à prístina pureza. A atitude de Cristo para com Seu santo dia foi
de reverência e não de desprezo.
“E
de passagem cabe aqui uma observação: o sábado foi feito por causa do homem, e
isto não pode ser verdade em relação ao domingo, porque no primeiro dia da
semana o homem ainda não fora criado!
“...sendo
o sábado um mandamento da lei de Deus, se Cristo o transgredisse de qualquer
maneira Se tornaria um pecador, e nessa condição não poderia ser nosso
Salvador!
“...Jesus
declarou-Se Senhor do sábado! Solene e importantíssima declaração! Frise-se bem
que Ele é o Senhor do sábado e não do domingo, embora a cristandade... averbe
este dia este dia como o “dia do Senhor”. Cristo, porém, reafirmou Sua
soberania sobre o sábado. É o autor do sétimo dia, consagrado ao repouso e,
nessa qualidade, sabe o que é lícito ou não fazer nele. Os fariseus que
censuraram os discípulos por apanharem espigas, foram além dos reclamos
divinos, “além do que está escrito”. Punham restrições descabidas à guarda do
sábado. E Jesus, para mostrar-lhes Sua autoridade, apresenta-Se como Autor do
sábado. Nada há de derrogatório na declaração do Mestre. Ao contrário, reafirma
o valor e a vigência do sábado, escoimado, no entanto, das exigências
talmúdicas
“Broadus,
renomado comentarista Batista, tratando desse texto, assim conclui:
“Mas
o sábado permanece ainda, pois que existia antes de Israel, e era desde a
criação um dia designado por Deus para ser santificado” (Gên. 2:3)...” (John A.
Broadus, Comentário de Mateus, Vol. 1, pág. 345).
“Cristo
jamais combateu o sábado, mas apenas a maneira de guarda-lo, a estreiteza dos
fariseus.
“Diz
Strong, grande teólogo batista:
‘Nem
nosso Senhor ou os apóstolos ab-rogaram o sábado do decálogo. A nova
dispensação abole as prescrições mosaicas quanto à forma de guardar o sábado,
mas ao mesmo tempo declara sua observância de origem divina e como sendo uma
necessidade da natureza humana... Cristo não cravou na cruz qualquer mandamento
do decálogo... Jesus não Se defende da acusação de quebrar o sábado, declarando
que este fora abolido, mas estabelece o verdadeiro caráter do sábado em atender
uma necessidade humana fundamental’ (A.H. Strong, Systhematic Theology, p.
409).
“Ryle,
erudito comentarista evangélico, tratando do texto diz:
‘Não
devemos deixar-nos arrastar pela opinião comum de que o sábado é mera
instituição judaica, que foi abolido ou anulado por Cristo. Não há uma só
passagem das Escrituras que isso prove. Todos os casos em que nosso Senhor Ser
refere ao sábado, fala contra as opiniões errôneas que os fariseus propagaram a
respeito de sua observância. Cristo depurou do quarto mandamento da
superfluidade profana dos judeus... O Salvador que despojou o sábado das
tradições judaicas e que tantas vezes esclareceu o seu sentido, não pode ser
inimigo do 4o mandamento. Pelo contrário, Ele o engrandeceu e o exaltou’ (J. C.
Ryle, Comentário Expositivo do Evangelho Segundo Lucas, pág. 79)[8].
5º Mateus 12:8.
“Porque
o Filho do Homem é senhor do sábado”. (Mateus 12:8).
Neste
verso Jesus diz que é o “Senhor do Sábado”, referindo-se ao fato de que ele é o
dono. Ele faz o que quiser, ou seja, ele diz como se deve guardá-lo ou
não.
Como
visto anteriormente, Jesus guardou o sábado e em sua vida testemunhou acerca da
maneira correta de faze-lo, como um memorial do Criador e da criação e sem o
fanatismo ensinado pelos fariseus.
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