quinta-feira, 18 de março de 2021

A CONDIÇÃO DO HOMEM APÓS O PECADO

 A condição pecaminosa é universal: Segundo as Escrituras todo ser humano herdou a condição pecaminosa de Adão após a queda e ― Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus, (Romanos 3:23). Essa situação de pecado é comprovada incontestavelmente pela morte, por isso que todos pecaram: Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram. (Romanos 5:12). Não há exceção: A declaração enfática de que todos estão debaixo do pecado: Que se conclui? Temos nós qualquer vantagem? Não, de forma nenhuma; pois já temos demonstrado que todos, tanto judeus como gregos, estão debaixo do pecado.  (Romanos 3:9) leva à conclusão óbvia de que não há um só justo: como está escrito: Não há justo, nem um sequer. (Romanos 3:10) e ninguém que faça o bem: não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer. (Romanos 3:11,12).

Há Inimizade natural contra Deus e Sua lei. O ser humano, na explanação do apóstolo é carnal, em oposição à lei que é espiritual: Porque bem sabemos que a lei é espiritual; eu, todavia, sou carnal, vendido à escravidão do pecado. (Romanos 7:14). Essa condição carnal leva-nos à inclinação contra a lei de Deus e para a morte, desagradando a Deus: Porque o pendor da carne dá para a morte, mas o do Espírito, para a vida e paz. Por isso, o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar. Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus. (Romanos 8:6-8)

A inimizade vem desde o nascimento. Assim, a própria natureza humana é corrompida em si mesma desde sua concepção: Eu nasci na iniquidade, e em pecado me concebeu minha mãe. (Salmos 51:5), havendo no indivíduo não convertido um enganoso coração mais do que todas as coisas e perverso: Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá? (Jeremias 17:9). Daí possuindo uma inimizade gratuita contra Deus, o que o torna por natureza filho da ira‖ e morto em ofensas e pecados: entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais. Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, — pela graça sois salvos, e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus; (Efésios 2:3-5).

Não há e nunca houve ser humano que viva e não peque: Quem pode dizer: Purifiquei o meu coração, limpo estou do meu pecado? (Provérbios 20:9) - Todos se extraviaram e juntamente se corromperam; não há quem faça o bem, não há nem um sequer. (Salmos 14:3) - Não entres em juízo com o teu servo, porque à tua vista não há justo nenhum vivente. (Salmos 143:2). A condição pecaminosa impede todo ser humano de entender as coisas espirituais por si mesmo. O entendimento carnal não pode compreender as coisas do Espírito de Deus, pois lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente: Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. (1 Coríntios 2:14).

Suas boas obras não servem para a Salvação: visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado. (Romanos 3:20) e são trapos de imundície: Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniquidades, como um vento, nos arrebatam. (Isaías 64:6). O ser humano não pode escapar dessa situação sozinho.

Finalmente, como poderia alguém fazer o bem, ou se o fizesse, ser um bem legítimo se nele não habita bem algum, e mesmo quando quer realizar o bem não consegue: Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço. Mas, se eu faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, e sim o pecado que habita em mim. (Romanos 7:19,20), pois o mal está comigo: Então, ao querer fazer o bem, encontro a lei de que o mal reside em mim. (Romanos 7:21)? Essa impotência total justifica a declaração de Jesus de que sem mim nada podeis fazer. Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. (João 15:5).

Nos apelos naturais para pecar, resultado do nascimento e condição de pecado, é que o ser humano vivencia a posse da tendência para o pecado, situação anômala e contrária ao plano original de Deus quando criou o homem numa situação em que tudo era bom. Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom. Houve tarde e manhã, o sexto dia. (Gênesis 1:31). A natureza do ser humano, pois, na presente realidade que vivemos, é estruturada (ou poderíamos dizer desestruturada) para pecar. Ela deseja pecar como parte de si mesma. Como alguma coisa essencial à sua satisfação e realização. O pecado é seu ambiente, o único que conhece e entende, de onde por si próprio não pode e nem quer sair.

Seria difícil aceitar as declarações acima como referindo-se a Jesus, considerando as descrições bíblicas e da igreja acerca de sua especial natureza e impecabilidade. Ao buscar a solidariedade de Cristo conosco, impingindo-lhe uma natureza em pecado (tendência e condição de pecado), só encontraremos uma tensão contraditória. Essa solidariedade deve ser procurada na semelhança humana e na vulnerabilidade às mesmas dores que nós, no habitar conosco e superar tensões e provas iguais e superiores às nossas, mesmo sem a tendência pecaminosa; e no entanto, vencer como o segundo Adão, conferindo Sua vitória e poder restaurador a todos os que o seguem. É possível ver nas descrições bíblicas que as provas de Jesus foram superiores não somente às de Adão, mas também superiores mesmo às da humanidade caída:

Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo, e livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida. Pois ele, evidentemente, não socorre anjos, mas socorre a descendência de Abraão. Por isso mesmo, convinha que, em todas as coisas, se tornasse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas referentes a Deus e para fazer propiciação pelos pecados do povo. Pois, naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados. (Hebreus 2:14-18); Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado. (Hebreus 4:15).

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